Ano de dor e de vitórias


Editorial

0

A expectativa de que 2021 seria o ano da vitória da humanidade contra o novo coronavírus aconteceu em partes. Chegamos a dezembro e temos, sim, muitos motivos para comemorar. No final do ano passado, ainda não havia no Brasil vacinas suficientes para iniciarmos uma campanha robusta de imunização capaz de frear a disseminação do coronavírus, que causava enormes estragos em quase todos os estados e municípios do país. As festas de fim de ano em 2020 foram canceladas e os encontros de famílias desaconselhados pelos médicos, diante do temor de um possível aumento no número de casos e de óbitos pela Covid-19.

A previsão, infelizmente, se concretizou. As festas aconteceram, à revelia das recomendações científicas, e uma nova onda de Covid-19 explodiu no Brasil no início de 2021. Capitais, como Manaus, viram o terror se instaurar nos hospitais com a falta de oxigênio. Cenas tristes de pacientes perdendo a vida nos corredores das casas de saúde sinalizavam que estávamos na iminência de perder a guerra.

O avanço sustentado da campanha de vacinação possibilitou à ciência virar o jogo. As curvas das estatísticas dos números de casos e de óbitos pela Covid-19 começaram a baixar em movimento contínuo à medida que a vacinação avançava nos municípios brasileiros.

Os sinais de controle da pandemia no Brasil nos permitiram chegar ao final de 2021 sonhando com a retomada segura das atividades econômicas e culturais. O comércio reabriu, torcedores retornaram aos estádios de futebol na reta final do Brasileirão, shows musicais e espetáculos artísticos voltaram a acontecer. Diante desse movimento eufórico de reabertura, a possibilidade de realização de grandes eventos, como festas de réveillon e o Carnaval em fevereiro de 2022, entraram definitivamente em pauta. No entanto, fomos surpreendidos no final de novembro com a notícia de que uma nova variante do coronavírus, batizada pela comunidade científica de Ômicron, havia sido detectada na África do Sul e demonstrava, através de estudos preliminares, grande potencial de transmissão. Um balde de água fria nas expectativas de quem sonhava com as festas de fim de ano sem restrições e com os foliões de volta às ruas.

O surgimento da variante Ômicron e o crescente aumento no número de casos de Covid em diversos países da Europa fizeram com que estados e munícipios do Brasil repensassem a realização de eventos que reúnem grandes aglomerações de pessoas como o Réveillon e o Carnaval.

Reportagem de capa desta edição do Jornal das Lajes destaca o cancelamento do Carnaval 2022 em Resende Costa. O vice-prefeito em exercício, Lucas Paulo, em um vídeo divulgado nas redes sociais da prefeitura no dia 30 de novembro, comunicou a decisão da administração de cancelar o Carnaval, alegando falta de segurança e preocupação com a saúde da população, visto que a pandemia ainda não está sob total controle. A decisão da prefeitura de Resende Costa está em consonância com a maioria dos municípios da região do Campo das Vertentes, onde a Festa de Momo é tradicional, como São João del-Rei e Prados.

A decisão dos gestores municipais de ainda não realizar eventos de grande porte neste fim de 2021 e início de 2022 é sensata e responsável. Embora já tenhamos avançado muito na luta contra o coronavírus, graças sobretudo às vacinas, o cenário epidemiológico ainda não nos permite correr riscos desnecessários. Começamos a colher os frutos de um trabalho árduo empreendido especialmente pelos profissionais da saúde desde o início de 2020. Não podemos, nesta fase do enfrentamento à pandemia, colocar tudo a perder por causa de festas que podem esperar um pouquinho mais para voltarem a acontecer com segurança.

Que tenhamos, em 2021, um Natal de luz, de paz e de lindas celebrações. E que o alvorecer de 2022 renove em nós a esperança de dias vitoriosos e prósperos!

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário