Alunos universitários dos Estados Unidos estudam português na UFSJ


Educação

José Venâncio de Resende0

Estudantes estrangeiros que participam do programa Flagship. No centro, o professor José Antônio. Foto José Venâncio.JPG

Oito estudantes universitários norte-americanos e uma colombiana, de várias áreas, estão em São João del-Rei desde fevereiro estudando português. Eles participam do programa Flagship, estabelecido pelo governo dos Estados Unidos da América (EUA) para línguas de interesse em questões econômica e de defesa.

O programa Flagship-Português – financiado pelo U.S. National Security Education Program - é gerenciado pela Universidade da Georgia. Existe desde 2011 em parceria com uma universidade brasileira. A partir de 2015, a escolhida foi a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Este já é o segundo ano em que alunos do programa Flagship desembarcam em São João del-Rei. São eles: Amy Gallardo (Biologia), Long Beach (Califórnia); Blake Mathews (Economia), Atlanta (Georgia); Brittney Belt (Jornalismo), Atlanta (Georgia); Callie Hood (Letras), Carollton (Georgia); Cara Sanford (Línguas Românicas), Louisville (Kentuck); Daniel Taylor (Administração), Vidalia (Georgia); Josh Cooley (Administração), Canton (Georgia); Katherine Cheng (Economia e Relações Internacionais), Oakland (Califórnia); Natália Sánchez (Letras), Cali (Colômbia).

Em 2015, a UFSJ recebeu 14 alunos, somando o total de 23 em dois anos. Mas o programa começou alguns anos atrás com uma grande universidade brasileira, antes de se transferir para São João del-Rei.

Este programa visa formar alunos estadunidenses, por meio de uma proposta inovadora de educação linguística que permite capacitá-los, desde os anos iniciais de sua graduação, a atingir uma proficiência avançada em português e criar oportunidades de experiência de estágio internacional no Brasil e em outros países, resume a professora de inglês do curso de Letras, Liliane Assis Sade Resende, atual assessora para assuntos internacionais da UFSJ.

 

Aulas. Estes alunos estudaram três semestres de português, em seus respectivos cursos nos Estados Unidos, para atingir o nível intermediário de proficiência na língua estrangeira. Então, vieram para o Brasil exclusivamente para aperfeiçoar a língua em sentido amplo, ou seja, fazer uma imersão linguística, cultural e profissional.

Uma vez por semana, os alunos têm aulas regulares de gramática do uso da língua portuguesa; técnicas formais de escrita; cultura brasileira e conversação em português, conta José Antônio Oliveira de Resende, professor do programa Flagship e do Departamento de Letras da UFSJ.

Já a imersão cultural consiste em viagens guiadas a capitais e locais turísticos do Brasil. “As viagens são transformadas em discussões nas aulas regulares”, explica José Antônio.

A imersão profissional começa em julho, e se constitui de estágio de meio ano em diferentes locais do País. O resultado dos estágios é apresentado ao professor associado da Universidade da Georgia, Robert Moser, que é o diretor do programa Flagship.

Segundo José Antônio, o conjunto dessas atividades representa a preparação para a prova do OPI (Oral Proficiency Interview) que avalia oralmente os alunos para atingir o nível avançado da língua portuguesa.

 

Sotaque. A uma pergunta deste repórter sobre as principais dificuldades no aprendizado do português, alguns alunos responderam de imediato: “Sotaque!”

Esta é uma das duas principais dificuldades, de acordo com José Antônio. “A maioria não perde os resquícios peculiares da região de origem, embora a gente perceba grandes avanços em pouco tempo”. Outra dificuldade é a distinção objetiva entre pretérito perfeito e imperfeito. “A continuidade de um passado no passado é algo difícil para eles assimilarem e transpor isso para uma forma verbal”.

Mas são barreiras superáveis, garante o professor. “Ao longo do curso, essas dificuldades vão sendo superadas e no final eles estão preparados para a prova”. Além disso, eles assimilam com facilidade expressões típicas do Brasil, nas conversas informais (extra-aulas), acrescenta.

José Antônio conta que tem aprendido muito com este trabalho. “Para mim, tem sido muito boa essa experiência porque eu vou desbravando esse universo da diversidade de uso da língua portuguesa”.

 

Entre os benefícios para a UFSJ, Liliane aponta a visibilidade institucional (é a única no Brasil a sediar este programa); divulgação da língua e da cultura brasileiras; geração de outros projetos (pesquisas, por exemplo, com a Universidade da Georgia); possibilidade de mobilidade e intercâmbio de alunos e professores (a UFSJ já tem um crédito de 23 vagas na Universidade da Georgia com esse programa).      

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