Papo de Esportes

O Fluminense conquista a América – título da Libertadores chega na era do Dinizismo

22 de Novembro de 2023, por Vanuza Resende 0

Tem quem reconhece, tem quem critica, mas todos são obrigados a dizer: “O campeão da América em 2023 é o Fluminense!” O Fluminense Football Club, na tarde histórica do dia 04 de novembro, no Maracanã, venceu o Boca Juniors (ARG) por 2 a 1, com gols de Germán Cano e John Kennedy, e conquistou o inédito e tão desejado título da Conmebol Libertadores 2023.

O primeiro título da história do tradicional clube das Laranjeiros veio em 2023, com um técnico amado por uns e contestado por outros. Se tiver que ficar fora ou dentro da bolha Dinizismo, eu escolho entrar. Para mim, Fernando Diniz pode até não ser o salvador da pátria de chuteiras, apesar de esperar que ele seja. Mas o técnico que levou o Fluminense à histórica conquista da Libertadores é ousado, inteligente e pensa fora da casinha. Coisa difícil de encontrar hoje em dia, no futebole fora dele.

O discurso do “4 de novembro” foi muito mais pé no chão do que quando o Flamengo cantava “Real Madrid, pode esperar, a sua hora vai chegar”. É trabalhar todos os dias pensando no que estava em jogo, na final de um campeonato que estava engasgado na garganta. É motivar sem soberba. E isso é saber trabalhar.

Eu, que não consigo torcer para times estrangeiros quando estão disputando com os brasileiros, acho que a torcida para o Fluminense foi válida. O Brasil também ganha. O resultado colocou o futebol brasileiro com um recorde: é o primeiro país a ganhar o torneio cinco vezes consecutivas. Desde 2019, o Brasil vem levantando a principal taça do futebol sul-americano, sendo duas vezes com o Flamengo (2019 e 2022), duas com o Palmeiras (2020 e 2021) e, agora, com o Tricolor das Laranjeiras. Já tínhamos conseguido o feito, mas os Hermanos também: entre 72 e 75 o Independiente de Avellaneda conquistou os quatro títulos.

Já a Argentina não perdeu só um título. Atos racistas, brigas e decisões ridículas, como a proibição de camisas do tricolor em Buenos Aires, tomadas pelo país vizinho, são verdadeiras derrotas. Ainda que a não permissão pelo uso do uniforme do Flu seja pautadas por questão de segurança, é ridícula.

Depois da América, que, gostando ou não, veste branco, grená e cinza, restam as tentativas para conquistar o mundo. Isso mesmo, tentativas... no plural. Com o título da Conmebol Libertadores, o Fluminense garantiu a vaga em duas edições do Mundial de Clubes. A equipe disputará a competição não só em 2023, mas também em 2025. A equipe brasileira foi a última a assegurar a vaga neste ano.

O Mundial de 2023, que acontecerá entre os 12 e 22 de dezembro na Arábia Saudita, pode ser o último disputado no atual formato. Em 2025, o Mundial de Clubes passará por uma mudança e será disputado nos Estados Unidos. A competição contará com 32 equipes e será disputada a cada quatro anos. E aí, nesse caso, além do Fluminense, Palmeiras e Flamengo, campeões da Libertadores em 2021 e 2022, também estão garantidos na competição.

Até lá, vamos conferir um pouco mais do Dinizismo com a Seleção Canarinho, na esperança de que garotos, assim como Jonh Kennedy, escutem do técnico que farão o gol do título, com a profecia se concretizando, e um Brasil inteiro sentindo o gostinho que a torcida tricolor brindou no dia 04 de novembro.

 

* Um abraço a todos os tricolores, em especial àqueles que não tiveram a oportunidade de comemorar o título em vida, e celebraram com o meu avô Nenego – tricolor fanático – em outro plano.

Rumo a Paris 2024: Brasil se prepara para os Jogos Olímpicos

25 de Outubro de 2023, por Vanuza Resende 0

As Olimpíadas de 2024, sediadas em Paris, estão no horizonte e o Brasil já se movimenta, com excelentes competidores, consagrando nomes e revelando outros. Os olhos do mundo estarão voltados para os atletas que irão representar suas nações, e o Brasil, que enfrenta tantas dificuldades para a valorização dos seus atletas, vai tentar, mais uma vez, dar orgulho a quem ama os esportes olímpicos. 

Uma das estrelas em ascensão e que está prometendo um espetáculo de habilidade e destreza é Rebeca Andrade. A jovem ginasta brasileira tem conquistado os corações dos amantes da ginástica artística e dos brasileiros em geral. Com uma atuação fenomenal no Mundial da Antuérpia, na Bélgica, Rebeca Andrade fez história ao conquistar cinco medalhas em uma única edição desse prestigiado campeonato. A brasileira emocionou todos ao garantir uma medalha de ouro, três de prata e uma de bronze, marcando seu nome na história do esporte nacional.

