Liberdade e responsabilidade em tempos de pandemia


Editorial

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Com o aumento no número de casos de Covid-19 devido à rápida disseminação da variante Ômicron, a amplitude da vacinação torna-se fundamental, principalmente para proteger as pessoas das formas graves da doença que já matou mais de 600 mil pessoas no Brasil. No entanto, mesmo estando diante de um vírus (e suas constantes e imprevisíveis mutações) que já se mostrou letal e altamente contagioso, ainda há um número significante de pessoas que simplesmente se recusam a tomar a vacina, a única arma cientificamente comprovada que nos livrará da pandemia.

Uma reportagem desta edição do Jornal das Lajes mostra que em Resende Costa, cidade de pouco mais de 11 mil habitantes, 1,3% da população alvo, isto é, pessoas acima de 12 anos, ainda não procurou o centro de saúde para receber as doses do imunizante. De acordo com o Serviço de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, ao todo, 127 cidadãos resende-costenses afirmaram que não vão se vacinar. Ignorando os riscos de contrair a forma grave da Covid ou de transmitir o vírus, caso o contraiam, a um parente ou amigo, esses indivíduos simplesmente não querem se vacinar. Recusam-se a se proteger e a proteger as pessoas com quem convivem. O motivo de tal escolha? Segundo o Serviço de Imunização, as principais justificativas apresentadas são: medo, insegurança, crença religiosa e política.

Outro argumento muito utilizado por quem não quer se vacinar é o direito de escolha. “Eu tenho a liberdade de escolher se quero ou não tomar vacina”, dizem. Sim, vivemos numa sociedade livre e democrática, onde todos têm o direito de opinar e de empreender suas próprias escolhas, tanto para o bem quanto para o mal. Mas será que os defensores da plena liberdade sabem que toda escolha traz consigo, inerentemente, o fardo pesado da responsabilidade? Somos responsáveis pelas escolhas que fazemos. Se optamos, em livre consciência, por cometer um crime, devemos saber que existe uma legislação que certamente nos questionará e nos penalizará pela “escolha” que fizemos.

A humanidade encontra-se em alerta de pandemia. Diante disso, não há escolha entre querer ou não querer estar. O coronavírus atingiu a todos, sem exceção, e a liberdade individual não nos isenta da responsabilidade de colocar em risco a vida das outras pessoas. “E quanto a quem não quer se vacinar? É simples: fique em casa e não use nenhum local público. Vão dizer: mas isso é cerceamento de direitos, cabe até habeas corpus, mandado de segurança… Por exemplo, se alguém tem uma doença contagiosa também está impedido de frequentar locais públicos, exatamente para proteção dos demais. E nem por isso caberia habeas corpus, mandado de segurança etc. Não querer se vacinar é ‘direito’ do cidadão, mas esse mesmo cidadão tem o ‘dever’ de não colocar o resto da população em risco”, argumenta o juiz de direito da Comarca de Resende Costa, Donizetti Nogueira Ramos.

Desde o início da pandemia, a notícia que todos esperavam era a do surgimento da vacina para, enfim, voltarmos a ter nossas vidas dentro da normalidade. Pois então, a vacina veio em tempo recorde e é oferecida gratuitamente. O mais importante: as vacinas são seguras e eficazes. Qualquer argumento contrário é fruto de imaginações mirabolantes de pessoas irresponsáveis, que desejam disseminar notícias falsas com o objetivo de negar a ciência.

Os atalhos para superar a pandemia já foram descobertos pela ciência e a estratégia é simples: vacinar, vacinar, vacinar. Os especialistas estão otimistas e preveem que, se houver distribuição equânime das vacinas, neste ano de 2022 a pandemia terminará e a Covid-19 tornar-se-á uma doença endêmica, podendo causar surtos sazonais, porém controláveis. Mas para cantarmos vitória, será necessário convencer muita gente a jogar junto esse jogo que ainda está longe de acabar.

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