Cidadãos de Olivença (Espanha) conseguem as primeiras nacionalidades portuguesas


Cultura

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Olivença (Espanha): presença marcante da cultura portuguesa

Olivença - território administrativo espanhol (município, para nós) de cerca de 12 mil habitantes a 11 quilômetros do rio Guadiana, divisa com Portugal – dá mais um passo importante para se integrar aos povos de língua portuguesa. Mais de 150 oliventinos já solicitaram a nacionalidade portuguesa e, neste momento, seus processos estão sendo avaliados. Eles vão somar-se aos 80 cidadãos de Olivença que já conquistaram oficialmente a nacionalidade portuguesa.

Do total de oliventinos com dupla nacionalidade, 37 são mulheres e 43 homens de diversas idades e condições (médicos, pedreiros, advogados, funcionários, reformados, engenheiros, universitários, empresários, representantes políticos e institucionais etc.). Para Joaquín Fuentes Becerra, presidente da Associação Além Guadiana, a vontade de aquisição da dupla nacionalidade nasce da consciência de uma identidade marcada por duas culturas, por dois sentimentos.

Além das 150 solicitações já formalizadas, Joaquín acredita que outras manifestações de interesse na dupla nacionalidade serão apresentadas proximamente. “Muito mais pessoas vão aderir. É esta uma vontade que nasce da gente do povo de uma maneira natural”, disse em entrevista ao jornal português Diário do Sul (09/01/2015).

Segundo Joaquín, para a imensa maioria dos interessados, “o valor afetivo e o enorme significado simbólico são a principal motivação”. Além disso, a dupla nacionalidade pode abrir portas no âmbito educativo e de trabalho, entre outros, em Portugal e nos membros da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP).

Do ponto de vista coletivo, continua Joaquín, “A existência em Olivença de uma comunidade de pessoas com dupla nacionalidade reforça o seu principal elemento identitário: a biculturalidade. E isso possui uma grande projeção, não só no âmbito cultural, mas também na área econômica, nos setores ligados ao lazer, ao turismo, ao comércio, fundamentais para o desenvolvimento de Olivença”.

A Associação Além Guadiana pretende realizar este ano uma nova edição das Lusofonias de Olivença, espaço cultural dedicado ao mundo lusófono, que inclui atividades de animação da rua, teatro, música e leituras contínuas de autores em língua portuguesa.

Bilinguismo e biculturalismo

De acordo com Eduardo Naharro-Macías Machado, professor de português e membro da Além Guadiana, “a nacionalidade portuguesa para os oliventinos deve ser entendida como identidade. É uma mais-valia”. No seu entender, “a verdadeira transversalidade que forma a identidade e o sentimento de Olivença são o bilinguismo e o biculturalismo. Simbolicamente falando, Olivença é uma árvore que se plantou no Guadiana e fez crescer as suas raízes a ambos lados. Essa é a Olivença de hoje, a que nunca esqueceu o seu passado, e aproveitando o presente quer construir o futuro.”

Eduardo lembra que o Estado português faculta a opção de adquirir a nacionalidade lusitana “às pessoas oriundas dos municípios de Olivença e Talega que o solicitarem, e que estejam abrangidas pelo menos por um dos vários requisitos, entre os quais citamos: o parentesco; a ascendência; ou ser natural do seu território histórico”.

“Os oliventinos – prossegue Eduardo – têm duas identidades históricas e culturais, dois sentimentos, embora para alguns seja só um, ser Oliventino, um traço que outros não têm. No entanto, para muitos oliventinos, conscientes do passado histórico da sua terra e do seu carácter bicultural, adquirir a nacionalidade portuguesa pode ter um valor afectivo, manifestando assim a sua identidade dual.”

Além disso, a nacionalidade portuguesa proporciona regalias, complementa Eduardo, como maior facilidade de acesso a determinados serviços públicos e à universidade “e principalmente ser português em Portugal e no mundo”. Também se pode usufruir de acordos e convênios envolvendo os países da CPLP, como Brasil e Angola.

Mais informações sobre Olivença, veja a reportagem:
http://www.jornaldaslajes.com.br/integra/olivenca-espanha-quer-o-portugues-como-segunda-lingua-materna/1509/

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