Matriz de Resende é uma igreja primitiva, de origem românica

A paróquia já constava da primeira relação de paróquias de Portugal


Cultura

José Venâncio de Resende, de Lisboa0

Igreja matriz de Resende

A paróquia de Resende, norte de Portugal, comemorou no dia 6 de agosto a festa do seu padroeiro Santíssimo Salvador (data em que os católicos celebram a transfiguração de Cristo no Monte Tabor). A paróquia consta da primeira relação que se conhece de paróquias de Portugal, datada de 1220/26.

A matriz de Resende, sede da paróquia, é uma igreja primitiva, de construção românica, anterior ao século XII. Nas igrejas antigas, o Santíssimo Salvador (aquele que salvava o povo das invasões) era um dos nomes mais usados como padroeiros, ao lado de Santa Maria (mãe) e do Arcanjo São Miguel.

Da igreja primitiva, só existe o portal da entrada principal, de acordo com o padre e escritor Joaquim Correia Duarte que acompanhou este repórter na visita à matriz. O edifício que chegou aos nossos dias é fruto de alterações profundas, nos séculos XVII e XX.

No século XVII, Dom João de Castro, senhor do Paço de Resende, reconstruiu a capela-mor para instalar ali a sepultura da família, padroeira da igreja, conta padre Joaquim é que especialista na história dos Resende. “Os senhores do Paço tinham o direito de apresentar ao bispo o pároco e a obrigação de realizar as obras necessárias na igreja.”

Naquela altura, as sepulturas ainda eram feitas no interior da igreja e em geral o pároco era sepultado no pavimento da capela-mor. No entanto, com as obras na capela-mor, a sepultura da família passou a ocupar o espaço destinado ao sepultamento do pároco – os párocos falecidos passar a ser enterrados junto ao arco-cruzeiro.

Uma lápide na lateral esquerda, datada de 1634, traz no seu topo o brasão dos Castro e tem os dizeres: “Dom João de Castro, padroeiro desta igreja, insolidum senhor deste Concelho de Rezende e dos de Penella, Bem Viver, Sul, Reris e das Honras de Beiros, Gosende, Ribadelas (ou Ribelas) e Montão, mandou fazer esta capela para sepultura de Dom Simão de Castro e D. Margarida de Vasconcelos, seus pais, para eles e seus descendentes. O cruzeiro será sepultura dos abades somente, por estarem excluídos desta capela. Ano de 1634.”

Segundo padre Joaquim, debaixo do pavimento da capela-mor existe uma cripta (neste momento, inacessível) onde se encontram as urnas (ou caixões) dos Castro ali sepultados. No topo do arco-cruzeiro, foi colocado um brasão dos Castro.

Nova estrutura

A estrutura românica da igreja praticamente desapareceu entre 1959 e 1968, explica padre Joaquim. “A remodelação constituiu-se de alteração radical da estrutura, deixando apenas o portal original românico. Nestas obras, desapareceu, por exemplo, o coro (balcão) reservado aos fidalgos (padroeiros).”

Na lateral direita da igreja, existe um painel que representa o mistério da transfiguração de Cristo.

Na parte frontal, a sineira foi substituída por uma torre. O portal principal é praticamente o mesmo remanescente da igreja românica. A área adjacente ao portal, abaixo da rosácea, é formada de pedras da antiga construção românica, recolocadas aleatoriamente na parede.

Castro x Resende

A vinculação dos Castro com os Resende vem do casamento do segundo Vasco Martinz de Resende com D. Maria de Castro. Vasco é filho do primeiro Vasco Martinz de Resende, neto de Martim Afonso, o primeiro a usar o apelido “Resende”, derivado do senhorio da honra, que terá vivido entre 1258 e 1316.

Martin Afonso tinha varonia de Baião, ou seja, ascendência paterna em D. Arnaldo de Baião e ascendência materna em D. Urraca Afonso, neta do famoso D. Egas Moniz de Ribadouro, falecido em 1146. Assim, o senhorio de Resende viera então à posse de Martin Afonso, por herança de seu pai D. Afonso, de seu avô D. Rodrigo e de sua bisavó D. Urraca Afonso, neta de D. Egas Moniz.

Depois de D. Afonso, foram senhores do Paço (ou antigo palácio) e da Honra de Resende, por sucessão e herança: D. Constança Martins de Resende; Vasco Martinz de Resende; Gil Vasques de Resende; Martin Vasques de Resende; e Vasco Martinz de Resende (primeiro). Os túmulos dos quatro últimos podem ser vistos ainda hoje na capela anexa à igreja do mosteiro do Cárquere.  

Egas Moniz foi sucedido por seus descendentes até 1477. Com a morte do segundo Vasco Martinz de Resende, terminou a linhagem, extinguiu-se completamente a geração varonil dos Resende porque o casal não teve filhos. Ao morrer, Vasco deixou testamento, feito no Paço de Resende, e passou a honra para a viúva. Muito mais tarde, D. José I concederia à família o título de Conde de Resende.

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De Resende (Portugal) para Resende Costa (MG) - http://www.jornaldaslajes.com.br/integra/de-resende-portugal-para-resende-costa-mg/809/

Eça de Queirós na família Resende e Resende na obra de Eça - http://www.jornaldaslajes.com.br/integra/eca-de-queiros-na-familia-resende-e-resende-na-obra-de-eca/1459/

 

 

 

  

 

 

        

 

 

 

 

 

   

 

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