“Desde 1717, a imagem de Nossa Senhora Aparecida tem sido sinal de esperança para um povo sem esperança”

O JL entrevistou padre Marcos Alexandre Pereira, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Lavras, Diocese de São João del-Rei


André Eustáquio


Padre Marcos Alexandre Pereira, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Lavras (Foto André Eustáquio)

O Censo Anual da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de 2016 informou que existem no Brasil pelo menos 570 paróquias dedicadas a Nossa Senhora Aparecida. Esse número poderá ter aumentando de lá para cá, uma vez que inúmeras comunidades, em diversas dioceses Brasil afora, pleiteiam elevar-se à condição de paróquia e muitas delas têm como padroeira Nossa Senhora Aparecida.

Em 13 de outubro de 2009, foi criada pelo então bispo diocesano, atualmente bispo emérito, dom Waldemar Chaves de Araújo, a primeira paróquia dedicada à santa padroeira do Brasil na Diocese de São João del-Rei. A Paróquia Nossa Senhora Aparecida está localizada na cidade de Lavras (MG), possui 19 comunidades, sendo 11 na cidade e oito na zona rural. A paróquia conta, em toda a sua extensão, com população estimada de 30.000 habitantes.

Padre Marcos Alexandre Pereira, 48, é pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Lavras, desde a sua criação. Ele tomou posse no mesmo dia em que foi criada a paróquia. Natural de Lavras, padre Marcos ordenou-se sacerdote em sua cidade natal no dia 21 de dezembro de 2001, na Paróquia de Sant’Ana, administrada pela Congregação Dehoniana dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (SCJ).

Padre Marcos completou 17 anos de sacerdócio e possui larga experiência em atividades eclesiais ligadas à pastoral. “Em fevereiro de 2002, participei do Encontro Nacional de Presbíteros em Itaici (SP), representando a Diocese de São João del-Rei. No mesmo ano, fui eleito representante dos Presbíteros, função que exerci com carinho. Em seguida, fui eleito vice-presidente da Comissão Regional de Presbíteros do Regional Leste II da CNBB, que engloba os estados de Minas Gerais e Espirito Santo”, informa o sacerdote.

Além de pároco, padre Marcos Alexandre é o Coordenador de Pastoral da Diocese de São João del-Rei, embora ele esclareça que essa função, como outras na diocese, está suspensa em razão do falecimento do bispo diocesano dom Célio de Oliveira Goulart, em janeiro deste ano. “Fui nomeado pelo saudoso dom Célio de Oliveira Goulart em 2017, com provisão até 2020. Mas essa função está suspensa até a chegada do novo bispo, que poderá confirmá-la ou não”, diz.

O JL conversou com padre Marcos Alexandre sobre o seu trabalho na coordenação Diocesana de Pastoral e, especialmente, acerca de seu ministério frente à única paróquia da Diocese de São João del-Rei dedicada a Nossa Senhora Aparecida.

Como é ser pároco da única paróquia da Diocese de São João del-Rei dedicada à padroeira do Brasil? Ser pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida é uma honra e ao mesmo tempo um desafio, pois a paróquia é nova e há muitas coisas a serem feitas, quer seja no aspecto pastoral ou na estrutura física da paróquia. Mas temos certeza de que Deus cuida de nós e que Nossa Senhora Aparecida nos ampara, assim como a todo o povo brasileiro. Isso faz a diferença e nos lança neste belo caminho do Reino de Deus.

Como o senhor estimula a devoção a Nossa Senhora Aparecida em sua paróquia? Sou devoto de Nossa Senhora desde criança. O povo brasileiro tem paixão por Nossa Senhora Aparecida, o que muito nos ajuda a estimular a devoção, tanto na pastoral quanto na espiritualidade mariana. Isso não se dá somente na paróquia aqui em Lavras, mas em todo o Brasil. Como nos lembrava o Papa Francisco no Santuário Nacional de Aparecida: “O Senhor ofereceu ao Brasil sua mãe, esta Nossa Senhora Aparecida.” Os brasileiros sabem que a mãe do Brasil sempre se faz presente na vida desse povo sofrido. Desde 1717, a imagem de Nossa Senhora Aparecida tem sido sinal de esperança para um povo sem esperança. Nossa Senhora continua sendo uma presença do amor materno de Deus.