Além do talento individual de atletas como Rebeca Andrade, o Brasil também celebra a recente classificação de mais de 100 atletas para os Jogos Olímpicos de 2024. A delegação brasileira ganhou um impulso significativo com a classificação do vôlei masculino, que acrescentou 12 novos nomes ao time, depois de muito sufoco para a seleção canarinho. Com isso, no dia 08 de outubro, o país atingiu a marca de 104 atletas com passagem confirmada para os Jogos.

No atletismo já são 11 nomes confirmados, entre eles, Alison dos Santos, o Piu. “Treinou” nos 400m rasos durante a Liga Diamante de Silesia, na Polônia, e conquistou o índice olímpico em 16 de julho de 2023. Cinco dias depois, garantiu a vaga nos 400 m com barreiras. É um dos grandes nomes da modalidade. Na canoagem, Isaquias Queiroz, que trouxe medalha de ouro para casa nas últimas olimpíadas, vai ser o nosso representante.

Ginástica Artística e Rítmica, Hipismo, Natação, Rúgbi, Saltos Ornamentais, Surfe, Tênis de Mesa, Tiro com Arco, Tiro Esportivo, Vôlei e Vela também contam com atletas brasileiros já classificados. 

Assim como em Tóquio-2020, quando o Brasil foi representado por 302 atletas, a expectativa é de que a lista de brasileiros classificados para os Jogos Olímpicos de Paris alcance um número parecido. Uma particularidade importante a ser destacada é a diferença no programa de competições em relação aos Jogos de 2020.

Em Paris-2024, não teremos beisebol e caratê na programação, mas a grande novidade será o breaking – um estilo de dança que surgiu nos EUA e promete uma adição empolgante ao universo olímpico. A cerimônia de abertura está agendada para o dia 26 de julho.

O Time Brasil tem como objetivo principal superar as conquistas nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Na edição anterior, o país conquistou um total de 21 medalhas, sendo sete delas de ouro. Paris 2024 está se aproximando e o Brasil está determinado a fazer uma inesquecível marca no cenário olímpico. Com a certeza de que a torcida está cada vez maior, e já com muitos “ensaios recentes”, seja nas quadras do vôlei ou com as inúmeras conquistas da ginástica!

O tricampeonato brasileiro do Atlético em 2023

27 de Setembro de 2023, por Vanuza Resende 0

Acertada a decisão do Atlético de não bordar mais estrelas em seu uniforme com a conquista do bicampeonato em 2021, afinal dois anos depois o manto estaria mais uma vez desatualizado. E sem o time atual do Galo entrar em campo. Na verdade, o time que conquistou o feito, nem Galo ainda era.

Mas vamos por parte.

No dia 25 de agosto de 2023, a Confederação Brasileira de Futebol – CBF reconheceu o pleito do clube de transformar a conquista “Campeão dos Campeões”, de 1937, como título nacional, análogo à Série A do Campeonato Brasileiro. É claro que o reconhecimento foi motivo de festa por parte da torcida e de críticas dos adversários, que já sofreram para engolir a inauguração do novo estádio. Novo estádio e tricampeonato é demais na mesma semana!

O processo de reconhecimento começou, inclusive, bem próximo do início das obras da Arena MRV. No fim de 2021, logo após a conquista do Brasileirão e da Copa do Brasil, a gestão do presidente Sérgio Coelho passou a pensar seriamente no pedido de reconhecimento do título conquistado há mais de oito décadas.

Quando o Atlético foi Campeão Brasileiro de 1971, a cobertura do jornal O Globo trazia em uma de suas retrancas a manchete: “O Atlético obteve 1º título de Campeão Nacional em 37”, dando indícios de como era vista aquela façanha.

Não vou entrar no mérito de ser contra ou a favor do reconhecimento, porque acho minha opinião irrelevante perto da decisão da CBF; aliás, das decisões. Vale lembrar que o Galo utilizou o argumento de que, em 2010, a entidade máxima do futebol brasileiro reconheceu os títulos do Robertão e Taça Brasil de Bahia, Santos, Cruzeiro, Botafogo, Palmeiras e Fluminense como Campeões Brasileiros, por meio do princípio da isonomia. Se eles acumularam troféus em suas salas, porque não na do Atlético também?!

Agora, já que tenho o prazer e a satisfação de mês após mês escrever minha opinião aqui no JL, lá vai.

No ano em que o Atlético inaugura seu estádio, tem o melhor jogador individual do país em campo (vale lembrar que é minha opinião) e um ótimo plantel, não é o ideal que o título expressivo venha apenas com a conquista de 86 anos atrás. A torcida do Galo, que só passou a ser chamado assim em 1954 – após o tricampeonato Mineiro, merece mais!

A trágica eliminação na Copa do Mundo Feminina 2023, a despedida de Marta e o começo de mudanças necessárias

23 de Agosto de 2023, por Vanuza Resende 0

Havia um bom tempo em que eu não chorava por futebol. Acredito que o trabalho na área vai nos deixando mais acostumados com os resultados bons e ruins, para um lado e para o outro. Na Copa de 2023, eu chorei. Chorei de emoção com os quatro gols da vitória expressiva no primeiro jogo... e chorei igual criança com a eliminação do Brasil. O choro tomou conta com as entrevistas, em especial a da Marta.

