Você já escolheu sua profissão?


Especial Escolha sua profissão

André Eustáquio e Emanuelle Ribeiro0

Alunos do terceiro da E. M. Paula Assis se preparam para o Enem deste ano.

É na adolescência que precisamos tomar uma das decisões mais importantes de nossa vida: qual profissão escolher. E é justamente a partir desta escolha, que geralmente fazemos entre os 16 e os 20 anos de idade, que traçaremos os rumos que iremos seguir durante nossa vida. Optar por um curso superior, que, na maioria das vezes, será a carreira profissional seguida, não é nada fácil. Trata-se de uma situação complicada na vida dos adolescentes que, em meio à pressão da família e da sociedade, não possuem maturidade suficiente para escolher como e onde gostariam de passar o resto da vida. Diante das inúmeras opções de cursos superiores, a indecisão e a pressão aumentam ainda mais. Nosso conselho é sempre ouvir o coração e buscar a profissão que combine com você e seus gostos. Sabendo da dificuldade e da importância dessa escolha, o JL inicia nesta edição uma nova série de reportagens com o intuito de auxiliar aqueles que ainda estão indecisos a se definirem: “Escolha sua Profissão”.

Selecionamos 10 cursos superiores: os cinco mais procurados e os cinco mais bem remunerados no Brasil. Ao longo da série, conversaremos com profissionais que escolheram essas profissões para nos ajudarem a esclarecer dúvidas e também apresentar a profissão que eles escolheram.

Uma reportagem publicada no site da revista Veja em fevereiro deste ano elenca os cursos superiores mais procurados no Brasil. De acordo com a reportagem, Direito, Administração, Enfermagem, Psicologia e Engenharia Civil estão na preferência dos estudantes. Por outro lado, há aquelas profissões que oferecem mais vantagens econômicas. São elas, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): Medicina, Setor Militar e de Defesa, Engenharia de Transportes, Engenharia Química e Engenharia Civil.

Nesta primeira reportagem, o JL conversou com professores do Ensino Médio e de cursinho pré-vestibular. Luiz Guilherme Ribeiro é professor de Matemática no cursinho Pré-vestibular Frei-Seráfico, em São João del-Rei. Ele é licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e iniciou o Mestrado na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) em 2015. Luiz já atuou em várias áreas do ensino da Matemática, como cursinhos, ensino básico, preparação de Olimpíadas de Matemática etc. “Leciono Matemática com muito prazer e amor e vejo a Educação como a melhor saída para um futuro brilhante e promissor”, defende o profissional.

O professor de Matemática acredita que o aluno que entra no cursinho pré-vestibular já possui uma direção de qual curso e caminho seguir. Ele costuma questionar os estudantes no primeiro dia de aula e percebe que, em sua maioria, eles já estão decididos sobre qual carreira seguir: “Nesse momento, o aluno já possui formação e maturidade para saber qual área seguir. Não vejo as aulas de pré-vestibular como aulas persuasivas para o aluno mudar suas preferências, visto que o nosso foco é a preparação para o Enem, e esse tempo não é tão longo”. Sobre os cursos mais visados pelos alunos, Luiz diz que Medicina, as Engenharias e Direito são os primeiros da lista.

Luiz Guilherme afirma que, para a escolha da profissão, o ideal é que os jovens sigam suas aptidões e se esforcem para passar nos cursos que desejam. Porém, a concorrência nas universidades e a dificuldade de acesso ao curso, seja por condições financeiras ou por medo, acabam afetando as escolhas. “Muitos desses alunos entram na universidade já com o objetivo de uma transferência interna lá dentro e, portanto, escolhem um curso menos concorrido, passam, e pedem mudança de curso, não tendo que passar pelo exaustivo e concorrido processo seletivo nacional. Mas vale ressaltar que essas transferências nem sempre são bem sucedidas e o aluno pode correr o risco de ‘perder’ esse tempo”, destaca o professor de Matemática.

Ainda segundo Luiz Guilherme Ribeiro, muitos jovens possuem afinidades com determinados conteúdos, mas não sabem qual curso escolher dentro dessas afinidades: “A visão capitalista é um fator que, ao mesmo tempo que estimula os alunos a seguirem certa carreira, desestimula, visto que as profissões mais bem remuneradas na nossa sociedade são as mais procuradas por todos, aumentando, assim, demasiadamente a concorrência”, conclui.

