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Resende Costa e os cenários das próximas eleições municipais

14 de Abril de 2016, por José Venâncio de Resende

Cenário político eleitoral de Resende Costa ainda está indefinido. Foto André Eustáquio.

Num sábado de Julho de 2012, um grupo de cinco pessoas saboreava uma pizza no La Fontana e conversava sobre vários assuntos, inclusive política, quando o Bacarini (Luiz Esequiel de Resende) perguntou: “Sabe quem vai ganhar a eleição em Resende Costa?” Para nossa surpresa – os outros eram este repórter, André Eustáquio, João Magalhães e uma outra pessoa que preferiu não ser identificada -, Bacarini afirmou que Aurélio Suenes venceria. Ao que reagimos: “Você está louco? Onde você arranjou isso?” Na época, já se falava no nome do atual prefeito, mas a candidatura nem registrada estava. E, além disso, os adversários eram dois “pesos-pesados” - o petista Adilson Resende (que buscava a reeleição) e o tucano Gilberto Pinto.

O atual prefeito, agora no PSD, sonha com o que parece quase impossível: uma coalisão de todas as forças políticas de Resende Costa em torno de um projeto para atravessar a atual crise. “O povo ganharia com isso. O próximo mandato vai ser mais difícil do que o atual por causa da incerteza decorrente desta crise política sem fim. O sensato seria juntar os interesses de todos os partidos em torno de um único projeto.”

Admitindo que esta é uma proposta utópica, Aurélio volta à realidade ao tentar juntar o máximo possível de partidos numa coligação. Acredita que a tendência é repetir a aliança com o PMDB e aguarda a decisão do PSDB; embora reconheça que todos os partidos que tenham algum tipo de liderança possam vir a lançar candidatos.

O fato é que os partidos devem jogar com os prazos definidos em instrução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por este calendário eleitoral, em 2 de Abril (seis meses antes) venceu o prazo para que candidatos a cargos eletivos estejam filiados a partidos. Entre 20 de Julho e 5 de Agosto, serão realizadas convenções partidárias para deliberar sobre coligações e escolha de candidatos (prefeito e vereador).

Nunca foi tão real a frase atribuída ao ex-governador mineiro Hélio Garcia - “candidatura, só depois da Semana Santa; e campanha só depois da Semana da Pátria” -, lembra o ex-secretário da Educação e militante do PT, Adriano Magalhães. Por isso, no partido, prevalecem as conversações à definição de nomes de candidatos. “Claro que temos nomes com história no município, como ex-prefeitos; e o partido tem legado pois já passou por duas administrações”.

Adriano acredita que se deve repetir a tradição de chegar à convenção partidária com um nome consensual. Mas existem algumas condições para essa escolha. “Primeiro, deve-se levar em conta se a pessoa tem interesse, tem vontade (vale para prefeito e vereadores). E, segundo, se consegue compor a maioria”. Dentro dos planos, estará a tentativa de ampliar a média histórica de três vereadores, que representa um terço da Câmara Municipal.

No PSDB, persiste no ar a dúvida sobre o caminho a ser trilhado pelo partido. Órfão de sua maior liderança, Gilberto Pinto, o PSDB local vai continuar a luta, fazendo valer a sua história, promete José Gouvêa Filho, Zinho. “Falta definir se o partido vai com chapa própria ou em coligação. Tradicionalmente as decisões são tomadas antes da convenção”.

Comentam-se nos bastidores que o PMDB poderá abrir mão da vaga de vice para facilitar a coligação com o PSDB. O presidente do partido, Francisco Abel de Assis, o Abel do Nenego, prefere transferir qualquer manifestação nesse sentido para a executiva municipal. Mas ele confirma a intenção do PMDB de não lançar candidato próprio, devendo assim continuar na coligação com o atual prefeito.

No PDT, o presidente da diretoria provisória, Galhardo D´Ângelo de Sousa, diz que o partido vai trabalhar com o calendário eleitoral antes de decidir que rumo a ser seguido. Ele garante que o partido quer ampliar a presença na Câmara (conta apenas com o vereador Marcos Chamel) e já foi procurado por outros partidos para discutir possível coligação. Mas não descarta o lançamento de candidatura própria.

 

Trunfos. Em busca da reeleição, Aurélio aponta, entre suas realizações, a Mostra de Artesanato – já na sua quarta edição – e a solução da questão do lixo. Nos dois primeiros anos, a prefeitura assumiu integralmente a mostra e, a partir do ano passado, garante a logística (estandes, palco, som etc.), enquanto o setor, por meio da ASSETURC (Associação das Empresas do Turismo e do Artesanato de Resende Costa), se responsabiliza pela produção do evento.

Quanto ao lixo, Resende Costa envia o resíduo não-reciclável (rejeito) para um aterro sanitário em Sabará (Centro de Tratamento de Resíduos Macaúbas). Com isso, o município (considerado exemplo no Estado) deixa de agredir o meio ambiente e atende à legislação, beneficiando-se com o resultado do ICMS Ecológico.

O prefeito está ciente das dificuldades e das incertezas geradas pelas crises política e econômica. Por isso, diz que tem procurado agir de forma preventiva, mantendo as contas públicas municipais em equilíbrio.

