O número de empregados com carteira assinada em São João del-Rei voltou a apresentar queda em março, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. O saldo entre contratações e demissões foi negativo em 49 vagas.

No primeiro trimestre do ano, as estatísticas do Caged para São João del-Rei mostram 1502 admissões de empregados contra 1509 desligamentos, com saldo negativo de 7 vagas. O número de empregos formais em 1º de janeiro era de 15.975 para um total de 4.097 estabelecimentos.

O número foi bem menor do que o saldo positivo registrado em fevereiro (84), diz o professor Aluizio Antonio de Barros, aposentado do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). “Como o primeiro mês do ano também foi negativo (- 42), o saldo do primeiro trimestre do ano foi negativo, mas pequeno (- 7), podendo estar sinalizando uma estabilidade no fundo do poço. No primeiro trimestre de 2016, a perda de postos de trabalho foi de 138.”

Comércio

O comércio são-joanense continua sendo o setor da economia mais prejudicado pela crise, observa Barros. “Os postos de trabalho com carteira assinada no comércio são-joanense caíram de 125 e 169 nos dois últimos anos. No corrente ano, a redução foi de 103 até março – menos da metade do número de vagas perdidas em igual período do ano passado (220).”

O setor de serviços, que inclui ensino, alojamento, alimentação e serviços médicos, teve um aumento de 50 vagas no trimestre, diz Barros. “A maior parte delas (20) foi no ensino com o início do ano letivo. As ocupações com maiores saldos são embalador (16), professor do ensino superior (13), servente de obras (11), atendente de lanchonete (10) e operador eletromecânico (10).”

O emprego formal em SJDR perdeu 820 postos de trabalho nos últimos dois anos, assinala Barros. “No acompanhamento que faço da economia são-joanense desde 1995, não tivemos um biênio pior do que 2015/2016 no mercado de trabalho. Reduções no emprego com carteira assinada são observadas nos anos de 1996 (607), 1998 (532), 2000 (76), 2015 (401) e 2016 (419).”

Brasil

A evolução do mercado de trabalho na economia formal são-joanense acompanhou o quadro nacional, explica Barros. Segundo o Caged, o Brasil perdeu 63.624 vagas de emprego em março, após registrar resultado positivo em fevereiro de 35.712 vagas. “No trimestre (janeiro a março) do ano, o saldo negativo de 64.378 postos de trabalho eliminados é bem menor do que a perda de 303 mil no primeiro trimestre de 2016.”

Nos dois últimos anos, o Brasil teve a maior queda do PIB (recessão) da sua história: mais de 7% (3,8 e 3,6%), lembra Barros. “Essa recessão enfraquece o mercado de trabalho com a taxa de desemprego atingindo 13 milhões de brasileiros, que representam 13,2% da força de trabalho do país, segundo o IBGE.”

A expectativa de recuperação da economia mantém-se para o corrente ano, segundo Barros. “O crescimento do PIB, contudo, deverá ser modesto (menos de 1%). O mercado de trabalho reage com um certo atraso ao aumento das vendas. Isto devido ao custo para o empresário nas contratações e demissões de empregados. Ao sentir firmeza na reativação da economia, o empresário contrata novos trabalhadores.”

De acordo com o professor, há sinalizações positivas para a saída da recessão. “Uma delas é a queda da taxa básica de juros ocasionada pelo controle da inflação. A outra é o ganho de renda real (reajustes salariais acima da inflação) nesse início do ano, também motivada pelos bons resultados do combate à inflação e pelas negociações dos trabalhadores. Os reajustes salariais superaram a inflação em todos os setores, exceto a indústria. Os percentuais de ganhos reais são, todavia, pequenos (menos de 2%), conforme pesquisa da Fipe/SP.”

Além disso, “juros em queda e rendimento do trabalho em alta são ingredientes de uma economia direcionada para o crescimento”.