O choro veio porque a Copa do Mundo de Futebol Feminino vai além de gols e das vitórias. É uma celebração de empoderamento, de satisfação e de imaginar tudo o que as jogadoras passaram para representar as suas nações em palcos globais. É se deliciar com os trocadilhos e não tirar da cabeça que a capivara é melhor do que o canguru!

Uma das principais narrativas que emergiram da Copa do Mundo Feminina de 2023 foi a participação da torcida. As arquibancadas ecoaram com a voz apaixonada e fervorosa dos fãs, não apenas nas finais emocionantes, mas em cada jogo. A torcida foi o coração pulsante do torneio, demonstrando um apoio às equipes femininas, que muitas das vezes não acontecia.

O Brasil caiu cedo demais. Acompanhando as análises de quem assiste ao futebol feminino muito mais do que eu, não tive dúvidas: a técnica da seleção, a sueca Pia Sundhage, não entrou em campo, mas foi uma das grandes responsáveis pela nossa eliminação. Da convocação, que já disse por aqui, ter sido contestada, até o jeito de agir na beira do gramado. Faltou muito!

E se saímos antes do que queríamos e merecíamos, fica o discurso de Marta – a atleta da qual talvez eu mais tenha orgulho no mundo esportivo – de que é preciso continuar. Continuar a apoiar, torcer, acompanhar e cobrar!

Tivemos progressos, mas é importante lembrar que a jornada para a igualdade de gênero no esporte ainda tem obstáculos a serem superados e que Marta se aposentou da seleção sendo a melhor do mundo por mais vezes na história, entre homens e mulheres, com as chuteiras sem patrocínios, por não aceitar a desigualdade de salários e valores oferecidos às atletas para ostentarem as marcas!

Salários desiguais, menos visibilidade em comparação ao esporte masculino e estereótipos persistentes continuam a desafiar a participação feminina plena e justa. No entanto, a Copa do Mundo Feminina de 2023 deu um passo significativo em direção a uma nova realidade.

A envolvente torcida e a valorização das atletas não apenas enriqueceram o torneio, mas também enviaram uma mensagem poderosa: a era do esporte feminino subestimado e subvalorizado está se dissipando. À medida que a sociedade continua a abraçar e apoiar o talento e a paixão das mulheres no esporte, o choro pode até continuar a vir. Mas será um choro diferente. Para 2027, que sejam lágrimas por mais conquistas, em especial a conquista da primeira estrela!

Na torcida pelo título da Copa do Mundo e pela luta de classes

26 de Julho de 2023, por Vanuza Resende 0

Talvez em outro momento eu começaria o texto escrevendo: em 2023, teremos uma Copa do Mundo sim, a feminina. Como se a maioria dos leitores não tivesse se atentado aos fatos. Mas hoje eu quero só dizer que, apesar dos pesares e da convocação muito contestada da treinadora da seleção brasileira feminina, Pia Sundhage, eu acredito (e estou torcendo MUITO para isso) que comemoremos um título da Copa do Mundo, que todos sabem que vamos disputar. E aí, a minha torcida é pelo título e pelo conhecimento dos brasileiros.

A seleção brasileira feminina de futebol voou mais de 15 mil quilômetros até a Austrália, e na terra dos cangurus vai disputar uma Copa do Mundo. E, quem sabe, mostrar que somos sim um potência futebolística feminina. Eu ainda nos considero uma potência, ainda que quase me convenceram outro dia quando ouvi que “potência que é potência não fica mais de duas décadas na fila”.

O que eu espero dessa Copa? Um show da Ary Borges, uma despedida emocionante da maior do mundo por seis vezes. Uma classificação em primeiro lugar no grupo do Panamá, França, e Jamaica. No entanto, mais do que isso, espero realmente que os comentários sejam: para tal posição seria melhor levar fulana, ou ainda: ela é matadora mesmo. E que a gente desbanque quem tiver que ser desbancado para conseguirmos finalmente o título tão esperado.

Esta é a oitava edição do campeonato, que teve início no ano de 1991, na China. E eu sei que as partidas não vão despertar a mesma comoção ou parada na vida social que se dá quando da Copa do Mundo de futebol masculino, mas ouso dizer que o interesse de ver os jogos com a mulherada em campo está crescendo. E isso não se dá somente pelas gingadas de bola que ainda focam nos dribles e toques, coisa que faz algum tempo que o futebol masculino vem perdendo: é pela torcida também.     

O futebol feminino tem evoluído muito dentro de campo, porém ainda é na marra que consegue os holofotes da grande mídia. E não vale dizer que é porque não tem interesse. Clássicos no Brasileirão Feminino lotaram os estádios, e contra público não há argumento.

Eu espero que as meninas sigam jogando de forma tão bonita, e que Deus – que acredito ser mesmo brasileiro – abençoe as jogadas de Marta, quando ela for acionada, ainda que no segundo tempo, sem se esquecer das cabeçadas da Bia Zaneratto e da Debinha. Que Tamires e Bruninha apareçam sempre e que a gente jogue com coragem, mobilização e consciência de que o foco também é a luta de classes. Bora, Brasil!