Apesar dos desafios, Aurélio quer terminar a obra da nova avenida (em andamento), para desafogar o trânsito na entrada da cidade, e transformar a Avenida Alfredo Penido em calçadão (projeto está pronto), com a circulação de veículos e facilidade de estacionamento, de maneira a facilitar a vida do turista – uma “porta de entrada da cidade”.

Aurélio cita, ainda, o projeto em execução de sinalização de rodovias, através do Circuito da Trilha dos Inconfidentes, no qual a prefeitura já investiu cerca de R$ 20 mil. “O nome de Resende Costa vai aparecer em pelo menos 20 placas nas principais rodovias.” Outra medida foi a criação em 2014 do “Encontro de motociclistas das Lajes”, com participantes de todo o Brasil.

O prefeito destaca o papel relevante das parcerias (verbas empenhadas ou já executadas) com deputados durante a sua administração (2013-2016). Entre os parlamentares federais, o deputado Diego Andrade viabilizou R$ 1,894 bilhão (aquisições de caminhões e de lixeiras, recapeamentos de ruas e construção da nova avenida); o deputado Domingos Sávio, R$340 mil (aquisições de VAN e equipamentos para saúde, trator agrícola e implementos); e o deputado Reginaldo Lopes, R$ 200 mil (calçamento de ruas).

No âmbito estadual, o deputado Wander Borges viabilizou R$ 1,033 bilhão (APAE, Associação dos Apicultores, construções da sede da AMAT - Associação dos Moradores e Amigos do Tejuco e de praça no Bela Vista e aquisições de VAN/veículo, ambulância e medicamentos para a Saúde e equipamentos para o hospital, além de retroescavadeira e material esportivo); o deputado Cristiano Silveira, R$ 100 mil (aquisição de equipamentos para o hospital), o deputado Ivair Nogueira, 70 mil (aquisição de veículos para saúde); e o deputado Rômulo Viegas, 30 mil (aquisição de veículo para assistência social).

Uma das aspirações de Aurélio é reduzir o deficit de infraestrutura (calçamento de ruas, iluminação, rede de água e esgoto etc.), a partir da regulamentação em vigor de novos loteamentos. Também gostaria de concluir a rede de esgoto, “princípio básico de uma civilização”, que tem apenas 35% prontos, mesmo assim ainda não ligados à estação de tratamento de esgoto (ETE). Considera a rede de esgoto um desafio à próxima administração, com custos estimados pela Copasa em cerca de R$ 7 milhões.

Por fim, defende que se invista mais no desenvolvimento local (artesanato, revitalização das lajes e de praças etc.), no bem-estar da população (pista de caminhada até o trevo do Bairro dos Palmares, cujo levantamento topográfico está pronto) e na promoção da cidade (por exemplo, projeto de “portal de entrada” no trevo).

Em seu projeto de poder, é inevitável que o PT inclua em seu programa de governo o saneamento básico, em especial a conclusão da rede urbana de esgoto (centro, Avenida Alfredo Penido, bairros novos etc.). “Esse deve ser um compromisso de campanha do partido”, assegura Adriano. Adriano explica que as propostas vão ser definidas ao longo dos debates e da escolha das candidaturas (prefeito e vereadores).

Adriano enaltece as parcerias da administração anterior com governos federal e estadual, por intermediação de deputados, principalmente Reginaldo Lopes. Assim, foram firmados convênios que resultaram em programas como Creche-Escola; Minha Casa, Minha Vida e PAC 2 (renovação da frota de veículos para o transporte escolar, caminhões e máquinas). Parte dos recursos direcionados à educação (via MEC) foi destinada à construção de quadra coberta e aquisição de móveis escolares, entre outros.

Essa linha de trabalho deve ter continuidade numa eventual administração petista, de acordo com Adriano Magalhães. Recursos de transferências voluntárias, por meio de parcerias com deputados e governos, são importantes porque se destinam basicamente a investimentos (calçamento de ruas, construção de pontes, aquisição de veículos, postos de saúde etc.).

 

Cenários. Três cenários, possíveis na próxima eleição, são analisados com a colaboração do ex-vereador Bacarini. No primeiro cenário, com quatro candidatos, as chances se igualam, mesmo com um PT enfraquecido no âmbito nacional. “Na pior das hipóteses, tira o favoritismo de um dos candidatos.”

Numa eleição com três candidatos, o quadro continuaria embolado, sem favoritismo, avalia Bacarini que não vê muita diferença entre os dois cenários “porque a quarta candidatura pegaria votos flutuantes”.

No cenário com dois candidatos, Bacarini vê o atual prefeito como favorito numa disputa com o PT. “O Aurélio é um candidato forte, tem certo favoritismo porque detém o poder, está bem na administração e é um bom articulador.”

Considera que a rivalidade entre PT e PSDB é reduzida pela presença de uma terceira força, o PSD do prefeito. Daí porque acha uma coligação entre PSD, PSDB, PMDB e talvez PDT tornaria Aurélio imbatível.

 

Mas, quase quatro anos depois da pizza no La Fontana, Bacarini faz uma aposta mais arrojada: Aurélio pode sair candidato único na próxima eleição. A conferir.

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