O que vimos em 2017


Editorial

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Foi um ano difícil. 2017 se despede não deixando boas recordações a muitos brasileiros que viram a corrupção, a crise financeira e política e a violência serem protagonistas no cotidiano do país. Se fizermos a tradicional retrospectiva de fim de ano, infelizmente não teremos boas notícias para comemorar.

Vimos tanques de guerra circulando pelas ruas do Rio de Janeiro. Uma guerra sem trégua que intimida a população de bem, deixando-a refém da violência e da omissão do Estado que não cumpre o seu papel social de assegurar educação, saúde e segurança a todos. Vimos crianças indefesas serem impedidas de ir à escola com medo das balas de fuzis que traçam, à luz do dia, os céus da cidade maravilhosa. O Rio mostrou aos brasileiros as consequências de quando o Estado se sucumbe aos tentáculos da corrupção.

Vimos autoridades públicas (políticos, policiais) negociarem com bandidos (empresários corruptos, traficantes), aceitando vultosas quantias de dinheiro. O leitor se lembra dos 51 milhões de reais, em dinheiro vivo, encontrados no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) em Salvador? Dinheiro oriundo de propinas que financiaram interesses escusos de partidos, políticos e empresários afundados na corrupção.

Vimos a corrupção seduzir o esporte. Escândalos na FIFA, no COB (Comitê Olímpico Brasileiro), na CBF e nos clubes de futebol. Cartolas presos, clubes endividados, arenas esportivas milionárias construídas para a Copa do Mundo de 2014 serem transformadas em elefantes-brancos. Já sabíamos que isso iria acontecer? Sim, claro! Mas mesmo assim nos assustamos, afinal, o esporte sempre foi o orgulho de nós brasileiros. A “Pátria de Chuteiras” - célebre frase do escritor e jornalista Nelson Rodrigues traduzindo a paixão do brasileiro pelo Futebol -  transformou-se em “Pátria Corrupta”.

Vimos outros momentos repugnantes em 2017. Tristes espetáculos de intolerância e discriminação marcaram o ano. As redes sociais ao invés de promoverem um engrandecedor debate de propostas e ideias políticas visando às eleições do ano que vem, tornaram-se cenário para agressões verbais, disseminação do ódio e da intolerância. Opiniões contrárias não são toleradas e respeitadas, amizades são desfeitas pelo radicalismo da direita e da esquerda. Notícias falsas (fake news) contaminaram o bom e verdadeiro jornalismo, comprometendo a informação e o esclarecimento do cidadão.

Vimos ainda pessoas serem discriminadas nas ruas, nas redes sociais, em eventos e locais de trabalho pela cor da pele ou pela opção sexual. Atos repugnantes presenciados numa sociedade que se diz civilizada.

Vimos a violência ceifar vidas nas disputas entre facções do tráfico nas favelas das grandes cidades. Mas também nas estradas e avenidas onde as leis e a prudência são cotidianamente desrespeitadas, tirando vidas de centenas de pessoas. Quantos jovens perderam suas vidas no trânsito e nas drogas?

Vimos nações ameaçar outras, colocando em risco a humanidade; o terror vencer a razão; o homem agredir a natureza que grita por socorro; a guerra vencer a paz. Pobre 2017 que assistiu pessoas matarem pessoas – um eterno e assustador espetáculo de agressão à razão.

Deixemos, porém, os episódios tristes e acreditemos que 2018 será um ano melhor. A esperança vencerá a desilusão e a cordialidade superará a intolerância. Desejemos que o Brasil caminhe para se tornar um país melhor, com oportunidades para todos.

Enfim, que em 2018 sejamos pessoas melhores, com o coração aberto, em busca da paz, da harmonia, da simplicidade e da acolhida. Que a paz reine em nossas casas e no mundo.

O Jornal das Lajes deseja a todos um Feliz Natal e um Ano-Novo repleto de alegrias.

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