Palumbo: aposentadoria depois de 16 anos coletando preços para a cesta básica são-joanense


Economia

José Venâncio de Resende0

O técnico administrativo da UFSJ Paulo Afonso Palumbo

A cesta básica alimentar do trabalhador são-joanense – calculada com base em decreto-lei de 1938 (época do Estado Novo/Presidente Vargas) – aumentou 318,40%, em valores correntes (ou nominais), entre novembro/1998 e março/2015, e 9,37% em valores reais (descontada a inflação do período). Para efeito de comparação, o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), da Fundação Getúlio Vargas, teve acréscimo de 282,58%, em valores correntes, no mesmo período.

Os dados são apenas um exemplo de como a inflação corroeu o poder aquisitivo do trabalhador são-joanense, nestes quase 16 anos em que o técnico administrativo Paulo Afonso Palumbo fez coleta de preços para a cesta básica, elaborada pelo Departamento de Ciências Econômicas da UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei).

Palumbo segue religiosamente o decreto-lei 399/98, que lista 13 produtos necessários à alimentação de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). Desde 1998, todo mês, Palumbo visita cinco estabelecimentos comerciais de bairros diferentes (Tijuco, Centro, Matosinhos, Fábricas e Bonfim) para montar a cesta básica.

Este trabalho já gerou frutos, conta Palumbo. “Já tivemos alunos que levantavam o custo da cesta básica dos seus municípios de origem - Divinópolis, Oliveira e Altinópolis – em projetos financiados pelas próprias prefeituras.” São projetos baratos, com valor em torno de 300 a 400 reais que corresponde à bolsa para o aluno. O problema é que o aluno se forma e o projeto não tem continuidade, lamenta o técnico.

Outro resultado desta experiência foi o projeto da cesta de 45 produtos (além de alimentos, incluía material de higiene e limpeza, material de escritório etc.), criado pelo Departamento há cerca de três anos. Este projeto permitia comparar a cesta são-joanense com a cesta das capitais. “O normal era o custo da nossa cesta ser 35 a 45% menor do que o das capitais”, lembra Palumbo. Infelizmente, o projeto durou pouco porque acabou o financiamento do bolsista, lamenta.

Pela sua experiência na coleta de preços, Palumbo assegura que “não existe estabelecimento que vende a cesta mais barata”. O que existe é um chamariz (placa ou cartaz com um ou dois produtos mais baratos fixado na frente do estabelecimento) ou então as promoções (também de um ou dois produtos). “O consumidor tem que gastar sola de sapato para pesquisar preço, se quer conseguir produto mais barato”, garante. “Às vezes, existe diferença de até mais de 15% no preço do mesmo produto, num estabelecimento ao lado de outro.” Outra dica é nunca comprar produto que não seja de época (“por exemplo, em época de chuva não se compra tomate e batata”).

 

Depois de trabalhar no setor privado (escritório de contabilidade) e na UFSJ (desde 1983), Palumbo vai aposentar-se no segundo semestre deste ano. Nesta nova fase de sua vida, pretende dedicar-se ao cultivo de verduras no seu sítio nas proximidades da cidade e ao trabalho voluntário de repovoação de pássaros na região, além de cuidar das hortas de seus pais e da irmã e de curtir a convivência famíliar.

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