O voto: uma escolha certa, inteligente e ponderada


Editorial

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O cargo é cobiçado, apesar de o país viver uma grave crise sanitária, política e econômica com reflexo em grande parte dos municípios. O que leva alguém desejar ser prefeito ou vereador em tempos de pandemia e de crise política e econômica? É o que devemos refletir quando formos votar no próximo dia 15 de novembro. Em Resende Costa, três cidadãos se apresentaram ao eleitor a fim de concorrem ao posto mais alto do Executivo do município mineiro de 11.569 habitantes, na região do Campo das Vertentes. Os resende-costenses decidirão se querem Adilson Resende (PT), Zinho Gouvea (PSDB) ou Anderson Belo, o Alemão (PSL), como próximo prefeito para o mandato 2021 - 2024.

A campanha eleitoral iniciou no dia 27 de setembro já demonstrando uma enorme diferença em relação ao que o eleitor estava acostumado a ver em anos anteriores. Antes víamos os candidatos andando pelas ruas da cidade, abordando os eleitores e distribuindo os famosos “santinhos”. Neste ano, o “corpo a corpo” será virtual devido às normas sanitárias de prevenção ao novo coronavírus. Já no primeiro dia de propaganda eleitoral, as redes sociais, especialmente o Facebook, receberam uma avalanche de postagens de candidatos a prefeito e vereador, compartilhadas por seguidores, amigos, admiradores e correligionários dos postulantes aos cargos públicos do Executivo e do Legislativo municipais. Mas, afinal, uma campanha eleitoral atípica no Brasil, sem comícios e grandes encontros, culminará numa eleição (escolhas) também atípica? É o que veremos nas próximas semanas.

Nas eleições de 2018, a maioria dos eleitores brasileiros elegeu presidente da República um candidato, Jair Bolsonaro, que pediu votos cumprindo quarentena dentro do seu QG na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Não houve debate e o candidato dispensou até mesmo o tradicional corpo a corpo – com direito a cafezinho na padaria da esquina – com o eleitor. Para Bolsonaro, bastaram como material de campanha somente as redes sociais, os celulares, notebooks e toda parafernália tecnológica que hoje dita comportamentos e forma opinião (ou deturpa opiniões?).  

As eleições municipais seguirão essa mesma tendência, ou os problemas locais que afetam diretamente o dia a dia dos cidadãos em suas respectivas cidades exigirão contato maior e mais pessoal dos candidatos com o eleitor? O olho no olho, os apertos de mãos, a conversa franca e as promessas (ainda que algumas delas sejam vãs) serão dispensáveis?

Há analistas políticos que afirmam que as eleições municipais nada, ou quase nada, têm a ver com as chamadas eleições gerais, nas quais escolhemos presidente, governadores, deputados e senadores. Para eles, o debate nacional é muito diferente das demandas locais, sobretudo nos pequenos municípios do interior. Pesam mais as propostas que almejam resolver os problemas urgentes das nossas, às vezes caóticas, cidades e menos o debate ideológico sobre, por exemplo, investimentos no SUS (Sistema Único de Saúde), políticas de proteção ambiental, análises geopolíticas e teorias de desenvolvimento econômico – que geralmente balizam campanhas presidenciais. De acordo, portanto, com essa avaliação, a escolha do eleitor tende a ser mais paroquial, objetiva e pragmática.

O pragmatismo é, sem dúvida, importante na hora da escolha de quem irá governar o município nos próximos quatro anos e de quem ocupará uma vaga na Câmara Municipal. Porém, é temerário ignorar a biografia e o preparo político dos candidatos. No momento solitário diante da tela da urna eletrônica e prestes a apertar a tecla VERDE para confirmar o voto, é preciso avaliar com esmero quem de fato estamos escolhendo, quais são suas verdadeiras intenções e, sobretudo, se o candidato ora escolhido por nós é realmente capaz de assumir um cargo tão importante para o município. É importante, ainda, ponderar se suas propostas, apresentadas durante a campanha, são realmente factíveis, constitucionais, ou meramente eleitoreiras.

O voto exige de nós seriedade, reflexão, serenidade e inteligência. Por isso, ciente do compromisso de contribuir com o eleitor em sua reflexão, o JL promoveu, nesta edição, um jogo aberto com os três candidatos a prefeito de Resende Costa. O editor-chefe André Eustáquio e a jornalista Vanuza Resende conversaram com Adilson Resende, Zinho Gouvea e Anderson Belo, o Alemão, a fim de saber deles quais são seus projetos para o município.

O JL deseja que, no fim da leitura desta edição, o eleitor conheça melhor os candidatos e tenha maior clareza acerca do que cada um deles, se eleito, deseja implantar em Resende Costa nos próximos quatro anos. Mais ainda, desejamos contribuir para um debate eleitoral profícuo de ideias, reforçando sempre a democracia e valorizando a escolha certa e inteligente do eleitor.

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