Empresário no ramo de Bike em SJDR diz que durante a pandemia vendas cresceram 100%

Com o aumento na procura por bicicletas, manutenções e equipamentos, empresa não conseguiu atender todas as demandas


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Vanuza Resende0

Mauricinho, da Bike Shop em São João del-Rei. Empresário e ciclista (Foto arquivo pessoal)

Além das preocupações com a saúde durante a pandemia de Covid-19, o cenário econômico também desperta preocupação. Números apontam o aumento no desemprego e grande quantidade de comércios que fecharam as portas. Mas um ramo do setor econômico vem na contramão: as lojas de bicicletas. Justamente pela preocupação com a saúde, buscando-se um aliado para a saúde mental e para a prática de exercício físico, houve um aumento expressivo na procura pelas magrelas, que estão cada vez mais queridas. 

O proprietário da loja Bike Shop, Maurício Giarola de Resende, o Mauricinho, que trabalha nesse mercado em São João del-Rei há 25 anos e é competidor de mountain bike desde 1997, falou sobre o aumento na procura por bicicletas. De acordo com ele, apesar das vendas terem se acentuado nos últimos meses, elas vêm crescendo já há algum tempo. “A bicicleta foi o que o pessoal encontrou de seguro para praticar exercício físico na quarentena. Qualquer pessoa podia pegar sua bicicleta e sair por aí, para distrair a cabeça e movimentar o corpo. Mas a bicicleta tem crescido muito, mesmo fora da pandemia. Hoje o ritmo que o ser humano leva, com trabalho intenso, celular o dia todo, aquela correria, a bicicleta oferece contato com a natureza, aquele vento no rosto, uma sensação de liberdade. E quando você está ali pedalando, você não se lembra dos problemas, das contas a pagar. Além do bem que faz para o corpo”, destaca o empresário.

 

Preços altos e bicicletas em falta no mercado

Com o aumento na procura pelas bicicletas, associado à diminuição da mão de obra no período em que as fábricas ficaram fechadas ou diminuíram o ritmo de trabalho, o consumidor acabou encontrando dificuldades em encontrar as bicicletas para comprar. “Houve uma parada forçada nas fábricas no mundo todo. E com o grande aumento da procura por bicicletas, praticamente foi vendido todo o estoque. Com isso, aumentou muito o número de vendas e as fábricas não estão dando conta de produzir”, explica Mauricinho.

De acordo com o empresário e ciclista são-joanense, o preço final passado ao consumidor subiu até 40%. Ainda segundo ele, o principal fator foi o aumento do dólar, aliado à grande procura. Ainda assim, as vendas aumentaram cerca de 100%. “Tivemos uma demanda muito grande. Entre os meses de maio a agosto, tivemos um aumento de 100% nas vendas. E não conseguimos atender todo mundo. Ficamos até preocupados com a qualidade do serviço, devido à demanda grande. Agora deu uma normalizada, mas ainda estamos com bastante movimento. Por exemplo, o que chega já está encomendado. Infelizmente, a gente está deixando de atender muitas pessoas. Apesar disso, a nossa expectativa é boa, porque com esse número de novos adeptos, se ao menos 30% continuarem pedalando, o mercado vai ficar aquecido por muito tempo ainda”, analisa Mauricinho.

 

Cidade plana, SJDR não tem ciclovias

Para nós resende-costenses, atravessar a cidade usando a bicicleta como meio de transporte é preciso tempo e muita disposição, haja vista a quantidade de morros na cidade das lajes. Um cenário bem diferente da histórica São João del-Rei, com a maioria de suas ruas planas e, consequentemente, bem convidativas ao uso da bicicleta como meio de transporte. Mauricinho diz que na década de 70 esse era inclusive o meio de transporte mais utilizado na cidade, mas hoje um item dificulta o transporte: a segurança. “Antigamente as pessoas não tinham tantas condições, como hoje, de terem seus carros. Sendo assim, o principal meio de transporte era a bicicleta, para a qual a cidade sempre foi muito propícia. Você consegue ir da Colônia até o centro, porque é só plano. Em Matosinhos, a mesma coisa. Por outro lado, infelizmente, não temos ciclovias. Como o nosso trânsito é bem caótico, torna-se perigoso usar a bicicleta, porque não existe uma via especifica para quem anda de bike”, destaca.

Ainda de acordo com Mauricinho, já foram feitas tentativas para que se construísse uma ciclovia na cidade. “Eu, como usuário de bicicleta, já tentei várias vezes fazer com que tenhamos vias para ciclistas. Estamos com alguns projetos ainda sendo desenvolvidos e, com certeza, será um ganho muito grande para a cidade se esse movimento ganhar forças e sair do papel”, destaca.

 

Para as primeiras pedaladas

Pode ser que a vontade de começar a pedalar necessite esperar um tempinho, afinal as lojas estão com estoques praticamente zerados. Mas nada que uma fila de espera de um a dois meses não resolva. Por outro lado, o investimento inicial para adquirir uma bicicleta para a prática de longos trajetos é de cerca de R$2.000 a R$2.5000, podendo chegar a valores bem mais altos.

Para aqueles que querem começar a pedalar, Mauricinho dá algumas dicas que podem fazer a diferença e estimular o ciclista iniciante. “É muito importante o uso do equipamento de proteção, porque houve vários casos de pessoas que não usaram capacetes, caíram e tiveram acidentes até mesmo graves. O equipamento de proteção, não só o capacete, mas a bermuda, os óculos, a blusa são muito importantes. Outra dica é estudar o local em que se vai fazer a pedalada, se a rota é segura. E uma pessoa inexperiente não deve tentar seguir de uma vez os mesmos caminhos de uma pessoa que já pratica o esporte há mais tempo. É preciso ir aos poucos para pegar mais intimidade com a bike e domínio sobre ela. E sempre tentar se divertir ao máximo”, conclui o empresário e ciclista.

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