Cavalgada Bolivar de Andrade completou 25 anos


Cidades

André Eustáquio0

Cavalgada Bolivar de Andrade saiu de Passa Tempo no dia 15 de julho, chegando a Resende Costa na tarde do dia 16. Foto Emanuelle Ribeiro.

Em 1990, cavaleiros partiram pela primeira vez de Passa Tempo refazendo trajeto de antigos tropeiros

 

Há 25 anos, aproximadamente 60 cavaleiros e amazonas partiram da cidade de Passa Tempo com destino a Resende Costa para a abertura da Exposição Agropecuária de Resende Costa. Desta turma, seis eram resende-costenses: Aldemir Aarão, Adelmar Aarão, Cláudio Roberto Resende, Suzana Margarete Resende, Jane Resende e Gabriel Monteiro. Nascia, assim, a Cavalgada Bolivar de Andrade, que recebeu esse nome em homenagem ao renomado pecuarista de Passa Tempo e teve como proposta, além de estreitar os laços de amizade entre os dois municípios vizinhos, “lembrar o caminho que os antigos tropeiros faziam entre Passa Tempo e São João del-Rei, passando por Resende Costa”, explicou Aldemir Aarão, que participou de todas as edições da Cavalgada Bolivar de Andrade.

O fascínio de andar a cavalo passando por matas, trilhas, fazendas e vislumbrando paisagens exuberantes vem atraindo muitas pessoas e fazendo aumentar a cada ano o número de participantes da Bolivar de Andrade. De acordo com Mauro Sousa Pinto, presidente do Clube dos Cavaleiros de Resende Costa, neste ano aproximadamente 600 cavaleiros chegaram a Resende Costa, na quinta-feira, 16 de julho, para a abertura da 36ª Exposição Agropecuária. “No povoado do Cajuru foram servidos 800 cafés da manhã, patrocinados pela organização”, informou Mauro. De acordo com ele, não tem como precisar o número exato de participantes, pois, muitos chegam atrasados a Resende Costa.

Aldemir Aarão atribui o número expressivo de participantes à propaganda feita por pessoas que participam pela primeira vez: “Um amigo vai, gosta, fala para outro amigo que é bom e com isso vai contagiando, disseminando...”.

 

Preparação e atrativos

A preparação para a cavalgada começa alguns meses antes, com os participantes se organizando em comitivas, contatando caminhões para o transporte dos animais até Passa Tempo, procurando lugares para o pernoite no povoado do Cajuru e, o mais importante, preparando os animais. Para suportar o trajeto, os cavalos precisam estar bem preparados. Mas nem todas as pessoas cuidam devidamente dos animais: “Tem gente que infelizmente não preserva a integridade física do animal, não sabe que ele sente dor, cansaço e que precisa de cuidados”, diz Aldemir Aarão.

São dois dias de viagem até o destino final. Os cavaleiros partem de Passa Tempo na manhã de quarta-feira, à tarde chegam ao Cajuru e na manhã de quinta-feira inicia-se o segundo dia de viagem rumo a Resende Costa. No trajeto de cerca de 60 quilômetros, a cavalgada se transforma numa verdadeira festa. Amizades se iniciam entre um gole e outro da tradicional cachaça e um bom tira-gosto, transportados no alforje da sela; surgem também bons papos, companheirismo e partilha de uma mesma paixão: andar a cavalo.

O programa não é exclusivo somente para quem já possui o hábito de andar a cavalo, ou que vive o dia-a-dia do meio rural. A cavalgada é formada também por pessoas que apenas curtem a cultura sertaneja e gostam de andar a cavalo. Há inclusive aqueles que vão de carona nas carrocerias dos caminhões e caminhonetes. É a “turma do apoio”, que de uns anos para cá tem feito uma festa à parte, dando suporte aos cavaleiros e animando ainda mais a cavalgada.

 

Organização

As primeiras edições da Cavalgada Bolivar de Andrade contaram com organização diferente. Todos os participantes tinham de fazer inscrição, recebiam crachás e tíquetes de alimentação que valiam para todo o trajeto. Em Passa Tempo acontecia a solenidade da saída da cavalgada, com discursos de autoridades dos dois municípios e execução do Hino Nacional. Durante o trajeto nenhum cavaleiro ousava ultrapassar o ponteiro da cavalgada, o sô David do Ciro. O sô David e seus companheiros conduziam os cavaleiros com experiência e mestria, cortando planícies e estradões.

 A chegada a Resende Costa também era solene. Durante um belo e organizado desfile pelas ruas da cidade, os cavaleiros eram calorosamente recebidos pelas pessoas que se aglomeravam nas calçadas. No Parque do Campo, todos recebiam um certificado de participação e à noite saboreavam uma deliciosa feijoada.

Devido, sobretudo, ao grande número de participantes e ao surgimento de diversas comitivas, tornou-se praticamente impossível organizar a cavalgada tal como ocorria nos anos iniciais. Com isso, lamentavelmente, abriu-se a possibilidade para algumas pessoas que participam unicamente com o intuito de promover bagunças. “Tem essa parte ruim, que são aquelas pessoas que vão somente para bagunçar e fazer vandalismo. Pessoas que maltratam os animais, não têm consciência de que ao passar pelas propriedades não devem depredá-las, colocar fogo no pasto...”, lamenta Aldemir. Para ele, “é preciso voltar à essência da cavalgada”.

 

Atrativo turístico

Quando se pensa em atrativos turísticos em Resende Costa, não tem como ignorar as cavalgadas. O programa atrai não somente os resende-costenses, mas também pessoas de outras cidades que se preparam para vir a Resende Costa nesta época do ano, a fim de participar das cavalgadas. A Bolivar de Andrade é a maior e a mais tradicional delas. Além dela, existem outras que fazem parte da programação das festas rurais e as cavalgadas organizadas pelo Clube dos Cavaleiros em algumas datas do ano.

 

Para aqueles que curtem andar a cavalo, cultivando um bom bate-papo e contemplando a natureza, Resende Costa é o lugar certo e a Bolivar de Andrade é imperdível. Para quem ainda não teve essa ótima experiência, programe-se para participar de uma cavalgada.

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