Instituto Rio Santo Antônio realiza mutirão de limpeza da Fonte da Ilha


Notícia

Flávia Cristina0

fotoIRIS realizou mutirão de limpeza na Fonte da Ilha.

Em continuidade ao projeto “ReNascentes”, o Instituto Rio Santo Antônio (IRIS) organizou um mutirão de limpeza na Fonte da Ilha, nascente situada no bairro Jardins, em Resende Costa. A ação ocorreu no dia 22 de março e contou com a presença de quatorze trabalhadores voluntários. A principal atividade do grupo foi o recolhimento do lixo acumulado no local, dezenas de sacos foram retirados ao longo do curso d’agua.

O projeto, fruto de uma bem-vinda parceria entre o IRIS e a Secretaria Municipal de Saúde, teve início logo no primeiro mês deste ano e busca recuperar as seis nascentes situadas no perímetro urbano, além de educar e conscientizar a comunidade a respeito da importância do uso consciente e sustentável da água. Tendo em vista que o tema dos recursos hídricos vem ocupando a mente de estudiosos e populações por todo o país, a missão do projeto se torna ainda mais necessária. Além de primordial para a vida humana, a qualidade da água está diretamente ligada à saúde e aos surtos de dengue e febre chikungunya, tornando o problema responsabilidade coletiva.

No que toca a Fonte da Ilha, especificamente, sabe-se que é a que apresenta maior vazão de água. Apesar disso, os levantamentos feitos pelos agentes do projeto indicaram a presença de manilhas que despejam o esgoto residencial no curso d’água, comprometendo ainda mais a situação já critica. A água da chuva, ao escoar pelas ruas e no entorno, carrega lixo e entulhos para dentro da nascente e em alguns pontos impede a água de correr livremente. A equipe voluntária que fez a limpeza retirou não somente garrafas pet e sacolas plásticas, como também roupas velhas e restos de borracha e peças de automóveis. Em alguns pontos, percebeu-se a formação de uma espuma insalubre por cima da água e um odor insuportável a sinalizar a insalubridade do local.

Uma rápida passagem pelo local pode demonstrar o enorme potencial que a Fonte da Ilha guarda. Ela nasce na divisa entre os bairros Jardins e Bela Vista e percorre um longo caminho por entre a mata, dentro da propriedade dos herdeiros do ex-vereador Antônio Salomão. A alguns metros do nascedouro, a fonte encontra-se com outra mina e segue o curso até desaguar no Córrego do Tijuco, conhecida área de captação de água pela Copasa. A vegetação nativa está relativamente preservada e, não fosse a irresponsabilidade humana, a nascente desfrutaria positivamente da presença das árvores. Ao mesmo tempo, o terreno possui inúmeras trilhas que poderiam ser utilizadas para passeios recreativos ou com finalidades educativas, e prática de atividades esportivas.

Historicamente as nascentes tiveram importância significativa para as comunidades, uma vez que eram pontos de encontro de lavadeiras, meninos buscando por diversão e passantes sedentos que se refrescavam na água limpa oferecida pela natureza. As mudanças culturais, aliadas a um descaso injustificável pela natureza, afastaram as fontes do cotidiano das pessoas. Assim, aliada às ações de recuperação, foram elaborados encartes educativos que foram discutidos em sala de aula, por estudantes do ensino fundamental da Escola Estadual Assis Resende. Diante da reação dos alunos, percebe-se que muitos ignoram a existência dessas nascentes e a situação crítica em que se encontram. A iniciativa visa não só a dar a conhecer melhor o espaço geográfico da cidade, como também a valorização cultural do nosso passado e a elaboração de intervenções sustentáveis para os problemas urbanos.

 

As etapas seguintes da iniciativa preveem o cercamento e a implantação de placas educativas, além do trabalho corpo a corpo a ser realizado pelos agentes de saúde nas residências. É preciso orientar as pessoas e garantir que as ações de recuperação sejam reproduzidas para alterar o quadro desastroso. Os desdobramentos do projeto, portanto, vão muito além de ações pontuais e paliativas, pretende alcançar um objetivo mais nobre e duradouro: uma mudança de hábito e de cultura em relação ao nosso patrimônio natural e cultural.

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