“A RCC surge no contexto do encerramento do Concílio Vaticano II, convocado por São João XXIII, que conclamava a Igreja a viver ‘um novo Pentecostes’”

Padre Javé Domingos, assistente eclesiástico da Renovação Carismática na Diocese de São João del-Rei, conversou com o JL sobre a RCC, que está comemorando Jubileu de Ouro no Brasil


Entrevistas

André Eustáquio0

Padre Javé Domingos é pároco de Minduri e assessor eclesiástico da Renovação Carismática na Diocese de São João del-Rei (Foto arquivo particular)

Neste ano, comemoram-se os 50 anos da Renovação Carismática Católica (RCC) no Brasil. Esse movimento católico nasceu durante um retiro de jovens na Universidade de Duquesne, nos Estados Unidos, em 1967. Apenas dois anos depois, o movimento carismático chegava ao Brasil, em Campinas (SP), através dos jesuítas padre Haroldo Rham e padre Eduardo Dougherty (ver reportagem na página 5). A partir desse impulso, o chamado “Pentecostalismo Católico” rapidamente se espalhou pelo Brasil todo. Na Diocese de São João del-Rei, a RCC se faz presente em quase todas as paróquias. O Jornal das Lajes conversou com o padre Javé Domingos Silva, assistente eclesiástico da Renovação Carismática na Diocese de São João del-Rei. Padre Javé é pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Minduri, Sul de Minas.

 

Presença da Renovação Carismática na Diocese de São João del-Rei

 “A Renovação vem realizando trabalhos de evangelização e procurando, de maneira esforçada, viver em tudo a comunhão com a Igreja. Além das práticas de espiritualidade, muitos Grupos de Oração mantêm atividades sociais na busca de uma pregação encarnada e viva. Estamos, atualmente, realizando pesquisas sobre as origens. Mas é certo que nos dois primeiros anos da década de 1980 já havia grupos de oração em Lavras e São João del-Rei.”

 

O surgimento

“A RCC surge no contexto do encerramento do Concílio Vaticano II (1962-1965), convocado por São João XXIII, que conclamava a Igreja a viver ‘um novo Pentecostes’, nessa quadra de grandes novidades para a sociedade e para a Igreja. De fato, a década de 60 do século passado foi um período de intensas transformações em todo o mundo. Na política, nos comportamentos e nos estilos. Na Igreja essas transformações chegariam movidas pelo impulso do Espírito, promovendo o aggiornamento (atualização) proposto por São João XXIII. A RCC surge com outros inúmeros movimentos e novas comunidades que assumiram tal orientação do Concílio, como afirmou o Papa Bento XVI: ‘Quem olha para a história da época pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que muitas vezes assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpáveis a vivacidade inesgotável da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo’ (Missa Crismal, 2012).”

 

Espiritualidade, metodologias e pastoral

“A espiritualidade da RCC se fundamenta, essencialmente, na cultura de Pentecostes e no uso dos dons carismáticos (dons ministeriais colocados a serviço da comunidade). A RCC prega, ainda, uma experiência religiosa do encontro pessoal e comunitário com o Cristo como forma de engajamento eclesial. As metodologias próprias de oração e de evangelização utilizadas pela RCC não raro provocaram estranheza e questionamentos; afinal, tratava-se de novidades que não estavam isentas de desvios e exageros. Entretanto, transcorridos 50 anos de existência, a RCC é uma das expressões da Igreja de nossos tempos, com trabalhos já reconhecidos e com práticas já depuradas. Muitos frutos tem dado à seara da Igreja: renovação da pertença eclesial, recuperação de pessoas já ‘perdidas’, incentivo à leitura da Palavra de Deus, incentivo à prática sacramental são alguns dos muitos frutos colhidos nesse meio século. Já a base pastoral da RCC é constituída pelos Grupos de Oração, que são encontros semanais nos quais os participantes louvam a Deus, rezam com os dons carismáticos, refletem a Palavra de Deus e aprimoram a vivência da fraternidade.”

 

Frutos

“Nesse meio século, a Renovação Carismática Católica tem feito muito bem à Igreja e às pessoas, apresentando um modo simples e novo de seguimento do Evangelho. É notável o incremento da vida sacramental, o fortalecimento da identidade eclesial, novos projetos de vida a partir de mudanças e conversões, dentre muitos outros frutos bons, superando caminhos tortuosos e preconceitos, com grande esforço de caminhada nos trilhos seguros da Santa Igreja.”

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário