Discurso de JK, há 53 anos, na inauguração de estátua de Pedro Álvares Cabral em Belmonte

Uma das raras vezes em que Kubitschek veio a Portugal


Cultura

José Venâncio de Resende0

Estátua inaugurada em 1963 por JK

A cidade de Belmonte (Portugal), terra natal de Pedro Álvares Cabral, comemorou os 516 anos do descobrimento – ou “achamento” – do Brasil, com a realização da “Segunda Semana de Brasil”, entre 17 e 26 de abril. O Brasil foi descoberto, ou “achado”, em 22 de abril de 1500, com a primeira missa sendo celebrada por frei Henrique de Coimbra no dia 26 do mesmo mês.

Na solenidade principal, dia 26 de abril, não faltou a deposição de coroas de flores aos pés da estátua de Pedro Álvares Cabral, pelos embaixadores do Brasil, Mário Vilalva, e de Israel, Tzipora Rimon, e pela secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho.

O monumento, em bronze, foi inaugurado, há mais de 50 anos, em 1963, pelo ex-presidente Juscelino Kubstichek – então senador por Goiás, apesar de mineiro. A maquete da estátua, em gesso, fora concebida em 1961 por Álvaro Brée e oferecida ao Município de Belmonte pelo Ministério das Obras Públicas, segundo descrição que se encontra no pedestal.

Na ocasião, JK começou seu discurso, dirigindo-se ao povo de Belmonte como “Meus conterrâneos”, por se considerar um “leal descendente dos portugueses que lavraram as terras de Santa Cruz”. Lembrou que vinha a Portugal pela segunda vez “aliar-se às homenagens ao maior homem português do Brasil”, já que como “um antigo chefe de Estado” participou das "comemorações Henriquinas" (celebração dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique, popularmente conhecido como "O navegador" por ter sido a mais importante figura do início das descobertas).

“No Brasil – prosseguiu em seu discurso – tudo o que os portugueses deixaram são sentimentos eternos. (...) os bandeirantes percorreram a terra como os outros percorreram o mar”. Considerou ser “impossivel  negar a acção cultural dos portugueses no Brasil. Eu sou de uma raiz sertaneja plantada num ponto onde, no século XVIII, chegou a ternura do povo português”.

Ao falar das dificuldades que enfrentou na construção de Brasília, disse: “Para criar Brasília foi preciso possuir elevada dose de tenacidade: a tenacidade dos homens que realizaram a obra herdada dos pioneiros da colonização”. E acrescentou: “se somos portugueses-brasileiros, se aqui estamos, deve-se a um português que nasceu nesta bela terra de Belmonte”.

Monumento

A estátua em bronze tem 300cm x 75cm e se encontra num pedestal de 120cm x 88cm, revestido de granito. Pedro Álvares Cabral é representado pelo escultor, de pé, segurando na mão direita um astrolábio, enquanto com a esquerda ampara uma espada e uma Cruz, simbolizando a chegada a Vera Cruz, no Brasil. “Estética muito aproximada à apresentada pelo escultor no monumento a João Rodrigues Cabrilho (navegador) executada em 1939 para San Diego, na Califórnia” (http://www.culturacentro.pt/museuit.asp?id=84).

Pedro Álvares Cabral, “descobridor” do Brasil em 1500, é filho de D. Fernão Cabral I, primeiro alcaide-mor de Belmonte, e D. Isabel Gouveia. 

 

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