Causos & Cousas

Chegou o menino “Jornal das Lajes” de Resende Costa

17 de Abril de 2018, por Rosalvo Pinto 0

Num dia feliz de Abril de 2003, de repente, desceu a esperada cegonha na cidade.  Dia de alvoroço, pois outras antigas cegonhas tentaram em vão e não conseguiram baixar sobre a cidade. O menino Jornal já chegou e, já muito “metido”, veio já esbanjando inglês, com as primeiras palavras da primeira página: “Home Page”!

Os resende-costenses André M. de Oliveira, Cássio Jônatas, Pe. Claudir P. Trindade, Denilson M. Daher, Ednanda D. Coelho, Márcia A. Resende, Paulo E. de Andrade, Rômulo E. de Sousa, Sérgio Ricardo, Tatiane S. de Resende e Wanessa de Paula esperavam com ansiedade a chegada da cegonha: são os pioneiros do jornal. E o bebê chegou, “com muito suor”, mas robusto. O Editorial se abre com “O Despertar do Jornal”.

E começou “Soltando o Verbo”, sob a batuta do Denilson: “As dificuldades e as barreiras não foram poucas: construir um jornal para circular em toda a cidade é uma tarefa árdua, que exige de nossa parte uma dose enorme de compromisso com a sociedade resende-costense”.

Os temas da 2ª. folha trazem três textos. O primeiro, o “Jogo Aberto”, traz a figura do Prefeito Municipal, Sr. Gilberto Pinto (2ª. mandato), estreando a entrevista jornalística. Bem colocada, pois trata-se da autoridade maior do município. Entre suas respostas, vale ressaltar, entre outros: “Um jornal é muito importante para Resende Costa, mas é bastante preocupante, porque o jornal não pode ser político.” No “Vivenciando o Passado” o tema, inspirado, acena que a história do jornal é fundamental para a cidade. As escritoras ensinam que “História: conhecer o passado para entender o presente e projetar o futuro”. (Márcia A. Resende & Ednanda D. Coelho). Neste 3º tema, o Padre Claudir P. Trindade, pároco, apresenta o lema: “Vida, dignidade e esperança” (Campanha da Fraternidade 2003). Quem sabe “o menino Jornal das Lajes “seja o prenúncio de uma Resende Costa feliz...                                                                 

A página três mostra os tópicos da “Cultura” (religiosa, por André Eustáquio M. Oliveira), a “Arte e Artesanato” (Cláudio Reis/Manoel Feliciano) e a “Havana” (Educação, na escola Estadual Assis Resende) “Atualização, Paulo Eduardo de Andrade e a “Atualizando-se” (Problemas referentes à administração Municipal).

Na 4ª. página, o “Giro Esportivo”, mostrando os problemas do Estádio dos Eucaliptos (Denilson Daher), as “Piadas do Zezinho” e, finalmente, o “Para Curtir”, eventos programados na cidade.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

 

Publicidades/propagandas

Doze resende-costenses, de início, reconhecendo a necessidade de um instrumento social (que permanece ainda firme em todo o globo...), se dispuseram a colaborar para sustentar a viabilidade da ideia de sua criação. Vejam abaixo os 12 primeiros patrocinadores: Contabilidade SDS Ltda. – Supermercado Resende Costa – Farmácia Nossa Senhora da Penha – Supermercado Bom Preço – Jolu Armarinho -  Loja Estylo – D’ Corações Artesanato – Supermercado Sobrado – Pé & Companhia – Casa da    Terra – Supermercado, Mercadinho e Açougue – Drogaria São Geraldo. 

À primeira edição, incrível, seguiu-se a segunda: de quatro páginas passou-se para oito e as 12 publicidades, passaram para 24. E assim continuou o crescimento do nosso Jornal.

Ao se ler a primeira edição, vê-se que os fundadores do jornal de imediato se dão conta dos pontos fundamentais para levar adiante esta empreitada.

Padre Tiago de Almeida, o saudoso “Padre Tiaguinho”

16 de Fevereiro de 2018, por Rosalvo Pinto 0

A 36 km de nossa Resende Costa, é conhecida no âmbito da Região do Campo das Vertentes pelo nome de São Tiago. Assim como nossa cidade é a Lagartixa, também São Tiago é conhecida por Cidade dos Biscoitos. Cidade simpática, mas que vim a conhecer tardiamente, pois, com meus 11 anos, já estava enclausurado no seminário dos salesianos de São João del-Rei. Se nem era permitido voltar à minha casa em Resende Costa, nem sonhar em conhecer São Tiago.

