Estação ferroviária de Prados de 1881: restam apenas as paredes em pé


Cultura

José Venâncio de Resende0

fotoAndré Eustáquio em frente às ruínas da antiga estação de Prados (foto: Fábio Belo).

Inaugurada em 1881, apenas as paredes da estação ferroviária de Prados continuam em pé. “A pequena vila à sua volta ainda sobrevive, mas a distante prefeitura de Prados não parece nem um pouco interessada em sua conservação”, diz artigo publicado no site Estações Ferroviárias do Brasil*.

A estação foi fechada, em dezembro de 1984, com a erradicação da linha da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM). “Em 2003, estava abandonada, tendo sido saqueada, com todas as portas e janelas arrancadas. O piso de tábuas havia sido arrancado e o forro de madeira do teto estava desabando com a unidade. O telhado desabou no segundo semestre desse ano”, informa Bruno Nascimento Campos.

E continuava sendo destruída aos poucos, prossegue Bruno. “Havia um ano (em 2004), o telhado estava caído, mas estavam lá os portais, uma das portas do armazém e o chão de tábua corrida. Agora, levaram quase todos os portais, desmancharam o fogão de lenha e agora estavam levando as telhas.”

O que resta da estação fica a uns 3 ou 4 km distante da cidade de Prados, “por reivindicação dos moradores” na época de sua construção, segundo relato de Marcos Cavaliere que, na década de 1970, desceu no local em companhia de um amigo durante viagem entre São João del-Rei e Barroso. “Este passeio ficou marcado pois tratava-se de uma viagem normal, não turística, com passageiros comuns carregando compras. Na época, tive o privilégio de viajar em uma Maria-fumaça de verdade, que deve ter sido uma das últimas no Brasil neste contexto.” Na época, a estação, “muito bonita e bucólica”, era “totalmente isolada no meio de um pasto cortado apenas por uma estradinha de terra que cruzava os trilhos do trem próxima à estação”.

Tancredo Neves

O capítulo sobre Prados, do meu livro “A política em municípios dos Campos das Vertentes” (Coleção Lageana/Amirco), revela que Tancredo Neves trabalhou como advogado em Prados, no início da sua carreira, “com brilhante atuação, ganhando diversos processos”, de acordo com Roseni Pinheiro, o fundador do MDB local.

Tancredo ficava em Prados a semana inteira e em São João del-Rei nos fins de semana. No auge da ferrovia, todo dia de manhã ele chegava a Prados procedente da estação de trem. “Lembro do Tancredo subindo a rua (Coronel José Manuel), com uma pastinha preta, rumo ao Fórum”, diz José Geraldo da Costa, o Nhô Marques da antiga Selaria Estrela. Até que se tornou vereador em São João del-Rei e entrou em definitivo na vida política.

Antiga ferrovia

A EFOM foi aberta em 1880, ligando com bitola de 0,76 cm as estações de Sítio (Antonio Carlos) e Barroso. Mais tarde, foi prolongada até São João del-Rei (1881), alcançando Aureliano Mourão em 1887. Ali havia uma bifurcação, com uma linha chegando a Lavras (1888) e a principal seguindo para o norte até atingir, finalmente, Barra do Paraopeba (1894). Dela saíam diversos e pequenos ramais.

A linha da EFOM foi extinta em pedaços: o primeiro, em 1960 (Pompeu-Barra); e o último, em 1984 (Antonio Carlos-Aureliano). A exceção foi o trecho São João del-Rei a Tiradentes, que continua em atividade até hoje. Também se conserva o trecho Aureliano-Divinópolis, ampliado, em 1960, para bitola métrica, ligando hoje Lavras a Belo Horizonte. 

*http://www.estacoesferroviarias.com.br/rmv_efom/prados.htm

Fonte: www.patriamineira.com.br

 

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