UFSJ e equipes brasileiras fazem bonito em competição internacional


Ciência e Tecnologia

Renato Ruas Pinto*0

Equipe Trem Ki Voa e os prêmios conquistados no Aerodesign 2015

A equipe Trem Ki Voa-Micro da UFSJ manteve a tradição das equipes brasileiras na competição Aerodesign East, realizada em Lakeland, Florida, entre os dias 13 e 15 de março, e voltou com o segundo lugar na categoria Micro, além da marca de maior peso levantado na classe e terceiro lugar em eficiência estrutural.

A equipe carimbou o passaporte para os EUA ao vencer a competição nacional de 2014, que qualifica os vencedores das categorias Advanced e Micro e os dois primeiros da categoria mais disputada, a Regular. Assim, partiram para os EUA, além da Trem Ki Voa, as equipes Car-Kará da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Uirá da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e Urubus, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Aerodesign é uma competição de engenharia que premia as melhores aeronaves radiocontroladas em função do projeto (relatório de cálculo e apresentação oral) e o desempenho em voo em quesitos como carga paga (maior peso voado) e eficiência estrutural (relação entre o peso levantado e o peso vazio da aeronave). Resumindo: para competir é preciso um trabalho de engenharia completo que envolve pesquisa de metodologias de projeto aeronáutico, fabricação de componentes e o voo em si. As equipes brasileiras possuem tradição na competição, com um histórico de vitórias e bons resultados e as representantes desse ano mantiveram a escrita. Além dos resultados da UFSJ, na categoria Regular tivemos a Unifei e Unicamp em segundo e quarto lugar respectivamente.

Não bastasse a dificuldade técnica, as equipes ainda lutam contra limitações de recursos financeiros para a construção do avião e para levar a equipe para os EUA. De acordo com Sarah Oliveira, vice-capitã da Trem Ki Voa-Micro, “o principal desafio foi a situação financeira da equipe. Os recursos que recebemos de patrocínio em 2014 foram todos aplicados no projeto da competição Nacional. Para o mundial, precisávamos de fazer algumas importações de material e estávamos limitados tanto pelo tempo quanto pelo dinheiro e, infelizmente, não tivemos muito apoio financeiro de patrocinadores e da instituição”. Para contornar o obstáculo a equipe lançou mão até de campanha de financiamento coletivo (crowd funding) em sites especializados.

Digno de nota é o espírito de competição e camaradagem entre as equipes, com frequentes relatos de cooperação durante a competição e esse ano não foi diferente. Sarah contou que houve um erro da organização no cálculo das notas, que iria alterar o resultado final. Uma equipe favorecida pelo erro foi a primeira a apontar a discrepância e foi premiada ao final com uma menção honrosa de “Fair Play”.

Mais importante do que a competição em si, o objetivo principal do Aerodesign é divulgar e multiplicar conhecimentos em engenharia aeronáutica. Alinhado com esse espírito, a Trem Ki Voa-Micro reúne 25 alunos dos cursos de engenharia mecânica, elétrica e produção. “Uma preocupação da equipe é não deixar que o conhecimento adquirido se perca com a saída dos membros mais experientes, por isso contamos com alunos do 1º ao 9º período.”, diz Sarah Oliveira. E assim vai se mantendo viva a chama da aeronáutica no Brasil, país do qual veio ninguém menos do que o primeiro homem a levantar do solo, com meios próprios, uma máquina “mais pesada do que o ar”, Alberto Santos Dumont. Parabéns à Trem Ki Voa e equipes brasileiras pelos belos resultados.

 

 

* Engenheiro aeronáutico e voluntário da comissão avaliadora da competição Aerodesign nacional que acontece anualmente em São José dos Campos.

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