Mas por que falar do “Padre Tiaguinho”? Porque ele era um santiaguense que se tornou, inesperadamente, meu grande amigo. Ao consultar minha lista de aniversariantes, constatei que no dia 4 de Fevereiro ele estaria completando 89 anos. Mas eu sei que está. Sempre.

O menino Tiago foi batizado pelo vigário José Duque Siqueira (ex-vigário em Resende Costa) no mesmo mês (29/02/1929). Fez o antigo primário de 1936 a 1941. Em 1942 entrou no seminário salesiano em Lorena/SP para fazer o ginásio e o colegial (1946). Em Pindamonhangaba/SP fez o noviciado, onde recebeu a batina. Os estudos filosóficos foram feitos em Lorena/SP (1947/1950). Depois vieram os três anos de Assistência e professorado aos alunos do Colégio de Araxá (1950/1953).  Após os quatro anos dos estudos teológicos no Instituto Pio XI (Lapa/SP, 1953/1956), recebeu as ordens sacerdotais. Dadas suas capacidades intelectuais, de imediato os salesianos o encaminharam para licenciar-se em História Eclesiástica na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1956/1958).

E assim, voltando da Europa, o Padre Tiaguinho iniciou seus trabalhos em São João del-Rei, assumindo a cátedra de História e Sociologia e várias outras atividades religiosas externas.

Entrei no Seminário Salesiano (Aspirantado) em São João del-Rei em 1953, mas conheci o Padre Tiaguinho somente a partir de 1959, quando, ao terminar o noviciado em Barbacena, comecei o meu curso de Filosofia e curso de Letras na recém-nascente Faculdade Dom Bosco em São João del-Rei. Ele professor e eu aluno, tínhamos um pequeno contato, pois não lecionava no meu curso (Letras anglo-germânicas). Lembro-me de que ele, em razão da pobreza de sua família em São Tiago, por um período trouxe para o Colégio São João seu pai, para ajudar nas lides das hortas e pomares, como auxiliar do Irmão Ludovino Lima.

Quando terminei meu curso filosófico e de Letras, aguardava ansioso pelo meu destino: a “Assistência”, para onde iria?”. Veio logo a informação: os seminaristas (aspirantes) do Colégio seriam deslocados de São João para a cidade de Pará de Minas, pois o Colégio Dom Bosco seria aberto à comunidade de São João del-Rei. E, para a minha alegria, foi nomeado diretor do Colégio o Padre Tiaguinho e eu, assistente. Daí surgiu uma amizade que não teve fim. Ah, ia me esquecendo, ele foi meu professor de acordeão...Tempos depois, quantas viagens como motorista do seu “Fusca” para o seu trabalho incansável, os gostosos encontros com as mocinhas e mocinhos de São Tiago... E, para coroar, o casamento com minha noiva Beth...

Sua vida foi dedicada ao sacerdócio, à educação, à juventude, aos pobres, à História e à música. Como educador, dedicou-se à alfabetização dos mais pobres, com o método SDB (“Método Sistema Dom Bosco de Educação de Base para Alfabetização de Adultos”) por ele mesmo criado - um método simples, para ganhar uma rápida eficiência. 

O Padre Tiaguinho nos deixou no dia 14 de maio de 1985, por volta de meio-dia, na Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, vítima de um atropelamento.

Tomo a liberdade de encerrar esta minha homenagem ao Padre Tiaguinho transcrevendo o texto de sua amiga Maria de Lourdes Rezende (Cairu), lido no dia 15 de Maio de 1985, durante o seu velório em São Tiago: “Morreu o Padre Tiaguinho. Morreu o poeta, o escritor, o artista, o seresteiro. Morreu o sacerdote humilde, pobre que deu sua vida à Igreja amando, ajudando, perdoando. Morreu o grande orador sacro! Seus sermões, Padre Tiago, a sua voz eloquente e firme, sua mensagem de sacerdote e de amigo não se calarão aos nossos ouvidos. Você parte e deixa o seu exemplo de dignidade, de pobreza e de fé. Morreu o Padre. Morreu o poeta e cantor, o artista de nossos teatros, o sanfoneiro de nossas festas, o padre – o padre e grande padre...”.

“A esta hora, exactamente, hay un niño en la calle...”

