Adriano, baterista da escola de samba São Geraldo, e suas quatro paixões


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José Venâncio de Resende0

Adriano Geraldo, baterista da Escola de Samba Unidos de São Geraldo (Foto José Venâncio)

Por muito pouco, Adriano Geraldo Soares ficaria fora do carnaval de São João del-Rei deste ano. Na manhã de 24 de Dezembro, véspera do Natal, o baterista da ala dos tamborins da Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de São Geraldo jogava a tradicional pelada de fim de ano com os colegas da fábrica. Na sua vez de ocupar o gol, quebrou a mão ao tentar defender um chute forte.

Na hora, Adriano não pensou em nada, era só dor. Mas tão logo passou a dor ele lembrou que os ensaios da escola estavam começando e o carnaval estava próximo. Além disso, quando apareceu com o braço engessado, os colegas disseram em tom de provocação: “Este ano, o carnaval já era!”

“No dia em que quebrei a mão, fiquei na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) até as quatro horas da tarde”, recorda Adriano. “Eles só puseram uma faixa, mal colocada, e me encaminharam para engessar. Aí eu improvisei uma tala. Só fui atendido na terça-feira (27 de Dezembro).”

Quando este repórter foi recebido por Adriano em sua casa, a previsão era de que o gesso fosse retirada no dia 7 de Fevereiro. “Dá pra eu ensair ainda uma semana e um pouquinho. Por enquanto, a gente vai acompanhando o ensaio.”

Adriano sabe das dificuldades com a mobilidade do braço e da mão logo depois de retirar o gesso. “Nos primeiros dias, o braço não vai ficar bom. Vou ter de improvisar aqui em casa. Por o samba pra rodar e ensaiar até o braço voltar ao normal.”

Pelo menos, ele vai ter o incentivo do filho Arian, 15 anos, que desfilou a primeira vez em 2015 (ano passado não houve desfile de escolas de samba) e vai voltar à avenida este ano. “Desde pequenino ele já gostava de samba”, diz com satisfação o pai.

Também Adriano, desde criança, já gostava de samba. Aos 10 anos, desfilou pela primeira vez na bateria da Girassol. “Em 1995, quando comecei a namorar com a Adriana, fui ao ensaio da São Geraldo. Já gostei da bateria, da euforia dos componentes… e já vi que era diferente.”

A solução foi desfilar nas duas escolas. Acontece que, no sorteio de 1997, as duas escolas caíram no mesmo dia, uma seguida da outra, o que forçou Adriano a escolher. “Aí eu escolhi a Girassol porque tinha ensaiado mais tempo lá.”

Em 2003, Adriano optou em definitivo pela escola de samba do bairro São Geraldo. “Fiquei empolgado porque o bairro todo estava focado na escola.” Fazia jus ao nome Unidos de São Geraldo.

Nos primeiros dois anos, Adriano foi comandado pelo mestre Marcelo que, por problemas de saúde, passou a “batuta” para o mestre Wilson, depois de prepará-lo para ser seu substituto. A bateria da São Geraldo tem tradição e fama. “As duas melhores baterias de todos os tempos são as da São Geraldo e dos Metralhas”, opina Adriano.

A bateria, formada por 90 a 100 componentes, é dividida por instrumentos. A ala dos tamborins (cinco a seis carreiras de seis), da qual Adriano faz parte, geralmente desfila na frente da bateria. “Os mais ensaiados são escolhidos para a primeira fila. São aqueles que fazem parte da Bateria Show da Furiosa, que apresenta o ano inteiro em festas como casamentos e aniversários.”

Adriano já foi campeão quatro vezes pela Unidos de São Geraldo. “Na maioria das vezes, quando não fomos campeões fomos vices.”

Na vida profissional, Adriano é operador de stork (máquina de estampar tecido), desde 2006, na fábrica Sanjoanense. “Antes, trabalhei 10 anos na fábrica Brasil, que fechou.”

É casado há 19 anos com Adriana Aparecida Oliveira Soares e tem dois filhos, Alan (10 anos) e Arian (15). Além da família, três são suas paixões: carnaval, futebol e pescaria. “Ensaio de carnaval pra mim é a mesma coisa que futebol.”

Nos finais de semana, Adriano gosta de pescar no Rio das Mortes e represas próximas. Quando a pesca está proibida, frequenta os pesque-e-pagues da região. Sempre junto com a família.

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