Comércio em quarentena

Empresários e lojistas de Resende Costa utilizam as novas tecnologias para manterem as vendas


André Eustáquio e Camila Chaves


fotoEliane Lemes, da loja Peça Rara (Foto arquivo pessoal)

Reinvenção e criatividade têm sido palavras e, sobretudo, atitudes comuns no dia a dia de empresários de diversos setores do comércio neste momento de grave crise sanitária e financeira que o mundo inteiro enfrenta. A pandemia de Covid-19 forçou o comércio a fechar as portas, paralisando subitamente a economia em escala global.

Desde o início da segunda quinzena do mês de março, o que mais se vê em todas as cidades brasileiras são portas fechadas (do comércio e das casas) – apesar de muitos municípios estarem começando a flexibilizar o isolamento social, justamente no auge da epidemia no Brasil. Em Resende Costa, no Campo das Vertentes, o comércio de artesanato é responsável por impulsionar a economia e o turismo no município de pouco mais de 11 mil habitantes.

Na avenida Alfredo Penido, entrada da cidade e onde se localizam mais de 80 lojas de artesanato, o cenário é de cidade vazia desde o começo da pandemia. “No dia 20 de março de 2020, pela primeira vez em quatro anos de comércio, fechamos as portas. Daí vieram o medo, a insegurança e a incerteza do que estava por vir com essa pandemia que assustou todos e assusta até hoje. Pensamos que talvez em uma semana ou, no máximo, em um mês voltaríamos ao normal, mas já se passaram setenta e poucos dias e continuamos fechados”, diz Sandra Silva Resende, da TC Linhas Artesanato.

A incerteza sobre a reabertura do comércio deixa lojistas e funcionários apreensivos. Não podendo contar com o retorno breve das atividades comerciais e com a volta iminente dos turistas que antes da pandemia lotavam a cidade, especialmente nos finais de semana e feriados, os lojistas tiveram de se reinventar. Muitos encontraram a internet e as redes sociais como importantes aliados. “Felizmente nem tudo está perdido. Eu e minha funcionária começamos a divulgação dos nossos produtos na mídia e conseguimos ganhar novos seguidores. Nosso Direct no Instagram e o WhatsApp tocam o dia todo”, comemora Sandra, que realiza entrega também em domicílio, em Resende Costa, e conta com uma transportadora que leva as mercadorias de sua loja a cidades de outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Espírito Santo. “Agradeço o apoio e o incentivo de cada um que faz parte da nossa história”, completa.

De portas fechadas

Além das lojas de artesanato, empresários de outros setores do comércio não considerados essenciais em Resende Costa também precisaram usar a criatividade para se manterem ativos. É o caso das lojas de roupas. Eliane Lemes, sócia-proprietária da Peça Rara Modas, com Gilsene Resende, com endereço na rua Gonçalves Pinto, centro da cidade, relatou como está trabalhando estando a sua loja com as portas fechadas. “Estamos nos adaptando a essa nova rotina. Estávamos acostumadas a ter contato direto com o cliente. Agora, com a pandemia e com a crise financeira que muitos já vêm enfrentando, estamos mais do que nunca tendo que nos reinventar”, disse a empresária.

Eliane conseguiu manter os clientes fiéis, apesar da distância e não podendo recebê-los como de costume em sua loja. “Graças a Deus, nossos clientes não nos abandonaram e, mais do que nunca, a tecnologia tem sido nossa aliada. Tentamos divulgar o máximo que conseguimos pelas redes sociais e finalizamos as vendas através do WhatsApp”. Ela frisa o cuidado com a higienização da mercadoria que entrega em domicílio a seus clientes, seguindo os protocolos de segurança, mas lamenta a dificuldade de encontrar novidades no mercado. “Não estamos tendo tanta variedade de mercadoria, pois estamos encontrando muita dificuldade ao fazer compras e entrar em contato com os vendedores. Mas estamos fazendo o possível para trazer o máximo de opções.”

As vendas por delivery estão dando certo e já é uma opção para o pós-pandemia. “Nós temos interesse em continuar com o delivery após a pandemia, já que na correria do dia a dia muitos clientes não possuem disponibilidade de ir até a loja”, planeja Eliane.

Apoio ao comércio

A pandemia pegou todos de surpresa. Projetos e metas importantes tiveram de ser adiados. A Asseturc (Associação Empresarial e Turística de Resende Costa) estava iniciando a construção do ambicioso projeto da nova sede, na avenida Alfredo Penido. As obras tiveram de ser interrompidas com a chegada do novo coronavírus. “Tivemos que parar desde o início de abril. Espero que a gente consiga dar continuidade em breve, mas ainda não obtivemos resposta do prefeito”, informou Luciene Cardoso, presidente da Asseturc.

A construção do CAT (Centro de Apoio ao Turista) é o principal projeto da atual diretoria da Asseturc para 2020. A pandemia está adiando a concretização das metas propostas, mas não desestimulando diretores e colaboradores da associação. “Estamos buscando meios para dar continuidade aos projetos que estavam em andamento. Dentre eles, o principal: a construção do CAT. Porque, através do CAT, poderemos alavancar e reconstruir o turismo em Resende Costa”, destaca Luciene.

União

A situação do comércio em Resende Costa preocupa a diretoria da Asseturc. Luciene diz que vem observando a movimentação dos lojistas que estão conseguindo vender através das redes sociais, mas se preocupa especialmente com aqueles que dependem exclusivamente do turismo na cidade. “Pelo que estamos observando e conversando com alguns lojistas do ramo do artesanato, a maioria está realizando vendas através de atendimento on-line. As transportadoras estão vindo aqui para fazer a coleta de mercadorias e alguns clientes optam pelos Correios. Porém, alguns lojistas que dependem exclusivamente do turismo não estão vendendo nada ou quase nada”, diz a presidente da Asseturc.

De acordo com Luciene, a situação é delicada e requer paciência dos lojistas. “É necessário ter paciência e buscar outros meios através das ferramentas disponíveis, como WhatsApp, Facebook e Instagram, para divulgar os produtos e realizar vendas.” Para a presidente da Associação Comercial e Turística de Resende Costa, é imprescindível a união de todos para que o comércio da cidade sobreviva à crise. “O comércio precisa sobreviver de alguma forma. A Asseturc está à disposição para contribuir com o que for preciso. Estamos preocupados com o comércio, mas, sobretudo, com a saúde da população. Agora, mais do que nunca, é importantíssimo todos nós nos mantermos unidos. Precisamos lutar juntos para sobrevivermos a essa pandemia”, conclui Luciene Cardoso.

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