As eleições municipais deste ano parecem distantes. Mas a movimentação entre partidos e candidatos a prefeito (e vereadores) já começou em São João del-Rei. Nada definitivo! É como uma nuvem que a cada instante está de um jeito, já dizia o velho político mineiro Magalhães Pinto.
Pelo panorama de hoje, o ex-reitor da UFSJ, Helvécio Reis, é candidatíssimo à reeleição pelo PT. Nivaldo Andrade e Jorge Hannas devem reeditar a dobradinha que já governou a cidade, desta vez pelo PDT. O professor do IPTAN Rômulo Viegas, numa ampla coligação liderada pelo PSDB, tentará emplacar a sua experiência administrativa e parlamentar. Outros nomes, como o de Adenor Simões (PSB), também postulam o cargo mas alguns estão propensos a participar de coligações.
Duas teorias estão na praça: a primeira é de que as candidaturas de Nivaldo Andrade e de Rômulo Viegas vão dividir votos e beneficiar o candidato do PT; a segunda é de que os dois principais candidatos de oposição vão “roubar” votos de Helvécio Reis.
A novidade é que o PMDB (protagonista nos governos federal e estadual do PT) acabou em São João del-Rei, com a migração do grupo de Jorge Hannas e Nivaldo Andrade para o PDT. Até mesmo o peemedebista histórico Roque Silva Filho abandonou o partido. Em Minas, o PDT é oposição e em Brasília está rachado, com parte inclusive defendendo o impedimento de Dilma Rousseff. Espera-se que, em Abril, os vereadores peemedebistas Stefânio, Gilberto e Rodrigues apaguem a luz e ingressem no PDT ou em alguma legenda aliada como o PSL.
O presidente do PT, Leonardo Silveira, está convicto da reeleição do professor Helvécio Reis. Confia no impacto da inclusão social e do acesso às políticas públicas e aos bens de consumo. Além disso, aposta nas “políticas estruturantes” nas áreas de saneamento, educação, segurança e saúde. Instado a dar exemplos, cita a licitação de três creches; processo (“em fase final”) do esgotamento e tratamento de esgoto da cidade; expansão da rede de iluminação pública; abertura de inscrição para o concurso da Guarda Municipal; aumento de médicos e de exames e consultas especializadas; e plano de cargos e salários.
Rômulo Viegas espera liderar uma ampla coligação com PSB, PTB, Solidariedade, PPS e PRTB, entre outras legendas. Pretende apresentar um projeto de “cidadania social” para São João del-Rei, com base na sua experiência de ex-prefeito, ex-deputado, ex-secretário de Governo, professor de engenharia e também no trabalho de uma equipe de especialistas. “Não quero simplesmente ser prefeito, não preciso disso no meu currículo. Quero ver a minha cidade evoluir.”
O PSB trabalha com a perspectiva de candidatura própria (Adenor Simões), mas não descarta a aliança histórica com os tucanos, segundo o vereador e presidente do partido Fábio da Silva. “Sempre estivemos próximos, como em Belo Horizonte, São Paulo e Pernambuco. Aqui em São João del-Rei, já houve apoio mútuo – o PSB apoiou o Sidinho (Sidney Antônio de Sousa) em 2004 e Adenor Simões recebeu o apoio do PSDB em 2008.”
Para Fábio, “o grande desafio será saber quem capta mais votos decorrentes do desgaste de quem está no poder”, no caso Helvécio Reis. Daí o vereador acreditar que o lançamento de dois candidatos fortes não prejudique a oposição na disputa pelos votos.
Já o professor Aluizio Barros acredita que as candidaturas de Rômulo e Nivaldo acabam favorecendo Helvécio Reis, mesmo com a alta rejeição do atual prefeito. “A decepção foi muito grande. Muitas reuniões e nenhum resultado.” Sem falar que até hoje não chegou a São João del-Rei o dinheiro do PAC das cidades históricas anunciado pela presidente Dilma. “O desgaste do prefeito já se consolidou, o que explica o entusiasmo de Nivaldo.” Aluizio não acredita em aliança entre Rômulo e Nivaldo – não existe “dívida política” entres eles - e aposta na experiência e sensibilidade do tucano.
Afinal, os dois candidatos da oposição, de maior densidade eleitoral, beneficiariam o (ou tirariam votos do) atual prefeito? Pessoas com quem conversei informalmente tem opiniões divergentes, o que reforça a dúvida. Um fator a ser considerado é que o desgaste do PT no âmbito nacional pode beneficiar os candidatos oposicionistas. A questão é saber qual deles! Como em política não dá pra fazer exercício de futurologia, resta aguardar a voz das urnas.