Produção agrícola da microrregião das Vertentes vai a 366 mil toneladas


Economia

José Venâncio de Resende0

A produção agrícola da microrregião das Vertentes, com sede em São João del-Rei, foi de 366,06 mil toneladas em 2013, um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior, de acordo com dados municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que acabam de ser divulgados. Em valores de 2013, a produção agrícola da região atingiu o montante de R$ 185,5 milhões, um aumento real de 2,2% em relação ao ano anterior.*

Em volume, os principais municípios produtores são São João del-Rei (85,5 mil toneladas, um acréscimo de 42,3% frente a 2012), Madre de Deus de Minas (70,35 mil toneladas, aumento de 27,5%), Lagoa Dourada (60,4 mil toneladas, mais 5,1%), Coronel Xavier Chaves (27,15 mil toneladas, porém uma queda de 3,1%) e Nazareno (20,99 mil toneladas, mais 20,8%). Já a produção agrícola de Resende Costa caiu 59,4%, para 4.539 toneladas.

 

Produtos - O milho é o principal produto da região, com 176,17 mil toneladas. São João del-Rei liderou com 48,6 mil toneladas. Foi seguido de Lagoa Dourada, com 31,02 mil toneladas, e de Madre de Deus de Minas, com 30 mil toneladas. Resende Costa produziu 2,99 mil toneladas.

O segundo produto mais importante é a cana-de-açúcar, com 81,25 mil toneladas. São produtores destacados Coronel Xavier Chaves (17 mil toneladas), Carrancas (16 mil toneladas), Lagoa Dourada (12 mil toneladas) e São João del-Rei (11,7 mil toneladas).

Em terceiro lugar, aparece o trigo cuja produção atingiu 27,9 mil toneladas. Madre de Deus de Minas ocupou a primeira posição com 16 mil toneladas, seguido de São João del-Rei (7 mil toneladas), Lagoa Dourada (1,62 mil toneladas) e Nazareno (1,35 mil toneladas).

 

Soja, feijão e café - A produção de soja chegou a 24,5 mil toneladas. Madre de Deus de Minas liderou com 9 mil toneladas, seguido de São João del-Rei, com 5,2 mil toneladas, e de Nazareno com 3,465 mil toneladas.

Outro produto de destaque é o feijão cuja produção somou 16,98 mil toneladas. Mais uma vez, Madre de Deus aparece na dianteira com 6,6 mil toneladas, seguido de São João del-Rei, com 2,81 mil toneladas, e de Prados, com 2,8 mil toneladas.

A produção de café da região foi de 4,54 mil toneladas. O maior produtor é Nazareno, com 2,25 mil toneladas. A seguir, aparecem São Tiago, com 840 toneladas, Ritápolis, com 370 toneladas e Conceição da Barra de Minas, com 332 toneladas. Resende Costa produziu 94 toneladas.

 

Outros destaques - Lagoa Dourada é também grande produtor de tomate (10,8 mil toneladas) e de batata doce (1,6 mil toneladas). Já Coronel Xavier Chaves destaca-se na tangerina (3,6 mil toneladas) e no tomate (1,2 mil toneladas).

Piedade do Rio Grande tem produção expressiva de maçã (1,32 mil toneladas). A tangerina é também produto de destaque em São João del-Rei (1,87 mil toneladas).

 

Falta de chuvas é a maior preocupação dos agricultores, diz SindRural

O cultivo do trigo é um dos destaques da agricultura da microrregião das Vertentes nos últimos anos, principalmente a partir de 2010/11, fruto de pesquisas públicas e de novas tecnologias transferidas pelas empresas de sementes. Existem cerca de seis a dez produtores de maior porte que aderiram à cultura, em sistema de sucessão com o milho, ou seja, o produtor entra com o trigo em Fevereiro/Março e com o milho em Outubro.

“O trigo é uma cultura de boa rentabilidade que tende a expandir-se na região”, diz Marcelo Luiz Silva Oliveira, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São João del-Rei que abrange ainda os municípios de Tiradentes, Ritápolis, Coronel Xavier Chaves, Prados, Resende Costa e Conceição da Barra de Minas. Os grãos colhidos deixam as propriedades em caminhões para serem processados em moinhos, instalados em outras regiões brasileiras.

Uma das características da agricultura regional é justamente a baixa capacidade de processamento dos produtos na própria região, o que leva à exportação de empregos e renda. É o caso da soja, outra cultura que ganha espaço na região, cujo destino é na maior parte das vezes para a exportação. Os produtores nem bem colhem e já tem carreta esperando para o embarque do produto.

O milho, principal cultura da região, é estocado em silos e vendido ao longo do ano para a fabricação de rações (também fora da região), destinadas à alimentação animal (gado, frango, suínos e ovinos). Parte da lavoura também é destinada à silagem (ou seja, a planta é picada verde) para alimentar o gado.

Já a cana-de-açúcar destina-se à alimentação do gado e principalmente à produção de cachaça.

Em relação a Resende Costa, Marcelo Oliveira atribui a baixa produção agrícola à grande expansão da área e produção de eucalipto. 

Para o presidente do SindRural, a falta de água é a maior preocupação dos agricultores. Mais do que não chover na hora certa, simplesmente não está chovendo, resume a situação vivida pelos produtores rurais. “Muita lavoura foi prejudicada. Produtores de 70, 80 anos dizem que nunca viram isso antes. As minas estão acabando. Fazendas que tinham duas ou três minas de água, hoje têm uma mina bem fraquinha.” Ele acredita que os efeitos devem aparecer nas próximas estatísticas do IBGE.

* Para a correção dos valores com base na inflação, o JL contou com a colaboração do técnico Paulo Palumbo, do Departamento de Ciências Econômicas da UFSJ 

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