Fazenda das Éguas necessita de reformas com emergência


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Emanuelle Ribeiro0

fotoParte do alicerce e estrutura de pau a pique estão seriamente comprometidas. Foto Emanuelle Ribeiro.JPG

Tombada pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Resende Costa no dia 30 de outubro de 2007, através do decreto municipal nº 82, a Fazenda das Éguas, localizada na região do Ribeirão de Santo Antônio, encontra-se, atualmente, com sérios problemas em seu alicerce e no telhado, correndo risco iminente de desabar. No último dia 26 de janeiro, o Jornal das Lajes acompanhou o prefeito municipal Aurélio Suenes em visita ao local. Devido aos problemas observados, o prefeito acredita ser necessária uma intervenção de emergência para que reparos sejam realizados, o que, conforme ele, deve acontecer em breve.

O tombamento da Fazenda das Éguas foi justificado pelas características estilístico-arquitetônicas e importância histórica da propriedade para o município, visto que no desenrolar da primeira metade do século XVIII, a fazenda teve importante relevância para o abastecimento da região.

A última reforma realizada na Fazenda das Éguas aconteceu em dezembro de 2009. Na ocasião, a Prefeitura Municipal reparou alguns cômodos da casa, especialmente os quartos, tapando buracos e pintando. O problema atual é praticamente o mesmo de alguns anos atrás: a rachadura que separa dois quartos voltou a se abrir e parte do alicerce está caindo, colocando em risco de queda alguns cômodos da casa. O proprietário da Fazenda, Romeu Resende Maia, disse que a família está receosa: “O problema com o alicerce já vem de uns 10 anos, mas agora piorou. A gente tem medo de que parte da casa caia. Tem também o telhado com algumas telhas quebradas. Não temos condições de fazer uma boa reforma”.

 

Histórico. A Fazenda das Éguas está localizada a 23 quilômetros da cidade e sua origem, em 1747, está ligada à distribuição das primeiras sesmarias na região. O nome da propriedade vincula-se à extensa criação de equinos, sua principal fonte de renda em tempos posteriores à sua fundação. Denominado Conjunto Paisagístico da Fazenda das Éguas, o local é composto pela sede, edificações anexas – casa de máquinas, cocho, chiqueiro, paiol, forno – e área verde no entorno. Foram detectados ainda, durante o processo de tombamento, extensos muros de pedra seca que se associam à de mão-de-obra escrava, além de vestígios da senzala e antiga “venda”, ao lado da fachada principal.

O presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural, André Eustáquio, também visitou a fazenda em janeiro e deu o seu parecer: “A situação é muito preocupante. Quando o Conselho efetuou o tombamento, a situação em que se encontrava o imóvel já nos preocupava muito. Com o tempo, o imóvel se degradou e agora atingiu um nível alarmante. É preciso que se faça uma intervenção urgente para não deixar o imóvel ruir”.

O Conselho já está trabalhando para que os reparos de emergência sejam realizados. Para isso, no entanto, é necessário um projeto, a parte mais difícil do processo, como explicou o prefeito Aurélio: “Precisamos de profissionais capacitados e que tenham familiaridade com o patrimônio. É necessário entrarmos em contato com os órgãos responsáveis para que tudo seja feito da forma correta. Manter a Fazenda das Éguas é importante para a preservação da nossa história e, mesmo com a crise (econômica), uma intervenção de emergência é necessária e iremos realizá-la. O estado da propriedade não é de calamidade total, o que preocupa mesmo é esta parte do alicerce. A estrutura, em geral, está em boas condições”.

Como se trata de uma propriedade particular, a manutenção da fazenda, mesmo após o tombamento, é de responsabilidade tanto dos proprietários quanto do poder público, como nos explicou André: “O proprietário de um bem tombado possui o dever de preservar o imóvel, realizando obras para sua manutenção. Mas, quando não possui condições, deve comunicar ao órgão público competente. No caso específico da Fazenda das Éguas, o órgão público responsável é a Prefeitura Municipal, através do Conselho de Patrimônio, uma vez que o imóvel foi tombado a nível municipal. Portanto, de acordo com a legislação vigente, o proprietário é o responsável direto pela preservação do imóvel. Porém, uma vez tombado, o poder público tem o dever de auxiliar o proprietário na preservação de seu imóvel”.

Sendo assim, a prefeitura tem o dever de ajudar os proprietários a preservar a Fazenda das Éguas. “A gente reconhece que é muito difícil para a prefeitura realizar, somente com recursos próprios, uma reforma geral ou restauração da fazenda. É muito caro. Mas é urgente que a prefeitura, dentro de suas limitações, disponibilize recursos para a preservação da fazenda. A prefeitura pode também trabalhar para tentar obter recursos em outras fontes. Aproveito para deixar uma pergunta que inquieta, ou seja, o que a comunidade de Resende Costa pode fazer para preservar o nosso patrimônio? Visto que ao longo dos anos, perdemos muito do nosso patrimônio histórico e cultural, o que podemos fazer além de cobrar do poder público? Acredito que todos nós, enquanto cidadãos, temos o dever de cobrar, mas também de ajudar a preservar nosso patrimônio”, destacou o presidente do Conselho de Patrimônio.

 

Segundo André, o Conselho trabalha no momento visando à reforma de emergência da Fazenda das Éguas: “Quando a Fazenda foi tombada eu era presidente do Conselho. Lutamos muito, naquela ocasião, pelo tombamento, visando a oferecer amparo legal ao poder público a fim de ajudar os proprietários a preservá-la. Desde o tombamento, posso dizer que lutar pela preservação da Fazenda das Éguas tem sido prioridade do Conselho. Ao longo desses anos, o Conselho tem cobrado do Executivo Municipal ações de preservação da fazenda. Mas, é importante que trabalhemos juntos (Conselho, proprietários, prefeitura, comunidade), a fim de encontrarmos meios para preservar a Fazenda. Não podemos deixar que em Resende Costa mais um imóvel histórico desapareça”, concluiu.

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