“O mar dos Açores constitui um patrimônio único e neste momento está em perigo”, alertou a equipe do programa “Blue Azores” em entrevista ao jornal O Baluarte de Santa Maria (edição de fev./2022), da Ilha de Santa Maria, Açores, Portugal. Trata-se de um programa de conservação marinha e utilização sustentável do mar dos Açores, no Oceano Atlântico. Para isso, o programa pretende desenvolver estratégias que contribuam para a “proteção, promoção e valorização dos recursos marinhos do arquipélago, criando novas vias para o desenvolvimento econômico sustentável da região”.
Em fevereiro, foram realizados nas ilhas de Santa Maria, Flores e Corvo inquéritos que servirão de mapeamento do uso do mar. “Estes inquéritos destinam-se às populações locais, especialmente aquelas que mais dependem do oceano, para as envolver na criação das áreas marinhas protegidas.” As informações serão trabalhadas e transpostas para “mapas ilha a ilha, que indicarão as áreas mais importantes para as pescas, mas também as zonas marítimas consideradas turísticas ou reservadas a atividades lúdicas”. Também irão complementar e aprofundar os dados científicos existentes.
“Estratégico na criação de novas oportunidades para o desenvolvimento de uma economia azul sustentável da região”, o programa Blue Azores apoiará os Açores e o continente português a “atingirem os objetivos internacionais estabelecidos pela Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Convenção sobre Diversidade Biológica e os objetivos da União Internacional para a Conservação da Natureza”.
A equipe contou ao Baluarte que o Blue Azores nasceu, em 2019, de uma parceria entre o Governo Regional dos Açores, a Fundação Oceano Azul e o Waitt Institute, “que se uniram em torno de uma visão comum – proteger, promover e valorizar o capital natural marinho dos Açores – com a ambição de garantir um oceano saudável como base de uma economia azul próspera e sustentável”.
Assim, os principais objetivos do programa são: proteger 30% do Mar dos Açores através de Áreas Marinhas Protegidas (pelo menos 15% da área a ser totalmente protegidos); implementar planos de gestão para as novas reservas marinhas e para as áreas marinhas protegidas já existentes; implementar um plano de ordenamento do espaço marinho e melhorar a gestão das pescas.
A equipe do Blue Azores assinala que este programa é uma resposta à crise crescente que afeta o oceano. Daí o apelo ao compromisso político a todos os setores e a toda a sociedade civil, para se unirem a esta causa. Afinal, o Mar “está na base da identidade dos açorianos e funciona como sustento do seu modo de vida há muitas gerações”. Assim, “a criação de áreas marinhas protegidas contribuirá para termos um oceano mais saudável, mais limpo, mais resiliente e mais produtivo”.