16 de Janeiro de 2018, por Rosalvo Pinto 0

Percorrendo as ruas de Belo Horizonte (que não é mais bela...), a cada canto vejo homens, mulheres e crianças perambulando dia e noite pelas ruas, calçadas, viadutos e por vezes pelas praças e parques. Geralmente descalços e agasalhados com imundos cobertores, ali constituem as suas casas. Informações da Prefeitura indicam que entre os 2.500.000 habitantes, 6.600 estão espalhados pelas ruas da cidade. Só no ano passado a presença de “pessoas em situação de rua” cresceu cerca de 40% em Belo Horizonte. Um horror. E leve-se em conta que estamos na região mais rica do Brasil, a região Sudeste!

Dias atrás, ao ligar a TV, dei de cara com três cantores em ação: o Chico Buarque, o Caetano Veloso e, imaginem, uma cantora considerada das mais importantes da América do Sul, nada mais, nada menos do que a Mercedes Sosa! E, para coroar, eles cantaram o “A esta hora, exactamente, hay un niño en la calle...” (A esta hora, exatamente, há um menino na rua...”).

Sou fã da Mercedes. Ela nasceu na Argentina, em San Miguel (Província de Tucumán), em 1935. Nesta década a Argentina, outrora muito rica, já começava a sua decadência na economia e na política. Na década de 60 já começam a aparecer as “Villa Miseria” (Favelas) e Mercedes, de ascendência ameríndia, assume o caminho da sua peregrinação musical direcionada para os pobres. Essa direção a levou a ganhar o nome de “La Negra”. Além de abraçar a música folclórica, ela praticou um forte ativismo político. Passou a ser a “Cantora da América Latina”. E rodou pelo mundo.

Tive o privilégio de ouvi-la, primeiramente, nos dois anos dos meus estudos teológicos, na cidade de Córdoba (1968/1969). Depois, no Brasil, em São Paulo, 1982. De passagem por São Paulo, aproveitei para ouvi-la. E fui premiado. A apresentação foi no Teatro da PUCSP (onde, no dia fatídico de 22 de setembro de 1977, o famoso Coronel Erasmo Dias, chefe da repressão militar, encurralava e massacrava os 900 alunos presentes...). Como previa, tratei de chegar bem cedo para, se possível, assentar-me na primeira fila e no centro da plateia. Veio Mercedes, nas sua simplicidade e sempre aplaudida. Terminou o show, mas a plateia não parava suas palmas. Eu já previa algo inesperado:  levava uma folha de papel e lápis. Pensei: se ela não cantar a “A esta hora...”, vou imediatamente escrever um pedido. Não deu outra: ela fez uma pausa. Um silêncio absoluto e... “A esta hora, exatamente, hay um niño en la calle...”. Naquela noite custei dormir... Finalmente, muito tempo depois, pude revê-la no Palácio das Artes de BH.

Mercedes (Haydée Mercedes Sosa) veio a falecer em Buenos Aires, em 2009. Deixou uma vasta herança musical, gravada nos belos 51 CDs.

E vamos de volta ao nosso Brasil. Ver nas ruas os niños e os adultos andando o dia inteiro e pedindo qualquer miséria para sobreviver dói-nos o coração.  E agora, com o Brasil se afundando nesse mar de desordem e de incompetência dos governos, da praga da desigualdade social, de roubalheiras de todos os cantos, o que fazer?

Para que o barco não acabe de se afundar, tornam-se necessárias várias mudanças no sistema político em todos os níveis e a promoção de dois sistemas fundamentais, o do educacional e o da saúde, sistemas que jamais funcionaram neste país. Para atingir esses objetivos, é indispensável que os incompetentes e ladrões agarrados por anos nos poderes executivo, legislativo e judiciário sejam substituídos. Só assim, depois de muitos anos, poderemos ter um Brasil sadio.

Volto-me, agora, para minha terra. Sinto-me aliviado: não me lembro, há tempos, de ouvir falar de alguém dormindo na rua. Em décadas passadas encontravam-se pessoas perambulando pelas ruas, sim, mas tinham sempre um cantinho para dormir.

Que a Santa Mercedes, a cantora dos pobres da América Latina, de onde esteja, proteja os nossos niños!   

Parabéns, queridos Tixas!

12 de Dezembro de 2017, por Rosalvo Pinto 0

O 2018 já está batendo à porta do velho 2017. Enquanto o nosso Brasil se debate na lama da incerteza, da vergonha, da podridão em todos os sentidos, a nossa Resende Costa caminha altaneira. O 2017 marcou mais um passo no seu progresso até dando-se ao luxo de criar um novo nome: os resende-costenses passaram a ser também “Tixas”. E não é que ficou bonito? De repente, na calada da noite, várias pessoas espalharam pelas ruas o símbolo de Tixas, representadas por esculturas coloridas  de lagartixas, dando um ar de juventude. Lembremo-nos de que nossos vizinhos nos chamam de lagartixas e a gente não gostava. Mas nós nos orgulhamos de, dia e noite, subirmos e descermos de nossas lajes. Pena que em tempos passados muitos de nossos habitantes “invadiram”, pelas beiradas, as lajes “de Cima”, “de Baixo” e “da Cadeia”. Essa, infelizmente, desapareceu do mapa...

