Cia. Embaixadores da Arte encena comédia no Teatro Municipal de Resende Costa

“Velando a sorte” fez a plateia "morrer de rir"


Cultura

André Eustáquio0

Cia. Embaixadores encena a comédia Velando a Sorte (Foto Divulgação)

A morte não deu chances a Abreu Vilela de Sousa. Sem perder tempo, ela ceifou a vida do dedicado pai de família e ilustre funcionário público, deixando inconsoláveis a esposa Zélia e a filha Aninha. Não há como negociar com a morte. Ela quis e levou Abreu. Tem-se um morto, logo, é preciso preparar o velório.

A escuridão, o drama, o luto e a perplexidade da morte absorvem os personagens e o público, até todos descobrirem que Abreu ganhara na Mega-Sena, mas, o bilhete premiado não estava em lugar nenhum da casa, tampouco em seu caixão. Com esta descoberta, o luto da família Vilela de Sousa transforma-se numa hilariante e “politicamente incorreta” comédia.

“Velando a sorte”, a mais nova peça da Companhia Embaixadores da Arte, em cartaz em Resende Costa no último final de semana de abril, foi um sucesso! Nos três primeiros dias da estreia, a comédia levou ao Teatro Municipal (Casa de Cultura) um enorme público, obrigando os organizadores a ter que aumentar o número de cadeiras. O sucesso da peça, inicialmente prevista somente para os dias 28, 29 e 30 de abril, convenceu os diretores a mantê-la em cartaz nos dias 5 e 6 de maio. “Em apenas um final de semana, a companhia conseguiu preencher todos os lugares da Casa de Cultura e contagiou o público”, comemora Abel Júnior, ator e diretor da peça ao lado de Ezequiel Santos.

Dividida em três atos, a peça é uma livre adaptação de quatro textos. Abel e Ezequiel fizeram o ótimo trabalho de adaptação, inserindo no texto elementos do cotidiano de Resende Costa como nome de lojas, pessoas, festas, povoados etc. “Velando a sorte” trata também de temas polêmicos como a homofobia e a intolerância religiosa, mas sem perder o humor. Em determinadas cenas há improvisações pontuais dos atores sem, no entanto, exagerar e correr o risco de perder a originalidade do texto. A excelente performance dos atores trouxe o palco para perto da plateia. A sintonia entre atores e público é notória durante todo o espetáculo.

A escolha do gênero comédia deveu-se a um pedido especial do público, conforme revela Abel Júnior: “’Velando a sorte’ vem suprir os anseios da plateia resende-costense que sempre vinha solicitando o gênero comédia nas peças”. O grande público presente no teatro confirma a exatidão da escolha. Abel fala dos desafios de montar uma comédia: “ao contrário do que parece, trabalhar com comédia é bem mais difícil. É necessário que façamos aulas de expressões corporal e vocal, técnicas de improviso, além de contar com um bom laboratório de criação de personagens”.

Os desafios foram superados, “Velando a sorte” foi um sucesso em Resende Costa e a Cia. Embaixadores da Arte planeja levar o espetáculo a algumas cidades da região. “A companhia entrará em turnê pelas cidades vizinhas, levando o seu nome, bem como o nome de Resende Costa, mostrando que em nossa cidade existe uma companhia teatral bem estruturada”, diz Abel.

Uma das atribuições da arte é fazer com que o observador saia de si mesmo e dos males que o afligem para, ainda que de forma momentânea, sentir fruir a essência do belo. “Enquanto, por aí, são prometidos prêmios como carros, dinheiro, empregos, joias etc., a Cia. Embaixadores traz consigo uma simplória promessa: a de fazer o espectador morrer de rir. E olha que em um mundo tão afetado e abalado por coisas ruins, essa não é uma missão fácil. Porém, os Embaixadores parecem vir conseguindo”, declara o talentoso ator e diretor Abel Júnior.

Sim, Abel! Quem foi ao Teatro Municipal de Resende Costa para participar do velório de Abreu Vilela de Sousa e chorar a sua morte, na verdade “morreu de rir”.

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