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O Estado islâmico – Parte 3

14 de Abril de 2016, por João Magalhães

Dentre os grupos radicais, extremados, de base islâmica, a bola da vez agora está com o autodenominado “Estado Islâmico”. Os recentes novos atentados que o digam.

O grupo se destaca e prima frente aos outros pelo profissionalismo. Escreve Katrin Bennhold do The New York Times: “Os ataques sincronizados (...) em Paris sugerem que os dias de amadorismo jihadista podem estar contados. Vários dos participantes dos ataques na França, que estiveram na Síria e pareciam ser bem treinados, estão entre os cerca de 30 mil combatentes estrangeiros, provenientes de 100 países que se juntaram ao Estado Islâmico em menos de três anos”.

E o escritor e jornalista muçulmano Mustafá Akiol comenta: “Demonstraram mais uma vez [os ataques] a habilidade do autodenominado Estado Islâmico (EI) de conquistar muçulmanos desiludidos. Usando uma mistura de literalismo textual [O Al Corão e a Sunna, seus livros sagrados, ao pé da letra!] e superioridade moral, o grupo extremista consegue persuadir jovens dos dois sexos, do Paquistão à Bélgica, a jurar lealdade e cometer violência em seu nome. É por isso que a ideologia religiosa do EI tem que ser levada a sério. Assim como é errado acusar o pensamento do grupo de representar o grosso do Islã, como costuma fazer a islamofobia, também é errado fingir que o EI não tem nada a ver com o Islã, como muitos muçulmanos costumam dizer. Na verdade, líderes jihadistas são versados em pensamentos e ensinamentos islâmicos, embora usem seu conhecimento com finalidades brutais e perversas”.

 

Pelo modernismo. Da mídia e competência como a utilizam. Através das redes sociais atrai as mentes que têm parentesco com sua ideologia, facilita o recrutamento e visualiza para o mundo o terror que pratica: barbaridades contra o ser humano e contra os legados das civilizações não islâmicas.

“Nada fácil, a tarefa de convencer milhares de jovens ocidentais a lutar pela criação de um estado islâmico radical, que defenda a decapitação de inimigos e a pena de morte para homossexuais. Por meio de um sermão religioso não seria. Então usam as melhores estratégias do mundo ocidental: videogames , filmes de terror, hip hop. Falam com os mais jovens na linguagem do ocidente moderno” diz Javier Lesaca estudioso das formas de comunicação do Estado Islâmico.

 

Pela proposta política. Querem instaurar os califados dos primórdios do Islã. E já conseguiram enclaves no Iraque e na Síria. Tanto que seu líder atual Abu Bakr al-Baghdadi se proclama sucessor do califado otomano sunita (Abu Bakh, sogro de Maomé, é o fundador do Sunismo) e afirma também ser descendente do profeta Maomé, numa tentativa de atrair os Xiitas.

 

Pelo poderio econômico. Alcançado pela venda clandestina de petróleo, pois se apoderaram de poços; contrabando de armas sofisticadas; venda de acervos históricos a colecionadores e atravessadores , pelo tráfico de drogas e possivelmente até de órgãos humanos.

O professor de Psiquiatria da UNICAMP, Luís Fernando Tófoli, no artigo “Guerra Mentecapta” escreveu: “Como há indícios de que os militantes do Estado Islâmico tanto lucram com a droga quanto a utilizam, foi só questão de tempo para que uma substância psicoativa de nome desconhecido virasse a ‘nova droga superperigosa’ de fanáticos islâmicos”. Trata-se de Captagon, sintetizada na década de 60 com o nome científico de fenetilina, mas proibida mundialmente na década de 80. Lógico: proibição gera tráfico, que gera negócio lucrativo.

Continua Tófoli: “O consumo dessas pílulas caiu no gosto dos países islâmicos, principalmente os da Península Arábica, e passou a ser alimentado por um circuito envolvendo o Leste da Europa e o seu trânsito pela Turquia. A relação entre os estimulantes em geral – as anfetaminas em particular - com a guerra tem uma rica e íntima relação”.

É de pasmar, se tiver fundamento o documento divulgado pela Reuters (que não garante, porém, sua autenticidade) contendo a notícia de que o EI sancionou a extração de órgãos humanos em uma fatwa – decisão de estudiosos da lei islâmica - provocando a suspeita de tráfico de órgãos humanos. “A vida e os órgãos do apóstata não têm que ser respeitadas e podem ser tirados com impunidade. Órgãos que terminam com a vida do cativo, se retirados. A retirada desse tipo não é também proibida”, explica a fatwa número 68” (4).

Tudo é possível!

 

 

Fontes: Jornais O Estado de São Paulo e The New York Times.

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