O que as urnas quiseram dizer aos eleitores e partidos políticos de Resende Costa?


Política

André Eustáquio0

Em diversos municípios do Brasil, as eleições deste ano ficaram marcadas pelo desânimo dos eleitores e, de modo especial, pelo alto índice de desistência de prefeitos que não quiseram concorrer à reeleição. Em muitos lugares, houve candidatura única, como é o caso de Carrancas, na microrregião do Campo das Vertentes. A crise econômica que vem atingindo os municípios, sobretudo aqueles que dependem quase que exclusivamente do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), assustou muitos prefeitos que optaram por somente cumprir o mandato e voltar para casa.

Em Resende Costa, o prefeito Aurélio Suenes de Resende (PSD) pensou diferente e optou por tentar a reeleição. Enfrentando somente um candidato, o ex-prefeito Adilson Avelino de Resende (PT), Aurélio costurou uma ampla aliança com PMDB e PSDB e saiu vitorioso de uma campanha, que pela primeira vez seguiu as novas regras eleitorais estabelecidas pela Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015.

O jornalista e especialista em hábitos de consumo de mídia e comportamento político-ideológico, Fernando de Resende Chaves (leia entrevista na página 5), foi, ao lado de seu irmão Cícero de Resende Chaves, um dos coordenadores das duas campanhas que elegeram o prefeito Aurélio Suenes. Em conversa com o JL, ele avalia a campanha eleitoral deste ano: “no geral, a nova legislação trouxe alguns avanços, mas também alguns retrocessos. Eu vejo, por exemplo, a proibição de doações empresariais para as campanhas como um grande avanço, pois diminui o peso do poder econômico nas disputas e dificulta práticas como o caixa dois. É mais fácil fiscalizar CPFs do que CNPJs. Também vejo a restrição à poluição sonora e visual como positiva. Por outro lado, tenho ressalvas quanto à diminuição do tempo de campanha, que desestimula o debate político numa sociedade que tradicionalmente nega a política. Além disso, a redução do tempo de campanha no Rádio e na TV, por exemplo, privilegia aqueles políticos que já possuem muita visibilidade e dificulta a construção de novas lideranças”.

Fernando destaca especificamente a campanha eleitoral em Resende Costa: “Eu que tenho trabalhado em outros municípios, percebo que a política de Resende Costa é realmente diferenciada pelo nível de respeito entre adversários, pelo custo modesto das campanhas e por trazer pouca poluição sonora e visual. O resende-costense pode ficar orgulhoso da política que tem”.

 

O recado das urnas

Para Fernando Chaves, a votação expressiva que o prefeito Aurélio Suenes obteve nestas eleições (4.540 votos) revela o anseio de grande parte do eleitorado resende-costense. “O resultado das urnas significou, acima de tudo, a vitória de um governo de muitos e a derrota de um governo de poucos. Porque governo de poucos é aquele que não se abre para alianças e parcerias. Governo de poucos é aquele que é montado apenas com um partido e com um grupo político isolado, como já vivenciamos em outros tempos em nossa cidade. Mas em 2016, o eleitor disse não a esse tipo de gestão”. Fernando chama a atenção para a força das alianças e parcerias: “A reeleição do prefeito Aurélio representou a vitória de um modelo de governo que é coletivo, baseado em alianças e parcerias políticas. Representou a vitória de uma gestão pública que é técnica e significou a derrota de um projeto de governo que é político-partidário, fechado em si mesmo”.

 

O partido da juventude

O PT sempre foi visto em Resende Costa, desde a sua fundação no início da década de 1980, como o partido que mais atrai a simpatia e o voto da maioria dos jovens. Porém, nas duas últimas eleições viu-se na cidade que grande parte do eleitorado já não tem a preferência pela legenda. De acordo com Fernando Chaves, o magnetismo que o PT exerceu na juventude resende-costense teve seu ápice nas décadas de 1980, 1990 e um pouco menos na década de 2000. “Hoje, o quadro é muito diferente. Ao longo de todos esses anos, o PT de Resende Costa demonstrou-se incapaz de renovar os seus quadros políticos. O eleitor jovem percebe isso”.

Na avaliação de Fernando Chaves, o recém-criado, porém, já vitorioso PSD, do prefeito Aurélio, é o partido que “hoje encabeça nitidamente a representação da juventude na política de nossa cidade”. Ele aprofunda a sua análise: “algumas evidências disso: o candidato mais jovem a prefeito nas últimas duas eleições foi o atual prefeito Aurélio e a bancada mais jovem da Câmara Municipal eleita em 2016 é a do PSD. Projetos inovadores da gestão de Aurélio também evidenciam esse vínculo e esse entrosamento com a juventude, como o programa de estágio da prefeitura que beneficia os jovens universitários do nosso município”.

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