Voltar a todos os posts

A música nas exposições agropecuárias - O fenômeno Amado Batista em Resende Costa

21 de Julho de 2016, por André Eustáquio

As exposições agropecuárias, ou festas do peão, são hoje um dos principais atrativos do circuito de eventos na maioria das cidades da região do Campo das Vertentes entre junho e agosto. O gênero musical sertanejo e a moda country contagiam até mesmo quem nunca andou a cavalo ou jogou um laço. Vale curtir o que as festas oferecem de melhor; a música (sertaneja), sem dúvida, é o principal atrativo.

A expectativa do público é sempre grande em relação aos shows que serão contratados. As exposições de Resende Costa, Coronel Xavier Chaves e Lagoa Dourada despontam como as mais tradicionais do circuito das Vertentes. Diante disso, a exigência por shows de artistas famosos aumenta a cada ano, deixando os organizadores com o cabelo em pé. Na medida do possível, a organização das festas tem tentado agradar ao público, levando aos eventos grandes nomes da música sertaneja. Atualmente, destacam-se na grande mídia – logo, entram na preferência das exposições - os artistas do chamado sertanejo universitário, como Luan Santana, Michel Teló, Fernando e Sorocaba, Marcos e Belutti, entre outros.

A mistura do sertanejo com outros gêneros musicais já foi testada em algumas cidades e, em geral, agradou o público. Em Resende Costa, nomes como Frejá, Capital Inicial, Catedral, Zé Geraldo também agitaram a galera do chapéu. Porém, de alguns anos para cá, a organização do evento na cidade tem optado pela exclusividade do gênero sertanejo.

Devido à diversidade de pessoas – com seus mais ecléticos gostos musicais – que prestigiam as exposições agropecuárias, defendo que há espaço para os diversos gêneros musicais, como antes fora adotado em Resende Costa e outras cidades. Anos atrás, assisti a um show excelente do Zé Ramalho numa exposição agropecuária em Coronel Xavier Chaves e do Zé Geraldo em Resende Costa. A experiência foi ótima.

É evidente que o sertanejo tem seu destaque, afinal é a essência da festa. Mas é preciso maior critério na escolha dos shows, pois, lamentavelmente o apelo da mídia tem superado a qualidade musical. Estamos vendo, na maioria das cidades, artistas que cobram cachês astronômicos, mas a qualidade musical é questionável.

Nem sempre quem está em destaque na mídia (leia-se Programa do Faustão, Luciano Huck etc.) e tem melhor produção de show é a melhor opção. Há grandes nomes da música sertaneja que não saíram da moda (ainda arrastam o público com seus “modões”) e não possuem cachês astronômicos. Quem realmente gosta de música não se convence com grandes produções e palcos hollywoodianos.

Polêmica

Quando foi divulgado que o cantor e compositor brega-romântico Amado Batista seria a atração principal no sábado da Exposição Agropecuária de Resende Costa, a polêmica começou a circular. Muitos diziam que o cantor de “Secretária” e “Meu ex amor” não era a escolha ideal para um evento sertanejo. Já a legião de fãs do artista defendia que o show, ao contrário do que pensavam os pessimistas, iria surpreender muita gente. De fato, surpreendeu. O show de Amado Batista, no dia 16 de julho, orçado em 140 mil reais, frustrou muita gente e, ao mesmo tempo, causou frisson em quem foi ao Parque do Campo para assistir ao ídolo.

O cantor e compositor goiano, Amado Rodrigues Batista, 65 anos, começou a fazer sucesso na década de 1970 e até hoje é um dos artistas que mais vendem discos no Brasil. Seus principais sucessos ainda estão presentes nas rádios e alguns regravados por novos cantores. A gloriosa carreira de Amado Batista é incontestável no cenário musical do país, o que justificou a enorme expectativa pelo seu show em Resende Costa.

Aproximadamente 5.600 pessoas (5.000 pagantes) foram ao Parque do Campo na noite de sábado, superando o público de sexta-feira, 15, de Marcos e Belutti, cerca de 5.000 pessoas (4.200 pagantes). Mas a maioria saiu decepcionada. Grande parte do público reclamou da “falta de presença de palco” do artista e houve até quem dissesse que não era ele quem estava no palco, ou que Amado Batista dublou grande parte do show, o chamado playback. Será?

Não quero e nem posso julgar a qualidade do show de um artista consagrado da música brasileira. Quem foi ao parque do campo com intuito de curtir um show agitado, com palco repleto de espelhos, fogos de artifício e bailarinas (lembram-se de Luan Santana em 2014?), se decepcionou. Amado Batista cantou e tocou violão como sempre fez e ainda faz em todos os lugares aonde vai. Por outro lado, quem foi para ouvir suas músicas e matar a saudade do ídolo, elogiou e não se decepcionou com o show.

Péssimo para a maioria e excelente para uma legião de fãs. Foi esse o legado deixado pelo show de Amado Batista em Resende Costa na Exposição Agropecuária de 2016.

A subjetividade da arte às vezes nos impede de emitir juízo de valor. Em outras palavras, o que é ruim para algumas pessoas, agrada a outras. Por isso, vale sempre aquela velha máxima: “gosto não se discute”.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário