Máscaras em tempo de pandemia: necessidade que pode virar moda


José Venâncio de Resende


Funcionárias de farmácia em Resende Costa utilizam máscaras durante todo o período de trabalho (Foto André Eustáquio)

A pandemia de Covid-19 introduziu, por força da necessidade, nos países do ocidente o hábito de usar máscaras, muito comum em países asiáticos, inclusive por conta do excesso de poluição atmosférica. Mas, afinal, qual é a maneira mais apropriada de utilizar máscaras?

Os cientistas começaram a estudar a eficiência das máscaras caseiras, depois de adotadas pela população, com base em dois fatores: o material e a vedação, escreveu o biólogo Fernando Reinach, em artigo recente (jornal o Estado de S. Paulo, 12/05/2020). “O tecido que melhor segura todos os tamanhos de gotas e gotículas é o algodão, mas ele precisa ter uma trama de 600 fios por polegada, ou seja, tem de ter uma trama bem fechada.” Recomendam-se duas camadas de tecido de algodão de 600 fios por polegada, que teriam a mesma eficácia do material usado nas máscaras N95.

“A conclusão desse trabalho é que as máscaras caseiras podem reter as gotículas presentes no ar de maneira semelhante às máscaras profissionais, contanto que sejam produzidas usando o tecido correto. Mas tanto as máscaras profissionais quanto as caseiras perdem grande parte de sua eficiência pelo mau contato entre a máscara e o rosto.” Reinach lembra que, nesses testes, não foi medida diretamente a capacidade das máscaras de diminuir a contaminação, mas somente a capacidade de reter as gotículas que devem levar o vírus de uma pessoa para outra.

Esse trabalho sugere que máscaras eficientes feitas em casa requerem dois cuidados, adverte Reinach. “Um é a escolha adequada do tecido ou combinação de tecido; a outra é melhorar o encaixe das máscaras na face de quem usa.” Assim, as costureiras habilidosas poderiam aperfeiçoar o desenho das máscaras. “Esse é um trabalho científico que tem o potencial de influenciar a moda feminina e masculina nos próximos meses, conclui.

A empresa fornece as máscaras, “mas a gente que é mulher compra umas mais bonitinhas, mais personalizadas”, diz Juliana Patrícia de Jesus e Sousa, funcionária do Supermercado Resende Costa. Depois de um início difícil, ela já está se adaptando. “Não é muito confortável porque são muitas horas que a gente usa.” Mas espera que “passe rápido tudo isso e, se Deus quiser, que tudo volte à normalidade.” 

Adriana Soares, funcionária da Gerência Regional de Saúde em São João del-Rei, usa as descartáveis no trabalho, mas faz o trajeto de casa com máscaras caseiras de tecidos. Ela já testou e aprovou alguns modelos que viu na internet. Por exemplo, modelos que vêm com botões fixos em tiaras de tecidos onde se coloca o elástico das máscaras (para mulheres), “mas se homens quiserem usar, nada contra”.

Também Alessandra Lommez, nutricionista da Secretaria de Educação de Lagoa Dourada, usa os dois tipos de máscara, a caseira e as fornecidas pela Prefeitura, “já que elas devem ser trocadas a cada duas horas”. Ela chama a atenção para as opções existentes na internet, como “modelos que possuem pregas nas laterais, que facilitam a adaptação ao nariz e à boca. É necessário medir o rosto para que o tecido seja cortado do tamanho certo e que com isso o elástico não aperte muito atrás das orelhas.”

Já Paula Daher, farmacêutica da Drogaria São Geraldo, em Resende Costa, diz que já lida bem melhor com as máscaras, não se incomodando mais. “Minha sugestão é que usemos máscaras de tamanho adequado a cada tipo de rosto, cobrindo nariz e boca de maneira justa e confortável. Precisamos de muito cuidado com nossas mãos: não podemos tocar as máscaras no tecido, somente pela lateral e elásticos, para que não haja contaminação.”

Charles De Arvelos Resende, encarregado no Supermercado Bom Preço, estranhou um pouco no início, quando foi exigido o uso da máscara. “Mas, com o passar dos dias, fui me acostumando, sendo que hoje já me encontro adaptado.” Ele sugere que as máscaras sejam sempre feitas de pano de boa qualidade e que o elástico para prender atrás das orelhas tenha um tamanho adequado.

“Acho um pouco chato porque uso óculos e às vezes embaça”, diz Nivânia Mendonça, enfermeira do Hospital Nossa Senhora do Rosário (Resende Costa) e da Santa Casa de Misericórdia (São João del-Rei). “Mas, sendo bem ajustada no rosto e no nariz, ameniza.” Ela recomenda que se procure sempre melhorar o material de fabricação das máscaras, tanto para o conforto quanto para a segurança.

Veja a íntegra dos depoimentos: 

Adriana Soares, ceramista, funcionária da Gerência Regional de Saúde, São João del-Rei

Durante o meu horário de trabalho, eu utilizo máscaras descartáveis - o material é TNT - fornecidas pela GRS, super-confortáveis e presas atrás das orelhas e sobre o nariz, mas a durabilidade delas é de poucas horas. No deslocamento entre a casa e o trabalho, eu uso máscara de tecido, o que dá o total de 10 horas diárias. Ela é presa atrás da orelha e me incomoda bastante porque machuca. Como não ajusta no nariz, acredito que a proteção é superficial, porém é melhor do que ficar sem usar! Eu vi alguns modelos na internet, que testei e aprovei. Por exemplo, pegar um elástico de silicone de prender cabelos, passar nos buracos de botões e prender nas hastes dos óculos (ótimo para quem usa óculos de grau); os elásticos das máscaras ficam nos botões fixos nas hastes dos óculos. Do mesmo modo, tem alguns modelos que vem com as tiaras de tecidos com botões fixos onde se coloca o elástico das máscaras (para mulheres), mas se homens quiserem usar, nada contra.

Alessandra Lommez, nutricionista da Secretaria de Educação, Lagoa Dourada

Uso os dois tipos de máscara, a caseira e a fornecida pela Prefeitura; já que elas devem ser trocadas a cada duas horas, utilizo várias ao dia. Ambas são de prender na orelha. Em minha máscara caseira, o material é o tecido de algodão com camada dupla e a máscara fornecida pela Prefeitura é de malha, também de camada dupla. É um pouco desconfortável. As máscaras que estou utilizando ficaram bem ajustadas conforme as recomendações. Existem milhares de modelos e moldes disponíveis na internet, há modelos que possuem pregas nas laterais, que facilitam a adaptação ao nariz e à boca. É necessário medir o rosto para que o tecido seja cortado do tamanho certo e que com isso o elástico não aperte mui-to atrás das orelhas. Recortar o tecido deixando uma leve curva na parte superior e inferior tam-bém garante uma maior comodidade e melhor eficácia.

Paula Daher, farmacêutica da Drogaria São Geraldo, Resende Costa

Diante da situação do mercado frente a demanda de máscaras, uso máscara caseira, fabricada com elástico para prender na orelha. Uso durante todo meu horário de serviço, em média 10 horas diárias, trocando a cada 2 horas, o que torna o uso bem desconfortável pela dificuldade de respiração, mesmo que bem ajustada. Atualmente, já lido bem melhor com o uso das máscaras e posso dizer que não me incomodo mais. Minha sugestão é que usemos máscaras de tamanho adequado a cada tipo de rosto, cobrindo nariz e boca de maneira justa e confortável. Precisamos de muito cuidado com nossas mãos: não podemos tocar as máscaras no tecido, somente pela lateral e elásticos, para que não haja contaminação. É fundamental a troca de máscaras a cada 2 horas e a lavagem das máscaras de tecido podem ser feitas com 10 mL de água sanitária para cada 500mL de água. Vamos nos lembrar sempre que, hoje, máscara é proteção e salva vidas.

Juliana Patrícia, funcionária do Supermercado Resende Costa

A empresa fornece as máscaras que a gente usa. Mas a gente que é mulher compra umas mais bonitinhas, mais personalizadas. O material usado é o algodão e a máscara é presa atrás da ore-lha. Não é muito confortável porque são muitas horas que a gente usa. A gente entra às 11 horas, fica até às 13h; volta às 15h e vai até às 8h da noite. Aí é um bom tempo que a gente usa no tra-balho. No início era mais desconfortável. Agora a gente está acostumando, até que está se adap-tando bem. Mas a gente espera que passe rápido tudo isso e, se Deus quiser, volte à normalidade.

Charles De Arvelos Resende, encarregado, Supermercado Bom Preço

Eu uso a máscara fornecida pela empresa, que desde o início da pandemia providenciou másca-ras para todos os funcionários. Usamos o modelo de prender atrás da orelha, o material das más-caras que usamos no dia a dia é de algodão e são todas bem ajustadas sobre o nariz para que as-sim possamos evitar contaminação. Meu uso da máscara tem sido de aproximadamente 8 horas por dia, sendo respeitado o horário de troca de 3 em 3 horas. No início, quando foi exigido o uso da máscara, estranhei um pouco. Mas, com o passar dos dias, fui me acostumado, sendo que hoje já me encontro adaptado. A sugestão que eu tenho para a melhoria das máscaras é que sejam feitas de um pano de boa qualidade e que o elástico para prender atrás das orelhas tenha um ta-manho adequado.

Nivânia Mendonça, enfermeira do Hospital Nossa Senhora do Rosário (Resende Costa) e da Santa Casa de Misericórdia (São João del-Rei)

Uso máscara cirúrgica o tempo todo no local de trabalho e máscara caseira quando estou na rua. Em casa não uso porque moro sozinha. Acabo usando 12 horas no Hospital e 12 horas na sala de parto, como enfermeira obstetra da Santa Casa. Já usei máscaras de elástico ou de amarrar, mas ultimamente estou usando de elástico. São feitas de TNT e de algodão. Com o tempo a gente se acostuma com o uso. Só acho um pouco chato devido ao fato de usar óculos porque às vezes embaça. Mas, sendo bem ajustada no rosto e no nariz, ameniza. Minha sugestão é sempre procu-rar melhorar o material de fabricação tanto para o conforto quanto para a segurança.

 

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