Os três saudosos foliões

O Carnaval de Resende Costa sente saudade de Antônio Resende, Camilo Bananera e Lili Tatu


André Eustáquio


fotoAntônio Resende (esq.) ao lado do também saudoso Galdino no antigo Presépio (Bar do Geraldinho)

Quem ouve as históricas marchinhas de Carnaval sente na alma algo que vai muito além da alegria que inspira foliões, pierrôs e colombinas. O Carnavaltem também um quê de saudade, tristeza e nostalgia – aquela lágrima que se desprende dos olhos do pierrô.  

Como não se lembrar dos antigos carnavais de Resende Costa e de seus tradicionais personagens? Dá vontade de chorar. Chorar de saudade de tantos foliões que, movidos pelo divertimento, pela irreverência e pela boemia, marcaram a memória de diversas gerações de resende-costenses. Eles deixaram saudade, muita saudade.

Camilo Lelis da Silva e Elias... Opa, será que alguém identifica dessa maneira esses dois personagens do Carnaval de Resende Costa? Camilo Lelis é o inconfundível Bananera (sim, sem o i) e Elias, o popular Lili Tatu. A morte dos dois em 2018 deixou triste e órfão o Carnaval de 2019. Bananera e seu prato esmaltado, equilibrado na ponta de uma vara. Lili Tatu e suas irreverentes e criativas fantasias.

Está faltando o terceiro e saudoso personagem do Carnaval resende-costense. Talvez os foliões mais jovens não se lembrem dele e de suas participações no Carnaval. Antônio Resende nos deixou há mais tempo. No entanto, as lembranças do eterno palhacinho que saía na avenida com uma lâmpada piscando no nariz e batendo uma velha e amassada caixa ainda estão vivas na memória de quem teve a alegria de dançar ao seu redor e de jogar uma partida de futebol com ele na manhã de domingo de Carnaval. Ele era o goleiro do time do Pingaril.

O resende-costense Daniel de Sousa publicou em sua página no Facebook pequenos textos que recordam os três foliões que hoje, lá no Céu, se divertem com a saudade que deixaram em nós. O Carnaval de Resende Costa sente saudade dos eternos foliões Antônio Resende, Camilo Bananera e Lili Tatu.

 

O Carnaval da saudade

Por Daniel de Sousa

Antônio Resende era um senhor que morava na avenida (Gonçalves Pinto), onde os foliões pulam Carnaval (em Resende Costa). Ele era conhecido por todos na cidade pelo seu ofício de dentista. Quando o povo começava a curtir as lindas marchinhas, lá da sua casa ele saía vestido de palhaço. Na ponta do seu nariz havia uma lâmpada que piscava e, debaixo do braço, uma caixa que ele batia durante todo o tempo. O tempo vai passando e todos que fizeram parte de uma história ficam escritos no livro da vida, para que aqueles que virão possam um dia saber como era um Carnaval de alegria e de paz.”

“A sua simplicidade, o seu jeito brincalhão e respeitoso cativavam as pessoas. Ele adorava brincar com as crianças, pois se sentia como uma delas. Camilo Lelis era o seu nome, mas todos o conheciam como Camilo Bananera. Todos os anos, no Carnaval, ele chegava descalço na avenida e passava no meio dos foliões com um prato esmaltado girando na ponta de uma fina vara. A brincadeira alegrava seu coração, sobretudo quando ele ouvia as lindas marchinhas. Ele sambava e girava seu prato. Em 2019, o prato do Camilo Bananera não mais girou na avenida...” 

“De uma família humilde nasceu um simples rapaz. Elias era o seu nome, no entanto os seus amigos, muitos dos quais se divertiam com ele no Carnaval, o conheciam por Lili Tatu. Assim que o Carnaval começava, Lili se juntava aos seus amigos e, todos com uma cachacinha na cabeça, passando por lugares onde houvesse bananeiras, ramas de chuchu ou quaisquer outras coisas, faziam disso fantasias que alegravam os foliões na avenida e nos blocos.”

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