Desafio, fé e determinação

Quatro ciclistas resende-costenses percorreram, em três dias, 360 Km entre Resende Costa (MG) e Aparecida (SP)


André Eustáquio


O grupo em frente ao Santuário Nacional de Aparecida. (foto arquivo pessoal)

Após longo período de planejamento, algumas vezes adiado pelo agravamento da pandemia, o sonho de ir de bicicleta até Aparecida (SP), no Vale do Paraíba, partindo de Resende Costa, em somente três dias, enfim se concretizou no feriado prolongado do 7 de Setembro (Independência do Brasil) para os ciclistas Antônio Garcia, Ronaldo Silva, Fábio de Mendonça e Leandro Chaves. Ao todo, eles percorreram 360 Km cruzando serras, trilhas e estradões num percurso desafiador. Os quatro ciclistas saíram de Resende Costa no sábado, 4, e chegaram ao Santuário Nacional de Aparecida na tarde da segunda-feira, 6. Os ciclistas contaram com o apoio de Charles Wagner, que os acompanhou durante todo o percurso.

O primeiro dia de pedal, entre Resende Costa e Carrancas, foi marcado pelo entusiasmo de se iniciar uma jornada que associou amor pelo esporte à fé em Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Os quatro ciclistas resende-costenses percorreram, no primeiro dia, cerca de 115 Km, orientados pelos marcos da Estrada Real em São João del-Rei. “Passamos pela capela de Nhá Chica, percorremos o caminho até a represa de Camargos (Caquende). Atravessamos de balsa a represa em direção a Carrancas, onde, no final, subimos a serra, cerca de 5 Km de ascensão. Ali há o famoso Pico Cruz das Almas. Chegamos ao fim do primeiro dia da jornada cansados, porém dispostos para o restante dos dias”, descreve o ciclista Antônio Garcia.

A vista deslumbrante do alto da serra de Carrancas certamente energizou os ciclistas, que tinham consciência do que os esperava no segundo dia da viagem, considerado por eles o mais crítico. De acordo com Antônio Garcia, o percurso de 140 Km entre Carrancas e Pouso Alto (MG) acumula 2.500 metros de altimetria. Isso, na linguagem dos ciclistas, significa morro que não acaba mais. “Foi o dia mais difícil. Saímos de Carrancas em direção a Pouso Alto. No primeiro trecho, até Cruzília (Sul de Minas), passamos pela Fazenda Traituba. Foram 68 Km extremamente desgastantes, com muita poeira e muito sol. Já cansados, fomos em direção a Baependi, Caxambu e São Lourenço, locais de muitas belezas e cachoeiras. Finalmente, exaustos, chegamos a Pouso Alto, naquele que foi o pedal mais difícil de nossas vidas. Mas com a graça de Nossa Senhora, chegamos”, conta Antônio.

 

Rumo ao Santuário Nacional

“Em procissão/ em romaria /romeiro
Ruma para a casa de Maria
Em procissão/ feliz da vida /romeiro
Vai buscar a paz de Aparecida”

A canção do padre Zezinho, “Lá no Altar de Aparecida”, descreve com exatidão a sensação de quem chega pela primeira vez ao Santuário Nacional. Ainda na Via Dutra, vê-se o colossal templo, casa da Mãe Aparecida, onde milhares de brasileiros, de todos os cantos do país, vão venerar a pequenina imagem da Virgem encontrada por pescadores nas turvas águas do rio Paraíba do Sul. A simbiose de fé, emoção e alegria é indescritível para quem chega em romaria, a pé, a cavalo e, para Antônio Garcia, Ronaldo Silva, Fábio de Mendonça e Leandro Chaves, de bicicleta.

Após atravessarem os paredões da Serra da Mantiqueira, que divide os estados de Minas e São Paulo, os quatro ciclistas estavam prestes a concluir o que fora, até hoje, o maior desafio vivido por eles pedalando. “Fomos finalmente para o último dia. O dia ‘mais tranquilo’, com cerca de 120 Km e 1.500 de elevação. Partimos de Pouso Alto com os corpos exaustos e mentes determinadas para cumprir nosso objetivo. Passamos pelo Mirante de Nossa Senhora, na divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, onde fomos recompensados com uma descida de 7 Km de trilha. Um visual deslumbrante”, descreve Antônio.

A partir desse trecho, o que era sonho foi se materializando até os ciclistas avistarem o templo de Aparecida. Parte final da viagem e início da recordação de uma experiência única que os acompanhará no decorrer de suas vidas. “A partir daí, já na parte final do trajeto, realmente pudemos acreditar em nossa chegada e na vitória. Já chegando ao santuário, a emoção tomou conta de nós e pudemos finalmente contemplar quão imensa é a basílica. Aquele sonho tão cuidadosamente planejado foi finalmente alcançado”, diz Antônio, ainda tomado pela emoção.

Os quatro ciclistas resende-costenses poderão agora cantar e testemunhar com o padre Zezinho o que reza a tocante canção “Lá no Altar de Aparecida”: “e cada qual tem uma história pra contar e o coração de cada qual tem um motivo pra rezar. Vem pra pedir, agradecer ou celebrar, aí quem tem fé no infinito sabe aonde quer chegar”.

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