O senhor colabora como Coordenador Diocesano de Pastoral na Diocese de São João del-Rei. As devoções aos santos e a Nossa Senhora estimulam os fiéis a engajarem-se nas pastorais da Igreja? A devoção popular ajuda muito no trabalho pastoral a partir do momento em que parte daquilo que é caro ao povo para apresentar Nosso Senhor Jesus Cristo. As novenas em todas as paróquias nos mostram essa experiência, mas vejo que nas paróquias marianas se acentua mais ainda através da fé do povo que busca, que reza e que se faz presente.

Como o senhor avalia a participação dos leigos na Igreja? Graças a Deus, nossos leigos estão assumindo a sua vocação e o seu trabalho pastoral. Hoje a Igreja possui várias pastorais e movimentos, o que permite mais e mais leigos assumirem o seu papel como protagonistas no trabalho pastoral.

O Papa Francisco fala muito de uma “Igreja em saída”, destacando a vocação missionária do cristão. O que o papa está querendo dizer? Muitos leigos e leigas assumem o seu papel de missionários até mesmo fora do país. A Igreja é missionária por natureza ao cumprir o mandato de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho (Mc16, 15)”.  O Documento de Aparecida nos convoca para uma missão premente, assim como as Diretrizes da Ação Evangelizadora do País também nos convocam para a missão. Cabe, portanto, a cada paróquia descobrir com entusiasmo como percorrer o caminho da missão.

Enquanto Coordenador Diocesano de Pastoral, quais foram os maiores desafios que o senhor encontrou para estimular o desenvolvimento pastoral em nível diocesano? Um grande desafio no trabalho pastoral é a Pastoral de Conjunto. Não visando à uniformidade, mas a um trabalho com foco numa mesma direção, ou seja, em comum com as foranias, com as paróquias, enfim, com a Diocese toda.

Quais são as pastorais que mais se identificam com a Diocese de São João del-Rei? O que está dando certo e o que poderia ser melhorado, com o intuito de atender ao convite do Papa Francisco de estabelecer-se uma “Igreja em saída”? Creio que todas as pastorais estão trabalhando e se empenhando, mas as nossas prioridades são a Pastoral Familiar, a Pastoral da Juventude e a Formação dos Leigos. Essas têm se destacado nos últimos anos. A Pastoral Familiar, entre outras atividades, se destaca pela formação dos novos casais, por ministrar cursos de noivos e pelo acolhimento. A Pastoral da Juventude já há algum tempo vem trabalhando o Setor Juventude da Diocese e, com isso, congrega muitos jovens em suas diversas espiritualidades. Já a Formação dos Leigos se destaca pela Escola de Teologia para Leigos em São João del-Rei, além de oferecer atividades formativas em outras cidades da nossa diocese. Entendo que a nossa Igreja tem tentado atender ao apelo do Papa Francisco de ser uma “Igreja em saída”, sobretudo no que diz respeito ao cuidado com o povo, desenvolvendo um bom trabalho na Pastoral da Saúde, na Pastoral da Sobriedade, na Pastoral da Criança, que estão aí presentes na vida das pessoas, ajudando-as nos momentos mais difíceis. Ainda destaco o trabalho que vem sendo feito, em prol do cuidado com a vida das pessoas, na Fazenda Senhor Jesus (Fazenda do Padre Israel), em Lavras, e na Casa de Recuperação Padre Pedro Teixeira, em São João del-Rei. Esses trabalhos representam uma “Igreja em saída”.

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