Quitinetes ampliam presença no mercado de imóveis de S. João del-Rei


Economia

José Venâncio de Resende0

Prédio da família Calcinfer localizado na avenida Leite de Castro em São João del-Rei

O mercado de imóveis para aluguel vem passando por mudanças em São João del-Rei graças ao perfil dos novos inquilinos, principalmente estudantes universitários. Há 17 anos no ramo, o empresário Rogério Cardoso foi um dos primeiros a investir em quitinetes, com tamanhos que variam entre 18 e 36 metros quadrados. “Dez anos atrás, tive de reduzir a construção de apartamentos de três quartos, para começar a construir quitinetes. Os estudantes queriam um quarto com banheiro.”

Rogério, que administra o empreendimento da família no bairro de Matosinhos, tem 80 quitinetes alugadas e projeto pronto para construir mais 48 apartamentos pequenos e médios (quarto, banheiro e pia ou cozinha). Em geral, são prédios de no máximo quatro andares ocupados em geral por estudantes.

O empresário atribui esta procura por quitinetes ao aumento no número de alunos das universidades locais, que tem impacto inclusive no comércio em geral, e à presença temporária da Mendes Junior na região (a empresa trabalha na ampliação da fábrica de cimento da Holcim, em Barroso). Os funcionários da Mendes Junior chegaram a alugar prédio inteiro em São João del-Rei, conta Rogério.

A família Serpa, da loja de material de construção Calcinfer, está construindo, desde 2008, um prédio de dez andares, com 64 quitinetes, duas casas de cobertura e área comercial, na Avenida Leite de Castro. “Estamos fazendo devagar porque construção não é fácil”, diz Cláudio Serpa que toca a obra junto com o irmão Gilson. “Não sabemos ainda o que vamos fazer: se vamos alugar ou vender.” Cláudio admite, no entanto, que há muita procura por parte de estudantes.

O problema é que a parte mais pesada da obra vem agora, como instalação de elevadores, parte hidráulica, piso e energia elétrica. Com a crise da economia, Cláudio acredita que ficou mais difícil continuar a construção. Afinal, os recursos saem das três lojas Calcinfer, em São João del-Rei, Tiradentes e Prados. “A sequência da obra está indefinida, ainda mais com essa crise que derrubou as vendas do comércio em uns 30%.”  

Muitos pais de estudantes que chegam à cidade preferem colocar seus filhos em quitinetes, afirma o corretor Luiz Carlos Faccion Cipriani, da Líder Imobiliária. Essa demanda está levando muitos empresários a investirem neste tipo de imóvel, em geral próximo aos campi das universidades.

Segundo Luiz Carlos, a procura varia entre quitinetes de 16 metros quadrados (quarto e banheiro) e apartamentos de 45 metros quadrados (quarto, cozinha e banheiro). Os preços dos alugueis variam de R$ 450 a R$ 650 por mês. Mas ainda há muita demanda por imóveis maiores (em torno de 70 metros quadrados) por parte de estudantes que querem dividir o aluguel com colegas.

Em relação ao mercado de compra e venda, o corretor Eustáquio Coelho de Resende, da Imobiliária Venância, diz que “o que tiver de quitinete, vende, seja para morar ou para alugar”. Principalmente se o imóvel estiver localizado em regiões como Bairro das Fábricas e Matosinhos. 

Além das quitinetes, aumentou muito o interesse em comprar apartamentos de dois quartos (50 metros quadrados), acrescenta Eustáquio, que é o presidente da Associação São-Joanense de Corretores de Imóveis. Ele revela que um construtor, parceiro da Imobiliária Venância, tem projeto de construir um prédio de quitinetes e apartamentos pequenos (com elevador e garagem) para venda, próximo da rodoviária.

 

Apartamentos maiores. Rogério ainda vê espaço para apartamentos maiores (três quartos, por exemplo, que abrigam igual número de estudantes). “O aluguel fica mais barato porque é dividido entre eles.” Tanto que, recentemente, construiu um prédio no Matosinhos com apartamentos de quatro quartos, que já está ocupado por estudantes.

Também o empresário Aloizio Caldas Lopes acha que há campo para apartamentos de 50 a 70 metros quadrados, pois as famílias ainda preferem colocar seus filhos em apartamentos maiores, entre 60 e 70 metros quadrados, onde eles se reúnem em repúblicas. Mesmo assim o empresário considera que há certa dificuldade porque são prédios de porte pequeno, construídos em áreas restritas, que normalmente não oferecem espaço para garagem.

Aloizio tem apartamentos alugados na faixa de 50 a 70 metros quadrados, mas também de 120 metros quadrados (3 quartos). Todos na Avenida Leite de Castro. Está elaborando um novo projeto para apartamentos, também de 50 a 70 metros quadrados. Nos últimos 12 anos, as obras de Aloizio são tocadas  pelo pedreiro resende-costense Jesus Balbino, o Didi, e seus filhos.

 

Saturação. Aloizio diz que não pretende entrar no mercado de quitinetes, “pelo menos por enquanto”. O empresário acredita que o mercado vai ficar saturado, pois já existem muitos imóveis para aluguel, e mesmo para venda. “Basta olhar a quantidade de placas na própria Avenida Leite de Castro. Eu acho que, na atual conjuntura, esse mercado não vai deslanchar.”

Embora ainda seja grande a demanda por quitinetes, “chega uma hora que vai saturar”, admite Rogério Cardoso. “Acho que será bom porque vai sobreviver apenas quem atende melhor os clientes, quem oferece a melhor manutenção. Minha assistência, por exemplo, vai de 8 às 20 horas.”

Rogério diz que vai continuar apostando também nos apartamentos maiores, para grupos de estudantes. Tanto que já tem um projeto pronto para um prédio de 12 andares, com apartamentos de três quartos. “Mas isto é para o futuro.”

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