Bem, resende-costenses ou Tixas, a verdade é que a nossa cidade vem crescendo velozmente em diferentes setores. Há quem diga que esse crescimento é atribuído apenas ao desenvolvimento do artesanato. Não é só. Há outros fatores em cena e em jogo. Vejamos alguns deles.

Seria interessante e mesmo necessário voltar à história da cidade, a partir de sua emancipação (1911/1912) e consolidação política. Deixaremos esse assunto para outra oportunidade. Ao que se sabe, foi nas décadas de 40/50/60 que houve alguns problemas na administração municipal (funcionários com oito meses sem receber, demissões, roubos, chegando-se até o uso do famoso “impeachment” de prefeito...).   

Voltamos ao presente. Por esses dias resolvi dar um passeio pela cidade. Voltei impressionado com tanta coisa boa e bonita. Antes de tudo, a cidade vem crescendo vertiginosamente. Por todos os lados há construções de residências e abertura de espaços para comércios. As casas existentes em sua maioria estão conservadas, bem pintadas. Ressaltam-se as igrejas católicas do centro e dos bairros e os 12 templos evangélicos. 

Predomina na cidade o famoso tipo de casario, os três andares, sendo o terceiro com uma cobertura aberta. Não é lá muito bonito, mas... serve para outras utilidades (roupas, festas, trabalhos do artesanato).

Chamaram minha atenção cinco coisas que poucas cidades não têm: a limpeza das ruas, o cuidado com as praças, as casas bem cuidadas, a ausência de pichações e de pessoas dormindo nas ruas. Evidenciam-se as duas praças mais altas, da frente e do fundo da igreja Matriz sempre limpas e ajardinadas.  Nos bairros, as ruas e as pequenas praças também são limpas e bem cuidadas, fruto do respeito e da educação das pessoas.

Os edifícios públicos e outros particulares que compõem a vida da cidade estão todos bem apresentados. Igrejas, Escolas, Hospital, Postos de saúde, APAE, Lar São Camilo, Teatro, Biblioteca, Cadeia, Cemitério e Velório, Expedicionários, o Parque do Campo, Casas de Festa...Enfim, a cidade progride sempre. Voltaremos depois: há muita coisa boa para contar...

O sistema de calçamento também vem sendo cuidado: paralelepípedos e pedras comuns (antigos), “bloquetes” e, ultimamente, o asfalto.

Sugestões de um simples morador para o Sr. Prefeito:

Fechamento de lotes abertos;

  1. A cidade cresce.... está na hora de se implantar um sistema adequado de sinalização para conter a velocidade dos motoristas (sobretudo os jovens) nas ruas principais.
  2. O prédio da Prefeitura merece uma visão mais bonita para a sua frente, depois do que se fez o estacionamento. Grama, árvores adequadas ou plantas ornamentais, muro etc. são muitas maneiras de embelezar.

Lembro-me, em fins da década de 40, de que o povo contava que teve como vigário um tal de Pe. José Duque de Siqueira, de 1892 a 1899. Não se sabe bem o que aconteceu por lá, mas dizia-se que houve uma quizumba entre padre e povo. O padre, que fora destinado para São Tiago, ao montar no cavalo teria dito em alto e bom som: “Por castigo, esta cidade vai dar um passo pra frente e dois para atrás”. E partiu. Mas, de onde você estiver, Sr. Padre, os Tixa lhe perdoam. E venha nos conhecer.

Resende Costa e o “Ó, Senhora Aparecida!”

14 de Novembro de 2017, por Rosalvo Pinto 0

Assim, às 12 horas da manhã, os 13 sinos badalaram e “cantaram” os últimos sons do hino “Ó, Senhora Aparecida”, daquele inesquecível domingo do vinte e dois de outubro passado, em momentos de silêncio e de fé.

Os romeiros já vinham subindo a rampa em direção à Basílica, ou desta saindo, terminada a missa das onze. Seus olhos tinham uma única direção: o monumental carrilhão do conjunto de sinos, vindos da Itália. As linhas arquitetônicas foram traçadas pelo gênio do nosso saudoso Oscar Niemeyer. Nesse momento, um inesperado silêncio. Os romeiros, atentos à beleza do pontiagudo gigante de ferro, se espantaram com o que viram e ouviram: o hino cantado pelos 13 sinos. E, rápido, os ouvintes passaram a cantores, juntamente com os sinos.

