O brasileirão retorna ao cotidiano dos fãs de futebol


Esporte

Emanuelle Ribeiro0

A bola está rolando de novo no Campeonato Brasileiro! Para aqueles que curtem futebol é uma verdadeira tortura precisar esperar cinco meses para que as disputas mais eletrizantes do futebol brasileiro comecem novamente. Digo isso por experiência própria. Os campeonatos estaduais não matam minha sede de bola, são desanimadores e isentos de emoção. São cinco meses que parecem cinco anos até o início de um novo brasileirão. E o que a gente faz? “Viajamos” até a Europa, onde a bola continua rolando e/ou nos contentamos com a participação de algumas equipes nacionais na Copa Libertadores, que é outra competição muito aguardada. Mas em 2015 apenas um brasileiro durou até as fases finais: o Internacional vai disputar a semifinal contra o Tigres-MEX.

Desde o dia 9 de maio, os torcedores brasileiros estão ligados no maior campeonato de futebol do país. Com isso, as conversas nas mesas de bares, festas de aniversário, almoços em família voltam-se para o futebol. As previsões a respeito dos times favoritos ao título e a vaga na Libertadores e também quanto aqueles que brigarão na parte de baixo da tabela voltam a ganhar espaço no cotidiano dos torcedores.

A Série B do brasileirão 2015 está recheada também de bons duelos e fortes candidatos à ascensão. Como boa mineira, torço pela volta do América-MG à primeira divisão, mesmo sabendo de suas dificuldades organizacionais. Vejam só quanta tradição: Paysandu, Ceará, Santa Cruz, Náutico, Bahia, Vitória, Botafogo, Paraná, Criciúma. São todos velhos conhecidos nossos e que disputarão rodada a rodada as quatro vagas para a Série A em 2016. O bicho vai pegar!

No módulo principal do brasileirão nos chama a atenção, desde antes do início do campeonato, a participação do estado de Santa Catarina, que está sendo representado por nada menos do que quatro clubes: Chapecoense, Avaí, Figueirense e Joinville. Apesar da surpreendente presença catarinense na Série A, devemos reconhecer que pelo menos dois desses clubes lutarão pela permanência: por enquanto Figueirense e Joinville são candidatos ao rebaixamento. Coritiba, Goiás, Ponte Preta e Sport, sobretudo esses três últimos, apesar de terem começado bem, deixam a desejar quanto ao elenco e à estrutura se comparados aos adversários. E pode incluir peixe grande nessa rede: os três cariocas – Flamengo, Fluminense e Vasco – precisam nos convencer de que têm bola pra ficar. Grêmio, Santos e Atlético-PR são outros que ainda não me entusiasmaram. O Santos é o campeão paulista de 2015 e tem um elenco satisfatório, mas ainda não o vejo como um candidato às primeiras colocações. Falta-lhe alguma coisa.

A concorrência na parte superior da tabela vai ser boa com a volta por cima de um grande time: o Palmeiras. O Verdão está reformulado, tem uma equipe que me agrada, mas é verdade também que ainda não conseguiu se encaixar na competição. Mas acredito que poderá nos surpreender (assim espero, em nome dos alviverdes). Atlético e Cruzeiro continuam sendo minhas apostas para a temporada (amém!). Os mineiros, ao lado de Corinthians e São Paulo brigarão pelo título brasileiro e pela Copa do Brasil: times que já têm uma base sólida desde 2013 e que contam com treinadores mais experientes. Incluo na lista também o Internacional.

Galo e Raposa promoveram um desmanche nos times que conquistaram a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro em 2014. O Atlético ainda sente a falta de Diego Tardelli e o Cruzeiro de Everton Ribeiro e Ricardo Goulart. Por outro lado, o alvinegro tem o atacante Lucas Pratto, argentino aguerrido e com faro de gol – é preciso organizar o meio de campo e torcer pela regularidade de Guilherme, caprichar nos cruzamentos e finalizações. O Galo, eliminado ainda nas oitavas de final da Libertadores, já conquistou um título esse ano (Campeonato Mineiro) e o Levir Culpi disse querer um título brasileiro para o seu currículo. Já o Cruzeiro, jogando para manter o bicampeonato conquistado em 2013 e 2014, tem De Arrascaeta, que ainda está se adaptando, mas tem talento (esperamos que o use logo), e Leandro Damião, que tem tudo para recuperar a fama de artilheiro em 2015 – esperamos mais ‘coração’ nos jogos celestes e, também, que o time pare de recuar quando tem uma vantagem mínima no placar. A decepção recente sofrida na Libertadores com a eliminação vergonhosa em casa para o River Plate pode ser um alerta para mudar de postura e acordar para a temporada. O técnico vitorioso, Marcelo Oliveira, não suportou a pressão dos maus resultados e foi demitido. Agora o novo treinador, Vanderlei Luxemburgo, precisa entender que o Cruzeiro não é o mesmo dos últimos dois anos e encontrar um jogo que seja a cara desse novo time, mais limitado. Vai dar certo!

Fato é que mesmo esperando ansiosamente pelo brasileirão, o campeonato já não é mais aquele espetáculo de uns anos atrás. O resultado disso é a significativa queda do número de torcedores nos estádios e principalmente da audiência dos jogos na TV. Muitos reclamam da falta de emoção do formato de pontos corridos, adotado no Brasil desde 2003. Mas já temos um campeonato nacional, a Copa do Brasil, no formato mata-mata. Talvez a solução seja uma alteração nos campeonatos estaduais ou então o retorno das competições regionais: Sul-Minas, Rio-São Paulo, como acontece no nordeste, que mesmo com os torneios estaduais, mantém a disputa da Copa do Nordeste. É algo que deve ser estudado. Uma novidade é essencial para o resgate da audiência e do interesse geral pelo futebol brasileiro.

É necessário ainda iniciativas para atrair o torcedor ao estádio. Os clubes já estão melhorando isso com a expansão dos programas de sócio-torcedor. São boas ideias, visto que a parcela mensal tem compensado e cada vez mais os torcedores têm aderido. Na verdade, está difícil comprar ingressos atualmente fora do programa, isto porque os clubes querem mesmo incentivar os fãs a se associarem. Mas deve-se pensar também nos torcedores do interior, que não têm condições de ir a todos os jogos e, mesmo com os programas voltados a eles, precisam de melhores iniciativas também. Não se pode deixar ainda que apenas os ingressos para jogos decisivos se esgotem rapidamente: todo jogo é uma festa, é uma emoção diferente e o clube deve chamar o seu torcedor para comemorarem juntos. De qualquer forma, a gente torce, chora, perde a voz e faz promessas absurdas, tudo pelo nosso time.

 

Enfim, boa sorte a todos e que vença o mais regular!

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