Epopeia que conduziu o progresso a Resende Costa


Editorial

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Diariamente o vai-e-vem de carros, de caminhões e de ônibus é intenso na rodovia que liga Resende Costa à MG-383. Pouco mais de 14 quilômetros unem a entrada da cidade ao trevo por onde entram turistas, viajantes e trabalhadores que promovem, há 40 anos, o desenvolvimento do município. O Jornal das Lajes destaca nesta edição uma verdadeira saga que movimentou a cidade e suas lideranças políticas no fim da década de 70 e no alvorecer dos saudosos anos 80.

“As barreiras pareciam intransponíveis, mas fomos à luta entre 1976 e 1978”. Com essa frase, o promotor Antônio Pedro da Silva Melo, o Toninho Melo, resume como foi a luta dele, então presidente da Câmara Municipal, do ex-prefeito Ocacyr Alves de Andrade, do saudoso pároco monsenhor Nelson Rodrigues Ferreira e de outras lideranças locais para que os resende-costenses, enfim, conseguissem se livrar da poeira e do barro da velha Cava Amarela e do Viegas e a cidade pudesse ter uma rodovia de acesso asfaltada.

Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista José Venâncio de Resende, Toninho Melo detalha, passo a passo, como a obra aconteceu, desde as tratativas políticas e os inúmeros percalços surgidos no decorrer da obra à solenidade de inauguração ocorrida num palanque montado no adro da igreja matriz de Nossa Senhora da Penha de França.

Até o final da década de 1970, a população de Resende Costa sofria com os transtornos de não ter água tratada em suas casas, com a falta de emprego e de infraestrutura. Quem queria, e podia, ir a São João del-Rei, distante pouco mais de 35 quilômetros, tinha de enfrentar o barro, na época das chuvas, e muita poeira quando a seca castigava. Não havia conforto nas velhas jardineiras que faziam o transporte dos resende-costenses que precisavam ir à “cidade”, como bem descreve o conterrâneo Antônio de Lara Resende em seu livro “Memórias, volume 1”, referindo-se a São João del-Rei. De acordo com o memorialista, “Cidade” era como os antigos moradores de Resende Costa referiam-se à “longínqua” São João del-Rei.

Os anos foram passando e o sonho de ter uma rodovia asfaltada aumentava entre os cidadãos e políticos da antiga Laje. Mas era um sonho. Para muitos, quase uma utopia. Obra cara, dispendiosa, inexequível aos pobres cofres públicos da Prefeitura Municipal. Portanto, convencer o governo do Estado a empreendê-la foi uma epopeia tão grandiosa quanto colocar máquinas pesadas da empreiteira Serveng-Civilsan para abrir uma estrada num terreno de serrado, barrancos, pedreiras e brejos. Conforme recorda o ex-vereador de Resende Costa, Toninho Melo, um dos líderes da administração do saudoso prefeito Ocacyr Alves de Andrade, os adversários políticos riam e subestimavam o projeto da rodovia asfaltada. “E o pessoal do outro partido falava: ‘Ah! Isso aí... No dia seguinte da eleição eles põem esse trator na carreta e levam embora’. Nós passamos por isso tudo”.

Este editorial não pretende contar a história da construção da LMG-839. O promotor Toninho Melo o fez de forma irretocável na entrevista especial ao Jogo Aberto, publicada nas páginas 5 e 6. O que este texto pretende é celebrar o sonho, a saga, os desafios de homens públicos e idealistas que lutaram a fim de que, um dia, Resende Costa pudesse se desenvolver. E esse sonho não tardou a realizar-se. Em seu discurso no adro da matriz, Toninho Melo profetizara: “Governador, essa estrada há de inverter a marcha de saída dos seus filhos (de Resende Costa) em busca de dias melhores.” Ele estava certo. Os filhos de Resende Costa voltaram e consigo trouxeram o progresso.

Pela Rodovia Alfredo Penido – nome dado à estrada aos 13 de maio de 1982, a partir do projeto de lei 1532/1981, de autoria do deputado estadual José Bonifácio Filho (PDS) e sancionado pelo governador Francelino Pereira, em homenagem ao pai do empreiteiro resende-costense Pelerson Soares Penido, dono da Serveng e responsável pela execução da obra – o progresso definitivamente chegou a Resende Costa. “Podemos dizer que passamos a ter mais uma data (20 de março de 1981) de emancipação da cidade, além do 02 de junho de 1912”, comemora Toninho Melo.

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