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Tchau Marina!

17 de Outubro de 2014, por Bruno R. B. Florentino

Esta eleição, sem dúvida, já é uma das mais surpreendentes da história do Brasil. De modo surpreendente, e de última hora, a sucessão presidencial reservou mais uma surpresa: um segundo turno até então desacreditado entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), retomando, assim, o quadro de polarização inicial entre os dois partidos.

Qualquer análise de como e por que Marina Silva (Rede-PSB) oscilou tanto, certamente, não pode ser realizada de qualquer modo. Virá aos poucos, ao tempo em que as emoções tomarem distância dos acontecimentos. Por ora, é possível sinalizar apenas alguns tropeços e deslizes imperdoáveis para quem almeja a Presidência da República.

Dilma Rousseff, pressionada pelo rápido crescimento de Marina, optou pela desconstrução de sua ex-companheira de partido. A “pancadaria” adotada pelo marketing do PT, por um lado, conseguiu fragilizar Marina em suas próprias contradições; mas, pelo outro, acabou implodindo algumas pontes e reacendendo o questionamento acerca do que é ou não válido em uma campanha: a política do medo é, de fato, eficiente?

Para uma candidata que chegou a abalar o cenário político ao ser apontada vencedora do primeiro e do segundo turno, mas agora está fora da disputa, Marina certamente irá refletir sobre alguns descaminhos que sua campanha tomou: esqueceu-se de que é cria do PT, optou por não revelar suas fontes de renda, recuou em função de pressões religiosas, satanizou e também flertou com determinados setores, e, na reta final, se viu questionada sobre a votação do CPMF. Tais acontecimentos, aos poucos, foram desconstruindo a imagem de que Marina seria a “escolhida” para a “salvação da República” do Brasil. Afinal, quem é Marina Silva? Em qual Marina é possível acreditar? “Marinar” seria um bom caminho? O brasileiro, no último momento, ficou em dúvida...

Aécio Neves, ao estilo mineiro de ser, “comendo pelas beiradas”, acreditou na estratégia de apresentar-se como “o voto útil para derrotar o PT”. E conseguiu! Enquanto Dilma Rousseff e Marina Silva empreendiam uma série de ataques x defesas, dia-a-dia, Aécio se recompôs, retomou sua posição inicial e provou estar certo: Marina Silva não era bem um fenômeno, mas sim uma “onda”, grande, mas sem a força necessária para chegar ao Planalto.

Ao invés de aceitar a derrota, durante o período em que foi atropelado por Marina, Aécio manteve a calma, exalou confiança, e, sem agressividade ou propagação do medo, seguiu convicto na disputa. Com o espírito desarmado, e sem se abater pelas tentativas de desqualificação de seu governo, Aécio ressurgiu das cinzas e surpreendeu o país com uma votação que não foi captada por nenhum instituto de pesquisa.

Marina Silva, que “perdeu para si mesma”, e não conseguiu sustentar a promessa de ser “a nova política”, agora, anunciou o que todos sempre souberam: irá apoiar Aécio Neves no segundo turno contra Dilma Rousseff. Ela, que até pouco tempo se recusava a subir nos palanques tucanos, resolveu apoiar Aécio por um pedaço do seu programa de governo.

Os caminhos das candidaturas parecem estar delineados. De um lado, Dilma irá recorrer aos “fantasmas do passado” para tentar conter o desejo de mudança e reforçar estigmas contra o PSDB; do outro, Aécio se lançará como a possibilidade de combater os “monstros do presente”, ou seja, reforçando os ventos que sopram desde junho de 2013.

 

Resta saber, tão logo, qual estratégia será vitoriosa? O que deseja o povo brasileiro?

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