Esse hino, composto pela cantora Joanna (letra e música), passou a ser o adotado como um consagrado oficial. O título da canção é “Viva a Mãe de Deus e nossa” e começa pelo estribilho, que se repete entre as cinco estrofes. Curiosamente, o título correto da Nossa Senhora Aparecida seria “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, que é pouco conhecido. Apresento aqui a canção (sem a repetição do estribilho):

 

Estribilho: Viva mãe de Deus e nossa

Sem pecado concebida!

Viva a Virgem Imaculada

A Senhora Aparecida!

 

Aqui estão vossos devotos

Cheios de fé incendiada

De conforto e de esperança

Ó, Senhora Aparecida!

 

Virgem Santa, Virgem bela

Mãe amável, Mãe querida

Amparai-nos, socorrei-nos

Ó, Senhora Aparecida!

 

Protegei a Santa Igreja

Ó Mãe terna e compadecida

Protegei a nossa Pátria

Ó, Senhora Aparecida!

 

Amparai todo o clero

Em sua terrena lida

Para o bem dos pecadores

Ó, Senhora Aparecida!

 

Velai por nossas famílias

Pela infância desvalida

Pelo povo brasileiro

Ó, Senhora Aparecida!

 

Pelo visto, são versos claros, curtos e singelos, revestidos de uma música simples, fácil e melodiosa. Registre-se também que a autora tem outras belas canções religiosas. Há outros inúmeros hinos à Nossa Senhora Aparecida. Cito aqui apenas dois: o hino comemorativo dos 300 anos, de autoria do padre Zezinho (SCJ) e a famosa música “Romaria”, do Renato Teixeira.

O leitor certamente estará sem saber, a esta altura, o que tem a ver Resende Costa com este texto. Vejamos.

Podemos dizer que Resende Costa tem uma antiga amizade com a cidade de Aparecida e, obviamente, com a Santa. Nas décadas de quarenta/cinquenta a cidade já havia recebido pessoas de nossa cidade e por lá ficaram.

Há tempos que os resende-costenses visitam a Santa, quer individualmente ou em grupos. Em Setembro de 2006, dez valentes cavaleiros foram os primeiros a visitar a Basílica. Essa mesma façanha aconteceu no princípio deste ano.

Neste ano, talvez, tenha acontecido o maior afluxo de romarias oriundas da cidade. Neste outubro aconteceu a maior delas, quando se comemoram os 300 anos do “aparecimento” da imagem da Santa nas águas do rio Paraíba.

Só no dia 20 de outubro saíram 5 ônibus. Foi uma festa. Sob o comando do resende-costense Rodrigo de Paula Magalhães, em três ônibus, os 123 romeiros aportaram na cidade sagrada. Viagem organizada, alegre e segura, ida e vinda. Rompendo a noite, o comboio chegou com absoluta segurança, graças ao profissionalismo dos motoristas Jander Coelho, Erme Reis e Adair José dos Passos.

Por outro lado e da mesma maneira, os resende-costenses Luiz Dias e Luana Silva organizaram suas caravanas, com seus dois ônibus e seus 105 romeiros. Ainda em Outubro, os tradicionais organizadores Zezito, Camilo e Totonha do Curralinho dos Paula também trataram de levar seus romeiros.

Vamos a algumas informações. Por decreto, em 1930, o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida “Padroeira do Brasil”. Em 1945, o Cardeal de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (1890/1982), mineiro de Bom Jesus do Amparo (1890/1982), foi quem levou ao Vaticano o projeto da futura Basílica (*). A construção, calculada para 43 mil pessoas, começou em 1955 e terminou em 1980. Nessa data, foi consagrada pelo Papa João Paulo II, quando de sua visita ao Brasil. No ambiente externo, tem capacidade para 2.000 ônibus e 3.000 carros. Enfim, entre os maiores templos dedicados à Nossa Senhora no mundo, a Padroeira do Brasil está entre os demais, conhecida pela sua grandeza e por ser uma das mais visitadas. Encerrando e resultado: os romeiros deste Outubro com certeza voltarão no próximo...

 

(*) Curiosa e saudosamente, o autor deste texto foi paraninfado pelo cardeal em sua colação de grau em Letras Anglo-Germânicas na Faculdade Dom Bosco de São João del-Rei, em 1961.