Os bandidos estão vencendo


Editorial

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A sensação de medo e insegurança já não é algo típico somente das grandes cidades. Antes consideradas redutos de tranquilidade, as cidades pequenas estão começando a experimentar os efeitos da criminalidade, resultado, entre outros, da péssima educação e da pobreza do país. Uma reportagem desta edição do Jornal das Lajes destaca o assalto ocorrido na agência do Banco do Brasil de Resende Costa na madrugada do feriado de Corpus Christi, 26 de maio. A população da cidade ficou assustada com a ousadia dos bandidos e se sente insegura.

A ação rápida, que deixou a agência do BB parcialmente destruída, já era esperada, afinal na região só faltava Resende Costa para receber a indesejada visita noturna dos criminosos. Lagoa Dourada, Entre Rios de Minas, Prados, São Tiago e Passa Tempo já haviam sido alvo. Mesmo sabendo que uma quadrilha poderia atacar Resende Costa a qualquer momento, as autoridades policiais não tiveram como prevenir. Sem encontrar resistência policial, os quatro bandidos entraram na agência com tranquilidade, instalaram os explosivos, destruíram os caixas eletrônicos e levaram o dinheiro. Quando a Polícia Militar chegou, os criminosos já haviam fugido, deixando a destruição. Um vídeo gravado pelas câmeras de segurança do circuito interno da agência, divulgado pela imprensa e nas redes sociais, mostra parte da ação ousada dos criminosos.

O assalto à agência do BB de Resende Costa confirma a vulnerabilidade das cidades pequenas do interior em relação à segurança. Resende Costa, no ano passado e no início deste, já fora vítima da ação de ladrões de carro, que também encontraram muita facilidade para agir e fugir. A polícia, tanto a Civil quanto a Militar, contam com número reduzido de policiais para garantir a segurança na cidade. Os bandidos que explodiram a agência do Banco do Brasil estavam armados e em maior número em relação ao efetivo da PM que efetuava o patrulhamento da cidade naquela madrugada. Diante disso, como a polícia poderia agir? Uma provável retaliação poderia ser pior para a polícia e para os cidadãos indefesos.

Causa estranhamento e ao mesmo tempo revolta a facilidade com que os criminosos planejam e executam suas ações. Eles transitam livremente pelas rodovias fortemente armados, sem encontrar barreiras, pois simplesmente não existe fiscalização; vão às cidades onde planejam agir, a fim de conhecer as rotas de fuga, o dia a dia da população e o policiamento, e não são identificados. Se a polícia não consegue enfrentar os bandidos, imagine o cidadão que está em casa, indefeso, e é despertado pelo barulho de explosões de dinamite e tiros disparados de arma de fogo? Cenário de guerra numa cidade “pacata”, com pouco mais de 11 mil habitantes.

O prejuízo do roubo à agência do Banco do Brasil foi parar, como já se esperava, na conta do cidadão, que vai pagar do seu bolso e sofrer com os transtornos causados pelo fechamento da agência, por prazo indeterminado. Até que a situação se normalize, grande parte da movimentação bancária está sendo realizada na agência local dos Correios que, diga-se, não está preparada para receber tamanha demanda. A fila diariamente dobra quarteirões e muitas vezes o cliente não consegue ser atendido: falta dinheiro, o sistema sai do ar etc.

 

Em breve, a agência do BB estará recomposta e, juntamente com outros bancos na cidade, na região e em toda parte do país, ficará novamente na mira certeira dos bandidos. Enquanto o Estado não investe efetivamente em segurança, em especial no setor de inteligência das polícias, as quadrilhas continuarão se proliferando e a briga do gato e do rato continuará tendo um astuto vencedor: o rato.

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