Esperança de um ano de paz


Editorial

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A primeira edição de 2020 do Jornal das Lajes traz como destaque a 2ª Virada Cultural de Resende Costa. O evento marcou a chegada do ano-novo para aqueles que desejaram brindar com os amigos a virada de ano na rua Gonçalves Pinto, tradicional ponto de encontro dos resende-costenses no centro da cidade. Os organizadores afirmam que o objetivo da Virada Cultural é oferecer ao público uma programação eclética e gratuita, além de valorizar os eventos populares na tradicional “avenida” de Resende Costa.

Na avenida ou nas festas organizadas em bares e clubes, a meia-noite do dia 31 de dezembro traz à tona um sentimento comum a todos: o desejo de que a esperança conduza nossas ações no novo ano que está nascendo. E é isso que desejamos aos amigos, familiares e até mesmo àquelas pessoas que mal conhecemos, mas que nos abraçam desejando-nos paz, harmonia, saúde e felicidade.

O filósofo e teólogo Mario Sérgio Cortella apresenta-nos uma reflexão pontual e elucidativa sobre a esperança. Ele distingue esperança, do verbo esperançar, com esperança, do verbo esperar. “Não confundamos esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Violência? O que posso fazer? Espero que termine… Desemprego? O que posso fazer? Espero que resolvam… Fome? O que posso fazer? Espero que impeçam… Corrupção? O que posso fazer? Espero que liquidem… Isso não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.”

As nossas esperanças para 2020 reúnem também anseios de espera. Esperamos, sim, que os líderes mundiais respeitem o meio ambiente num planeta que chora e arde em chamas devido aos efeitos apocalípticos do aquecimento global; esperamos que a humanidade se sensibilize com a fome e a miséria que ainda assolam e escravizam milhares de pessoas nas periferias esquecidas dos continentes; esperamos que a paz se efetive em atitudes ao invés de ser apenas tema coadjuvante em assembleias, reuniões e discursos utópicos; esperamos que a democracia supere a crise global na qual se engalfinhou e vença o autoritarismo, o maniqueísmo perigoso e a bipolaridade cega que fizeram surgir, nos quatro cantos do planeta, líderes que inflamam os mais insidiosos sentimentos de ódio, de divisão e de guerra.

Mas não apenas esperemos, como nos ensina Cortella. Corramos atrás dos nossos sonhos, levemos adiante nossos propósitos. Se o que vemos não nos agrada, juntemos nossos esforços aos de outros e construamos juntos novos caminhos e novas alternativas. Ano-novo não é somente uma data a ser comemorada. É um novo diário que se abre com folhas brancas a serem escritas, reescritas e reelaboradas por novas ideias, novas personagens, novos enredos mirando finais surpreendentes e felizes.

Ano-novo é ocasião em que o tempo transcende as doze badaladas da meia-noite de 31 de dezembro, transformando-se em nossa medida existencial. Talvez seja o único dia do ano em que olhamos atentamente para o relógio e observamos os ponteiros se movimentarem lentamente a fim de refletirmos, à meia-noite, sobre o que queremos para a nossa vida. Ano-novo é o novo que nos convida a sermos novos.

Façamos, pois, de 2020 um ano de esperança renovada, de atitudes que nos levem a sermos construtores de uma sociedade onde, enfim, a paz não seja apenas uma moeda de troca em rodadas de negociações nas quais impera tão somente o desejo daqueles que buscam obstinadamente o poder e a dominação.

Seja bem-vindo, 2020!

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