 

“Vejo a Educação como a melhor saída para um futuro brilhante e promissor” (Luiz Guilherme Ribeiro)

Para a professora de Português dos anos finais do Ensino Médio na Escola Municipal Paula Assis, no povoado do Ribeirão, zona rural de Resende Costa, Virgínia Daher de Oliveira Coelho, quando os alunos chegam ao Ensino Médio falta ainda clareza sobre qual curso escolher: “Ficam um pouco perdidos, sem saber qual caminho seguir. São poucos os que já têm uma meta traçada”. Ajudar seus alunos na escolha da profissão nem sempre é uma tarefa fácil para Virgínia, que também prepara estudantes do Assis Resende e da Paula Assis para a redação do Enem. “A escolha quanto ao futuro profissional é individual e qualquer impulso equivocado pode atrapalhá-los. O que eu faço é dar a eles o leque de opções, falar sobre o ambiente de uma graduação e estimulá-los nos cursos relacionados às áreas que, como eles dizem, ‘têm mais afinidade’. Falo quase todos os dias sobre a importância de ter um curso superior e sobre a exigência do mercado de trabalho”, diz Virgínia.

De acordo com a educadora Virgínia Daher, existem dois fatores que influenciam os alunos na hora de decidir o futuro profissional: a grande variedade de profissões e a preocupação com o futuro após o curso concluído. Para a professora, os alunos se preocupam com a remuneração e o campo de trabalho. Virgínia destaca as engenharias como sendo a área de maior procura pelos alunos. Ela lamenta, porém, que as licenciaturas estejam em baixa, no momento: “Infelizmente, os cursos de licenciaturas estão entre os menos procurados”.

 

Participação da escola

É no ambiente escolar que os alunos devem amadurecer a escolha do curso superior que desejam fazer. O contato com os professores e com as disciplinas são fatores motivacionais para quem está na fase delicada da escolha profissional. Virgínia Daher fala da importância da escola neste período da vida dos alunos: “Em primeiro lugar a escola precisa incentivar seus alunos. Ter uma equipe pedagógica e professores que estejam sempre ‘por dentro’ do mundo preparatório para o ensino superior é imprescindível. Os alunos precisam de apoio, de impulso, de quem lhes direcione e tire suas dúvidas”.

Enquanto educadora na Escola Paula Assis, Virgínia destaca as atividades promovidas pela escola com o objetivo de colaborar para o bom discernimento dos alunos: “A Paula Assis é uma escola engajada nesse propósito. A começar pela oportunidade que deu a alunos que não podiam cursar o Ensino Médio. A iniciativa do Adilson [Resende, ex-prefeito de Resende Costa] e do Adriano [Magalhães, secretário de Educação na gestão do prefeito Adilson Resende] possibilitou a muitos alunos a conclusão da educação básica.  E já faz alguns anos que a escola promove a participação do 2º ano e do 3º ano nas mostras de profissões, principalmente da UFV (Universidade Federal de Viçosa) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). É uma oportunidade para conhecerem os cursos, as universidades etc. Fazemos também, bimestralmente, simulados do Enem, de conteúdos e redação”. 

 

“A escola precisa incentivar seus alunos. Eles precisam de apoio, de impulso, de quem lhes direcione e tire suas dúvidas” (Virgínia Daher)

O incentivo dos professores e os projetos pedagógicos externos desenvolvidos pela Paula Assis têm sido, na opinião da professora Virgínia, determinantes para o aumento do número de alunos da escola que ingressam em faculdades e universidades.

 


 

Laís Mendonça irá fazer o Enem no fim do ano, mas ainda não decidiu o curso

Com 16 anos e cursando o 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Assis Resende, Laís Aparecida Mendonça ainda não decidiu qual curso superior irá fazer, mas tende a optar pela área da saúde: “Só sei que quero na área da saúde. Talvez Medicina, porque acho bonito o ato de salvar vidas e também pelo fato de gostar de estudar o corpo humano”, diz a estudante.

Assim como muitos de seus colegas, Laís sente dificuldade para escolher a profissão. A diversidade de opções, sobretudo na área que a atrai, deixa a estudante em dúvida: “Tem muita coisa interessante na área de saúde, que acaba deixando a gente em dúvida”. Para ela, a participação no segundo semestre deste ano na Mostra de Profissões na UFMG será importante para o discernimento: “Com certeza vai nos ajudar a escolher”. Para Laís a escola pode auxiliar os alunos durante o processo de escolha do curso superior: “A escola pode trazer profissionais de cada área para dar palestras que possam nos ajudar na escolha certa”.

As provas do Enem deste ano serão aplicadas nos dias 5 e 6 de novembro. Laís irá fazer o exame e já está se preparando: “Estou fazendo cursinho de redação e procuro estudar um pouco de cada matéria que sempre é cobrada”.

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