Não podemos mais errar!


Editorial

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O mês de julho começou com um alento em relação à pandemia no Brasil. As estatísticas mostram uma tendência consistente na queda no número de casos e de óbitos pela Covid-19. De acordo com especialistas, a melhora nos indicadores já pode ser reflexo da vacinação, que, apesar disso, se encontra em ritmo lento. Embora as notícias sejam boas, ainda não é hora de cantar vitória. O coronavírus e suas variantes contagiosas e letais, como a Delta, identificada inicialmente na Índia, ainda estão ativos e espalhando horrores.

Com a melhora nos indicadores, estados e munícipios começam a planejar a reabertura gradual das atividades. Escolas, comércio, clubes, bares e casas de eventos, que estão fechados há mais de um ano ou ainda sofrendo o efeito sanfona do abre e fecha, estão se estruturando para uma reabertura que, espera-se, seja consistente e definitiva. Porém, para isso de fato acontecer e a vida voltar ao seu cotidiano normal, é necessário diálogo, planejamento e seriedade nas ações. A precipitação e a ausência de diálogo só serviram, até agora, de munição para o agravamento da pandemia e da crise financeira que veio a reboque.

Em Minas Gerais, o governo do Estado autorizou o retorno da volta às aulas presenciais, o que é o tema de reportagem especial desta edição do Jornal das Lajes. O assunto gera polêmica e a aprovação do retorno dos alunos às salas de aula, neste momento, está longe de ser unanimidade na comunidade escolar. A reportagem do JL conversou com diretoras das escolas das redes estadual e municipal de Resende Costa e também com a secretária municipal de Educação, Silvanda Maria Resende, sobre o possível retorno das atividades escolares de forma presencial. O que se pode concluir das opiniões das profissionais da Educação em nosso município é que é necessário muita cautela antes de abrir novamente as portas das escolas aos alunos. A decisão exige diálogo, prudência, avaliação de cada cenário possível. Afinal, os protocolos de segurança sanitária, elaborados de forma extraclasse, são factíveis de serem aplicados na realidade das escolas?

A decisão sobre o retorno das aulas presenciais requer o que ainda não aconteceu de fato no Brasil desde o início da pandemia, em março de 2020: DIÁLOGO. Quando se propõe um diálogo verdadeiramente construtivo, é condição essencial a capacidade das pessoas de ouvir antes de opinar, de deixar o radicalismo e as paixões de lado a fim de chegarem a um consenso. O interesse coletivo deve prevalecer sobre questões individuais. O diálogo deve apontar caminhos, soluções e ações construtivas.

No entanto, infelizmente, o que estamos vendo no enfrentamento da pandemia é a total ausência de diálogo, o que contribui para o agravamento da crise e o consequente atraso na retomada das atividades econômicas, culturais, sociais e educacionais em todo o país.

O Brasil não pode mais errar. As chances nos foram dadas e erramos em quase todas elas. Miremos, pois, nos exemplos de países que fizeram corretamente as lições básicas e hoje comemoram a liberdade. Enquanto cidadãos de nações que levaram a sério as orientações da ciência investiram em vacinas e optaram pela vacinação rápida já se abraçam e sorriem, no Brasil ainda choramos nossos milhares de mortos. As autoridades trocam farpas, disputam com garras e dentes os nacos do poder e ainda aproveitam a crise para alimentaro apetite voraz e insaciável do gigante da corrupção.

Se o diálogo e o bom senso – bases para a construção de ações verdadeiramente planejadas – não vêm de onde esperamos, que essa atitude surja de nós. Sepultemos de vez o radicalismo que cega, as paixões desordenadas que matam e escolhamos o diálogo como ferramenta afiada para planejarmos o futuro do nosso país, das nossas cidades e dos nosso filhos.

A pandemia vai passar e, se não errarmos novamente, sobreviveremos ao obscurantismo que já matou mais de meio milhão de brasileiros.

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