Uma revolução pela educação


Editorial

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No Brasil a política e os políticos vivem momentos de profundo descrédito frente à opinião pública. Os discursos – demagógicos e dissonantes da realidade do país – não convencem mais ninguém. No cenário de horror em que se transformou a cena política brasileira nos últimos tempos, poucas vozes lúcidas ainda se fazem ressoar. Uma delas é a do senador do PDT do Distrito Federal, Cristovam Buarque.

Quando Cristovam Buarque se candidatou à Presidência da República, em 2006, a sua proposta para o Brasil era clara e objetiva: “Uma revolução pela educação”. Todas as vezes que o candidato aparecia na televisão já se podia adivinhar sobre o quê ele iria falar: educação. Enquanto os outros candidatos apresentavam propostas amplas, o senador, ex-governador, ex-ministro da Educação e ex-reitor da UNB falava unicamente de educação. “O Brasil só vai mudar se fizermos uma revolução pela educação”, insistia Buarque. Não faltou gente para chamá-lo de “candidato de uma proposta só”.

Cristovam Buarque não foi eleito presidente. Continua senador com mandato até 2018. Talvez o eleitor brasileiro não tenha levado a sério – ou não entendido - a sua proposta. Venceu o melhor marketing.

O que fazer com o Brasil? Essa é a pergunta que fazemos diante da triste e infame realidade na qual o país está mergulhado: corrupção, violência, descaso com a saúde e com a educação. Todos defendem que o Brasil necessita de reformas amplas. Para muitos a mais urgente é a reforma política. Há já partidos disputando a paternidade do melhor projeto de reforma, que, para eles, mudará definitivamente a política do país, salvando a ética e exterminando a corrupção.

Sobre que base, porém, se sustentará uma séria e profunda reforma política? Ou melhor, quem fará essa reforma? Os políticos da “lista do Janot”? Há, inclusive, quem diz que a corrupção está arraigada na cultura brasileira, incrustada em cada instância do poder. A reforma política, da qual se fala tanto, será capaz de mudar essa cultura perversa?

Cristovam Buarque está certo. O Brasil só mudará efetivamente se a educação for prioridade, principalmente na sua base. Não basta somente oferecer vagas no ensino superior. É preciso investir no ensino fundamental para o país começar a formar cidadãos conscientes e capazes de mudar os rumos da sociedade, transformando o Brasil numa nação justa, onde a política assuma sua missão primordial de ser ferramenta em favor do bem comum, não um meio vergonhoso para beneficiar partidos políticos ou uma classe privilegiada.

 

 “Estamos passando por um momento especial da história brasileira. Temos condições de mudar o futuro. Podemos escolher agora qual a direção que vamos tomar.  O Brasil poderá ser só um pouquinho melhor do que é hoje ou poderá ser um país desenvolvido, com justiça social e grande produtor de conhecimento. Podemos escolher entre seguir melhorando aos pouquinhos em várias áreas e piorando em outras (violência, meio ambiente). Podemos continuar a ser um país dos mais desiguais do mundo, ou um país onde todas as pessoas tenham condições de desfrutar da riqueza gerada por todos. É hora de investir em educação. Não um pouquinho. Nada de gambiarra. Precisamos superar os conservadorismos e corporativismos. É hora de uma revolução na educação. Hora de uma mobilização nacional efetiva e responsável. A juventude precisa se encantar com o magistério, com as escolas sendo centros de cultura e tecnologia. O Brasil somente será um país de oportunidades se a educação for o caminho do desenvolvimento. É por isso que precisamos de uma Revolução na Educação” (Cristovam Buarque).

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