A agonia da Fazenda das Éguas


Editorial

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Uma reportagem desta edição do Jornal das Lajes volta a destacar a preocupante situação em que se encontra a histórica Fazenda das Éguas, localizada a 23 quilômetros da cidade de Resende Costa, na região do povoado do Ribeirão. A fazenda, construída em 1747, foi tombada em 2007 pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Resende Costa, com o objetivo de ser preservada. Mas até hoje foram realizadas poucas intervenções que pudessem, de fato, assegurar sua preservação.

Em 2009, a Prefeitura Municipal realizou reparos emergenciais no imóvel. Foram eliminadas algumas rachaduras nas paredes dos quartos, além da retirada de goteiras. Porém, com pouco tempo os velhos problemas voltaram e a temporada das chuvas neste início de ano agravou ainda mais a situação. As goteiras estão se proliferando, colocando em risco de desmoronamento o telhado do casarão setecentista. A situação mais grave se encontra na parte de trás da casa, onde ainda se preservam paredes de pau a pique e as janelas originais. Expostas ao tempo, a madeira que sustenta as paredes e a estrutura de pau a pique estão praticamente se dissolvendo. Nas últimas semanas, parte do alicerce de pedra ruiu.

A Fazenda das Éguas é propriedade particular, o que sempre dificultou o envolvimento do poder público em sua preservação. Entretanto, a partir do tombamento os proprietários - que não possuem condições de realizar a reforma do imóvel - podem e têm o direito de contar com o auxílio do poder público. Mas nesta possível parceria entra o incômodo problema da falta de recursos financeiros. Uma ampla e necessária reforma da fazenda é excessivamente onerosa para os cofres da Prefeitura Municipal. Captar recursos de outras fontes que possam custear a reforma, como o Fundo Estadual de Cultura (FEC), vem sendo também cogitado, todavia, trata-se de uma opção incerta e demorada. Pode ser que o tempo não espere os trâmites da burocracia e a histórica fazenda desapareça.

Diante desta situação, que vem se agravando com o passar do tempo, o que fazer para manter a fazenda de pé? O prefeito municipal Aurélio Suenes visitou a Fazenda das Éguas no fim de janeiro e garantiu que a prefeitura irá intervir paliativamente, isto é, para não deixar que o imóvel entre em ruínas. Realizar uma reforma completa, ou até mesmo uma restauração, é impossível, no momento, para a prefeitura, de acordo com o prefeito. Um projeto de reforma será feito pela AMVER (Associação dos Municípios da Microrregião dos Campos das Vertentes) e o prefeito Aurélio espera que em breve possa iniciar as obras de reparos na fazenda.

A situação caótica em que se encontra a sede da Fazenda das Éguas, exaustivamente destacada no Jornal das Lajes ao longo de 13 anos, reflete o drama de centenas de milhares de imóveis históricos espalhados pelo Brasil. Infelizmente o tombamento, quer seja a nível municipal, estadual ou federal, não garante a preservação. Há milhares de imóveis tombados e que estão em ruínas. Muitas vezes, inclusive, o ônus recai injustamente sobre os proprietários. O descaso das autoridades, a falta de dinheiro e de políticas públicas eficientes são alguns dos entraves que dia a dia vêm colaborando para o sucateamento do patrimônio histórico em diversas cidades do Brasil.

 

Em tempo: Onde está o PAC das cidades históricas, divulgado efusivamente nos palanques Brasil afora pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma? Poucas cidades o viram até hoje. O nosso agonizante patrimônio histórico espera por ele.

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