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Caminhos e estradas rurais

14 de Abril de 2016, por Instituto Rio Santo Antônio

O deslocamento é essencial ao homem. O transporte de pessoas e de produtos acontece desde remotas eras. Primeiro se utilizou a tração humana, depois a animal e, por fim, a mecânica. A invenção do motor de combustão interna (como o motor a gasolina) no século XIX foi uma revolução. Nem sempre o deslocamento foi tão cômodo como nos dias atuais.

Se voltarmos três séculos, imagine os bandeirantes quando se aventuraram em terras no que mais tarde seria Minas Gerais. Romper o relevo montanhoso, como a Serra da Mantiqueira, coberto por florestas densas e recortado por rios caudalosos não era tarefa fácil. Algumas trilhas já abertas pelos índios foram utilizadas, o que orientava de início as entradas para o chamado Sertão. As viagens eram muito demoradas, em lombo de mulas ou burros, esses mais resistentes que os cavalos. Curiosamente, no século XVIII, o nosso Arraial da Lage surgiu no cruzamento de estradas, com a edificação de ranchos para abrigarem tropeiros e viajantes.

Mas não precisamos ir tão longe no tempo para percebermos as dificuldades nos deslocamentos, pergunte aos seus avós. Para se percorrer longas distâncias, se não fosse a pé, seria em lombo de cavalos ou mulas. Os carros de boi faziam parte da paisagem rural e até mesmo das cidades. Traziam lenha para os fogões, pedras para as construções, milho, abóboras, crianças. Vocês já devem ter ouvido casos de carros de boi cheio de biscoitos e utensílios para a festa da Semana Santa.

Os caminhos utilizados não eram tão planos e regulares como vemos hoje. Em alguns locais, as estradas dos carros de boi eram tão profundas que recebiam o nome de cavas. Em nosso município, em todas as direções, vemos marcas desse tempo. Algumas cavas, devido à profundidade e às deficiências na drenagem, se transformaram em voçorocas, como na saída para São Tiago.

Em meados do século passado os carros motorizados foram tomando conta das áreas urbanas e, paulatinamente, da zona rural. Daí a necessidade de se abrir estradas, muitas estradas. Mas, agora com uma dificuldade: os carros necessitavam de estradas sem muitas irregularidades e sem buracos. Para Resende Costa acrescenta-se um ponto: o município é extenso e a maior parte das terras é ondulada (60%) ou montanhosa (20%). Assim, a manutenção das estradas vicinais rurais em boas condições de tráfego sempre foi um problema para a Prefeitura.

Técnicas para manutenção de estradas rurais são conhecidas por vários profissionais da área. Mas, a sua correta execução ainda parece não ser tão recorrente. Os principais problemas na pista de rolamento são decorrentes do excesso de tráfego e, principalmente, da manutenção e das drenagens mal executadas. O trânsito contínuo de veículos pesados faz surgir deformações no leito das estradas. Em Resende Costa, o tráfego de caminhões carregados com minério é um exemplo. E pior, ainda trafegam pela área urbana, outro problema.

A utilização de máquinas de terraplenagem é essencial para a manutenção das vias. Mas, quando mal orientado, o processo pode não produzir o resultado esperado. Por exemplo, a retirada do material já compactado visando o nivelamento da pista ou a alteração da drenagem sem posteriores ajustes. Outra questão é fazer cortes desnecessários nas margens e no leito das estradas. Deve-se ter em mente que grande parte do material que for removido ou adicionado (material de empréstimo como terra e cascalho) e ficar solto, sem compactação, vai ser carreado e provocará o assoreamento dos cursos d’água. Tais fatos acontecem com frequência em vários municípios, inclusive em Resende Costa.

 

A drenagem é o fator mais importante na manutenção de estradas rurais. Ao contrário do que se pode pensar, a pista não deve ser plana, mas inclinada para as laterais, evitando o acúmulo de água. A água da chuva, quando ganha velocidade (enxurrada) arranca material e provoca buracos. A construção e a manutenção das valetas são necessárias. Muitas vezes, no final dessas valetas, recomenda-se a construção de bacias para contenção de águas pluviais, o que aumenta a infiltração e evita a formação de sulcos e voçorocas. Felizmente, a Secretaria de obras vem adotando tal prática.

 

Adriano Valério de Resende

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