A Revolução Francesa guardada em São João del-Rei


Cidades

Julia Benatti0

fotoJosé Orozimbo de Resende, natural de Resende Costa, trabalhou décadas na Biblioteca Municipal de São João del-Rei, onde cuidou do jornal Le Moniteur Universel com muito zelo

A coleção do jornal francês Le Moniteur Universel é uma das raridades guardadas na biblioteca da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e, por ser uma das mais completas do mundo, atraiu a visita de um ex-presidente francês. O fundador da Biblioteca Municipal de São João del-Rei comprou os periódicos em um sebo e acabou trazendo para a cidade um registro completo sobre a Revolução Francesa.

Le Moniteur Universel foi fundado em 1789 em Paris, França, por Charles Joseph Panckoucke e foi o principal jornal durante a Revolução Francesa, sendo considerado diário oficial do governo francês por 60 anos. Por difundir basicamente ideias iluministas o diário teve uma grande difusão na Europa e na América, onde a maioria dos países estava em processo de independência.

O fundador da Biblioteca Municipal de São João del-Rei achou a coleção em um sebo no Rio de Janeiro e a trouxe para implementar a sua biblioteca, que no momento ainda possuía basicamente livros do seu acervo pessoal. Apesar de ter noção da importância histórica que aqueles diários possuíam, não teve noção da raridade dos mesmos. Segundo José Antônio Oliveira de Resende, professor do curso de letras da UFSJ, a coleção de São João del-Rei é uma das mais completas do mundo, sendo comparada somente às coletâneas da Bélgica e Estados Unidos.

José Antônio é filho de José Orozimbo de Resende, que foi bibliotecário por muitos anos da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida e teve contato direto com a coleção dos jornais franceses e suas histórias. Na época o Le Moniteur Universel era guardado na biblioteca municipal e depois foi transferido para a UFSJ por motivos de segurança e melhor acondicionamento.

 

Segundo o professor, o ex-presidente francês François Mitterrand e a ex-primeira dama Danielle Mitterrand conheceram seu pai enquanto buscavam pela coleção de jornais: “François ficou emocionado quando viu, uma coisa que nem lá na França eles têm. Então a primeira dama da França Danielle pediu para levar pra França e restaurar, encadernar e depois mandar de volta para o Brasil. Claro que não viria. Então não concordaram e a coleção permaneceu aqui.”

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