2019: uma retrospectiva nada boa


Editorial

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Enfim chegamos a dezembro de 2019. Para muitos considerado um ano difícil, turbulento, repleto de acontecimentos ruinsque superaram as boas notícias. Na TV e nos jornais, o mesmo de sempre: corrupção; desemprego; alta do dólar; debates quase incompreensíveis no Judiciário envolvendo grandes personalidades da política nacional; tragédias ambientais; mortes de crianças indefesas, vítimas de conflitos entre policiais e traficantes. Resumidamente, esses foram os destaques de 2019 na imprensa brasileira.

2019 marcou o início de uma nova era na política brasileira a partir da posse, em 1º de janeiro, do presidente Jair Bolsonaro. O país vem experimentando, desde então, os efeitos da polarização e do radicalismo político, antes restritos às redes sociais, ganharem contornos institucionais, colocando em risco valores democráticos, como a liberdade de imprensa e o amplo debate de ideias. Os partidos tradicionais, especialmente PT e PSDB, mostram sinais de enfraquecimento sendo substituídos, paulatinamente, por figuras populistas de forte discurso ideológico.

Vimos também neste ano tragédias ambientais, como as queimadas na Amazônia e no Pantanal, tomarem conta do noticiário aqui e no exterior. À medida que o fogo avançava consumindo enormes hectares dos nossos biomas e áreas de preservação ambiental, as autoridades se revelavam impotentes e despreparadas para lidar com o problema. Faltaram ações eficazes e sobraram justificativas absurdas e nada convincentes do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do próprio presidente Bolsonaro, que culpou ONG’s e disse, resignadamente, que não há muito a se fazer, pois “as queimadas são culturais”. O mundo lançou olhares atônitos para o Brasil, que se perdia em discursos rasos.

O Brasil foi literalmente manchado em 2019. A partir de agosto, uma misteriosa mancha de petróleo bruto começou a avançar pelo litoral do Nordeste. Tal como uma praga que infesta plantações e consome rapidamente a lavoura, o óleo bruto foi se espalhando no mar, nas praias, nos arrecifes de corais assustando a população, que, apavorada, tentava conter o óleo e limpar as areias das praias. Enquanto isso, o Brasil procurava, como agulha no palheiro, o responsável pelo derramamento do óleo. Até o fechamento desta edição, o autor (ou autores) da grave tragédia ambiental não havia sido descoberto.

Na cultura, vimos uma tentativa de desmanche generalizado de grandes instituições, como o IPHAN, a Funarte, a Biblioteca Nacional e a Fundação Cultural Palmares através de nomeações para cargos importantes de pessoas comprometidas apenas com o viés ideológico do presidente da República, de seus gurus e do grupo político ultraconservador que o circunda. Com o argumento anacrônico e estapafúrdio de combate ao aparelhamento da esquerda, o governo se dispôs a uma política contrária ao que é mais caro à cultura: liberdade e diversidade.

Na economia, 2019 termina com boas, mas ainda tímidas notícias. A equipe econômica do governo, chefiada pelo ministro Paulo Guedes, apresentou números que nos fazem ter esperança para os próximos anos, mostrando um crescimento gradual da economia. Longe, porém, do que o brasileiro espera, ou seja, uma economia pulsante que impulsione, sobretudo, o surgimento de mais empregos.

Dando uma pausa nos assuntos nacionais, falemos da edição número 200 do JL, que circula neste mês de dezembro, fechando 2019. Para esta edição,elegemos como destaque de capa um tema leve. Falamos de árvores que enfeitam Resende Costa. O leitor conhecerá detalhes sobre as três espécies de árvores que foram plantadas há décadas nas principais praças do centro da cidade. A curiosidade é que essas árvores são protegidas pela Lei Orgânica do Município como “monumento de conservação permanente”, ao lado de locais e edificações presentes na cidade e em seus arredores.

Além de mostrar aos leitores os monumentos do município que são protegidos pela Lei Orgânica, entre eles as Lajes, o Buraco do Inferno, as reservas florestais, os Passinhos, o Teatro Municipal e as fontes, o JL deseja cobrar do Poder Público o cumprimento do parágrafo segundo da Lei Orgânica, que atribui ao Executivo Municipal “a obrigação de manter e preservar todos os monumentos municipais”. As Lajes necessitam urgentemente de revitalização, o Buraco do Inferno encontra-se tomado pelo mato e pelo esgoto que escorre em sua direção, as fontes estão assoreadas e com a água contaminada e a Capoeira Nossa Senhora da Penha corre sério risco de desaparecer.

Enfim, se a retrospectiva 2019 não foi tão boa, iniciemos 2020 com a esperança renovada. Lutemos pela construção de um mundo melhor, de um Brasil melhor.

Feliz Natal!

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