Homenagem da Rádio Inconfidentes ao radialista João da Zica, o cumpadre João (1949-2017)


Homenagem Especial

André Eustáquio0

fotoJoão da Zica apresentou o programa Rancho do Cumpadre João, sucesso na Rádio Inconfidentes FM

A noite cai no rancho do cumpadre João. O sol se pôs, a sombra da noite avança pela copa das árvores. Os grilos cantam, o gado emudece, o galo dorme. Os pássaros se recolhem furtivos entre os galhos das árvores.

Faz silêncio no rancho. Os cavalos não relincham, o vaqueiro não solta sua voz altiva chamando pelo gado que se perdeu na imensidão das campinas. Só resta uma chama ardente a crepitar no velho fogão de lenha...

Há tristeza e solidão no rancho. O rádio que dava alegria ao cumpadre emudeceu-se.

Amanheceu no rancho. A relva da manhã cobre as campinas e o riacho que corre silencioso... O sol desponta tímido e frio. Os animais despertam e perguntam tristes para a natureza: onde está o cumpadre?

O cumpadre João abandonou o rancho na noite da segunda-feira 19 de junho. Silencioso, ele fechou as portas da sua casinha, despediu-se solitário dos seus amigos e partiu... Ninguém o viu bater a tranca da velha porteira do rancho, mas ele se foi deixando tristeza e saudade.

Durante muitos anos, o estúdio da Rádio Inconfidentes transformava-se nas tardes, e mais recentemente nas manhãs de sábado, no RANCHO DO CUMPADRE JOÃO. Com seu jeito simples de homem do campo, João Pedro da Silva, ou João da Zica, como era conhecido por todos em Resende Costa, conquistou uma legião de fãs que ligavam o rádio para ouvir o sertanejo caipira, receber os abraços do cumpadre e divertir-se com os animais que “falavam” no microfone do cumpadre João.

Algumas pessoas, que não o conheciam, perguntavam: esse tal de João é uma personagem ou é ele mesmo? Sim, é ele mesmo. Respondemos. Chapeuzinho na cabeça, voz mansa, jeito tímido do interior. O cumpadre João não foi uma personagem. Era mesmo o João da Zica, no seu rancho.

João, a sua partida deixou em todos nós, amigos e companheiros de trabalho de longos anos na Rádio Inconfidentes, um vazio profundo. Estamos tristes. O seu rancho está triste. Nesta manhã, o galo não cantou, a vaca não berrou, o cavalo não relinchou. Você fechou a porteira do rancho e foi-se embora com seu velho chapéu na cabeça. Seguiu no estradão da vida até a névoa da morte lhe cobrir...

Descanse em paz. Obrigado pela sua amizade e pelo valioso trabalho que, com carinho e dedicação, dispensou à Rádio Inconfidentes.

Continuaremos em nossa jornada, lembrando-nos do nosso velho amigo cumpadre João que permanecerá nos ensinando que sucesso é fruto da humildade, que a simplicidade nos permite colher o que de mais bonito a vida nos reserva.

Que Deus o acolha, querido amigo e companheiro João da Zica.             

 

Homenagem dos diretores, locutores e funcionários da Rádio Inconfidentes FM.

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