Ruínas de fazendas históricas de Resende Costa ligadas à Inconfidência Mineira serão tombadas


Notícia

Emanuelle Ribeiro1

Tela pintada pelo pradense Jair Neri retrata a fazenda Campos Gerais, antiga propriedade de José de Resende Costa, o pai.

Chegou, finalmente, o momento de duas fazendas históricas, - ou, pelo menos o que restaram delas, - de Resende Costa terem sua importância devidamente reconhecida. São a fazenda Campos Gerais, que pertenceu ao inconfidente José de Rezende Costa, o pai, e a Fazenda da Laje, que pertenceu por algum tempo ao também inconfidente, Francisco Antônio de Oliveira Lopes. Ambas as propriedades apresentam edificações ainda preservadas e que apresentam ainda um conjunto relevante de condições a serem avaliadas. Por isso, o Ministério Público de Minas Gerais recomendou à Prefeitura Municipal de Resende Costa o tombamento das ruínas remanescentes das fazendas: “As ruínas das duas fazendas constituem sítios  arqueológicos de grande significado para a preservação da memória da Inconfidência, pois são testemunhas materiais de propriedades que pertenceram aos inconfidentes acima mencionados. Com o tombamento desses bens, Resende Costa demonstrará o seu compromisso com a preservação de uma das mais importantes páginas da história de Minas Gerais e do Brasil, abrindo perspectivas turísticas que precisam ser exploradas criteriosamente, em harmonia com a conservação, para gerar renda em benefício dos moradores da cidade”, defende o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais.

Estudo técnico sobre as ruínas das fazendas foi realizado pelo coordenador do Laboratório de Arqueologia da Fafich/UFMG, Carlos Magno Guimarães, e sua equipe. Os laudos trazem informações históricas importantes e ressalta a relevância das propriedades para a Inconfidência Mineira, movimento rebelde que marcou a história do Brasil e se destacou pelos ideais libertários e progressistas. A Fazenda da Laje pertenceu ao Coronel do Regimento da Cavalaria Auxiliar da Vila de São José Del Rei Francisco Antônio de Oliveira Lopes e à sua esposa Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, ambos envolvidos na Inconfidência. Hipólita era rica e politizada e, ainda que, na condição de mulher, participou ativamente do movimento, fato raro, numa sociedade patriarcal que excluía qualquer possibilidade de participação feminina em assuntos civis. Ocoronel foi preso em Vila Rica em 1789 e pouco tempo depois levado para o Rio de Janeiro, onde ficou preso de 1789 até abril de 1992, quando foi para seu degredo na África, onde morreu. Já o capitão-de-auxiliares José de Rezende Costa nasceu no arraial de Prados, em 1730, e foi casado com Ana Alves Preto, com quem teve dois filhos: um deles com o mesmo nome do pai, José de Rezende Costa, e que também esteve envolvido na Inconfidência. Quando foi preso, o pai residia na Fazenda dos Campos Gerais, onde acredita-se que ainda existam vestígios que podem ser recuperados.

Os laudos assinados pelo professor e arqueólogo Carlos Magno Guimarães, da UFMG, recomendam ao município algumas medidas no intuito de proteger os sítios arqueológicos:

  • Que seja realizado o tombamento do sítio para garantir que o patrimônio arqueológico nele existente seja preservado;
  • Que seja viabilizada prospecção e pesquisa arqueológica para o conhecimento do patrimônio em questão;
  • Que o uso da área que contém o sítio arqueológico seja compatível com a preservação dos vestígios;
  • Que a área seja mantida limpa para evitar que o crescimento de vegetação possa colocar em risco a integridade dos vestígios arqueológicos. É recomendado o uso de grama como cobertura vegetal onde o mesmo se tornar viável;
  • Que sejam impedidas edificações no local que possam impactar os vestígios arqueológicos;
  • O município deverá cuidar da proteção e divulgação do sítio arqueológico enquanto patrimônio coletivo;
  • A colocação de placas identificadoras é recomendada desde que não interfira na paisagem do conjunto arqueológico;
  • Que seja viabilizado um roteiro cultural-turístico articulando outros sítios regionais ligados à Inconfidência Mineira.

“Os sítios arqueológicos Fazenda Campos Gerais e Fazenda da Laje apresentam hoje um conjunto importante de vestígios arqueológicos tanto pelo contexto histórico de sua constituição como por sua articulação ao movimento da Inconfidência Mineira”, cita o documento. “A cidade de Resende Costa ocupa papel de grande relevo no cenário da Inconfidência Mineira. Ambas as fazendas são citadas por diversas vezes nos Autos de Devassa, processo a que foram submetidos os conjurados”, destaca o promotor Marcos Paulo.

André Eustáquio, presidente do Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de Resende Costa, informou que o conselho se reuniu na manhã do dia 5 de maio e deliberou pelo tombamento provisório dos imóveis. Agora, segundo ele, seguem os trâmites legais para se decretar o tombamento definitivo dos dois imóveis.

Um dado importante destacado pelo promotor Marcos Paulo é a possibilidade de se criar um roteiro turístico interligando outras propriedades da região do Campo das Vertentes, que possuem relação com o movimento da Inconfidência. “O Circuito dos Inconfidentes certamente ficará fortalecido, sendo de se lembrar que as vizinhas cidades de Prados e Ritápolis também  estão adotando providências para a preservação de ruínas ligadas à Inconfidência que foram recentemente pesquisadas pelo Laboratório de Arqueologia da UFMG. Um itinerário turístico-cultural  do movimento inconfidente, interligando esses sítios, poderá ser pensado e implantado com grande chance de êxito, pois os atrativos são de grande potencial, se bem trabalhados e geridos”, conclui Marcos Paulo.

 

Sabe-se que um número significante de fazendas que pertenceram aos inconfidentes se encontra em péssimo estado de conservação e outras nem estão protegidas pelos órgãos do patrimônio. A recomendação do Ministério Público aos municípios, que se realizem medidas de proteção, como o tombamento, representa mais um passo importante a ser dado por Resende Costa rumo à preservação de sua história.

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    Me chamo Michelle Gonçalves de Morais, sou da origem de Alferes Antônio Ribeiro da Silva &Ana Antônia de Almeida Luiz Ribeiro da Silva/Francisco da Silva José Luis Gomes Romualdo gomes de moraes Francisco Romualdo de moraes Candida umbelina de moraes Luiz gonzaga gomes pereira Ana luiza de moraes


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