Política

Eleições 2014: o Brasil entre as ruas e os números

16 de Julho de 2014, por Bruno R. B. Florentino 0

No dia 05 de julho, oficialmente, deu-se a largada para mais uma corrida eleitoral. Segundo as projeções, até o momento, a reeleição da presidenta Dilma Rousseff irá enfrentar apenas duas oposições com densidade eleitoral: o “tradicional” PSDB, de Aécio Neves, e a “novidade” composta pela dobradinha entre Eduardo Campos, do PSB, e Marina Silva, da Rede Sustentabilidade.

A perspectiva para que Dilma Rousseff consiga se reeleger não é tão confortável como foi a de “Lula”, seu padrinho político e principal cabo eleitoral. Na tentativa de barrar mais um mandato do PT, o horizonte já revela algumas questões que certamente serão exploradas ao limite do marketing político.

A primeira delas, talvez, refere-se ao conturbado período da Copa das Confederações e os milhões de brasileiros que saíram às ruas clamando por mudanças. Para além do barulho, das manifestações, dos intempestivos “rolezinhos” ou dos temidos “black-blocks”, o recado que veio das ruas foi claro: há deficiências estruturais no país – sobretudo na saúde, na educação, nos transportes, na segurança e na infraestrutura – que precisam ser enfrentadas com determinação. A população, de modo geral, deseja menos discurso e mais ação – o que vale para todos os candidatos.

Outra questão que possivelmente será explorada por todos, de modo sistemático e até mesmo leviano, são os números revelados pelos indicadores sociais e econômicos. Não há dúvidas de que o PT será insistentemente acusado de deixar a economia brasileira à beira do precipício. A queda das ações da Petrobras, a estagnação do PIB, a elevação da inflação, a desconfiança do mercado e demais insuficiências econômicas, apontadas para o eleitor através de cifras, implicarão um acirrado jogo de ataque e defesa.

Do ponto de vista social, também há números que estarão no tabuleiro político: a ampliação das políticas sociais, a redução da extrema pobreza, o aumento real do salário mínimo, o Programa “Mais Médicos”, a recente aprovação do Plano Nacional de Educação, os investimentos realizados pelo PAC2, as reformas do ensino universitário e outras ações que, de um lado, serão comemoradas, do outro, contestadas.

Como é possível observar, o debate eleitoral já é um tanto quanto previsível. Dilma reivindicará uma chance para começar de novo, alegando que com mais quatro anos poderá “arrumar a casa”. Aécio, recorrendo ao seu poder de retórica e repertório de metáforas, irá, a todo custo, demonizar o atual governo. Campos e Marina tentarão, com poucas alianças e tempo de televisão, demonstrar que são o que há de melhor da safra da “nova política”, os únicos capazes de romper a polaridade – entre PT e PSDB – que há duas décadas comanda o país.

No entanto, longe de instigar um exame de consciência, ao que parece, todos os candidatos correm o risco de mostrar que são “o mais do mesmo”. O que poderemos ver nestas eleições, novamente, são políticos aprofundando ao extremo da caricatura suas diferenças, onde, ao invés de buscar uma convergência democrática, em prol do desenvolvimento nacional, seguem batendo uns nos outros. Nesta batalha “corpo-a-corpo”, uma boa apresentação dos respectivos planos de governo acaba cedendo espaço à mera disputa partidária.

 

Por ora, no aguardo das propostas de Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos, é certo que o futuro das eleições passará por entre as ruas, os números e outras questões que serão apresentadas nos próximos artigos.