Artesanato de Resende Costa é registrado como bem cultural imaterial

Medida visa à preservação do nosso artesanato e da história do município


Cultura

Emanuelle Ribeiro0

Produtos artesanais de Resende Costa atraem turistas de diversas partes do Brasil e do mundo (Foto Cássio Almeida)

O resende-costense termina o ano de 2016 com uma excelente notícia! Nosso artesanato foi registrado pelo Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura como bem cultural imaterial do município. “É uma antiga reivindicação do Conselho. Trata-se de uma preocupação com a memória, a história e o futuro do artesanato, considerado a principal atividade econômica de Resende Costa e um dos nossos cartões-postais. Oficialmente, a proposta de registro feita ao Conselho aconteceu em abril deste ano”, explica André Eustáquio, presidente do Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura de Resende Costa.

“Mais do que artesanato, o tear, a colcha, o tapete, o retalho produzem cultura. Essa tradição precisa ser eternizada como patrimônio do nosso povo. Atualmente o artesanato de retalhos já está presente em diversas localidades e nós precisamos deixar claro que Resende Costa é a referência. O projeto visa a demostrar o quanto o artesanato é importante para nossa comunidade”, afirma o prefeito Aurélio Suenes.

O Registro já foi escrito no Livro dos Saberes: “O passo seguinte foi o envio do dossiê para o IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais). Todo o trabalho foi feito pela empresa MGTM, de Belo Horizonte”, informa André.

Edmar Assis, membro da Asseturc (Associação Empresarial e Turística de Resende Costa), afirma que esta é uma ótima iniciativa: “O artesanato de Resende Costa é uma das grandes, se não a maior, fonte de renda do nosso município. Conhecida nacionalmente como a cidade do artesanato, nada melhor do que tornar nossa atração patrimônio. Será de grande valia para uma melhor apresentação de Resende Costa no mercado nacional e internacional”.

O registro trará ao artesanato mais visibilidade e credibilidade, sobretudo aos olhos dos turistas que vêm à cidade atraídos pelo produto: “O registro marca um passo muito importante para a preservação do nosso artesanato e a história de Resende Costa. A partir de agora, as futuras gerações saberão como era feito e ainda se faz o nosso artesanato”, diz o presidente do Conselho Municipal do Patrimônio e Cultura de Resende Costa. André destaca a participação do poder público na preservação do artesanato: “O registro exige do município mais atenção e dedicação com o artesanato visando à sua preservação. Devemos apoiar ainda mais os artesãos que produzem o nosso genuíno artesanato, como tapetes, passadeiras, colchas...”.

O presidente do Conselho fala ainda do futuro do artesanato, tanto artística quanto economicamente: “O futuro do artesanato de Resende Costa depende muito da atuação do poder público, apoiando os artesãos, divulgando ainda mais a cidade, entre outras ações. Importante ressaltar que o registro deve incentivar o fortalecimento das associações voltadas ao setor. O fortalecimento das associações e o apoio do poder público, sem dúvidas, contribuirão muito para a preservação e a garantia de um futuro próspero do nosso artesanato”.

Luciene Cardoso, da Asseturc, vê a iniciativa de forma positiva: “Estaremos assim protegendo nosso bem maior. O artesanato é arte, é cultura, é economia. Gera empregos, sustentando muitas famílias, tanto na cidade como na zona rural. Contribui para o crescimento de nossa cidade nos aspectos social, econômico e político".

A notícia também foi bem aceita por Telinha, outra integrante da Asseturc: “A iniciativa foi excelente. Nossa cidade vive  do artesanato, então temos que nos preocupar com o futuro do mesmo. Isto vai abrir muitas portas no nível cultural, no nível do conhecimento e reconhecimento do nosso artesanato”.

Quanto ao funcionamento da atividade, André Eustáquio destaca: “O registro do artesanato não interfere em absolutamente nada na atividade, tanto produtiva como comercial. Importante ressaltar que trata-se de uma medida de preservação da memória. O que houve foi um registro do modo de fazer e de criar o artesanato que é produzido em Resende Costa”.

O que significa tornar-se bem imaterial?

A Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural intangível, aprovada pela UNESCO em 2003, define o patrimônio cultural imaterial ou intangível como “as práticas, representações, expressões, conhecimento e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.

De acordo com Marília Rangel Machado, “bens culturais imateriais são aqueles cujo valor não está especificamente na sua materialidade, na sua matéria prima ou no seu suporte, mas na evocação ou representação que sugerem, caracterizando-se como ritos processuais. São exemplos de bens culturais imateriais os saberes enraizados no cotidiano das comunidades; as celebrações como rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; as formas de expressão tais como as manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; os lugares tais como os mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas”.


(Fonte: Coletânea de artigos “Mestres e Conselheiros – Manual de Atuação dos Agentes do Patrimônio Cultural”. Ed. Ieds, 2009.)

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